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Extermínio: os zumbis reinventados por Danny Boyle e Alex Garland
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Em uma cidade devastada, um grupo de sobreviventes tenta chegar a algum lugar seguro, antes que mortos-vivos os alcancem e os transformem em comedores de cérebros. Quantos filmes de terror você já não assistiu que se encaixariam na sinopse acima? Novos queridinhos da cultura pop, os zumbis invadiram o cinema, a televisão, os quadrinhos e os games com força nos últimos anos, em um fenômeno que não dá sinais de arrefecer. A série The Walking Dead segue batendo recordes de audiência e, volta e meia, um novo blockbuster tenta pegar carona na moda, a exemplo do recente Guerra Mundial Z (World War Z, 2013).

Falar em filmes de zumbi é lembrar de George Romero, responsável por obras clássicas como A Noite dos Mortos Vivos (Night of the Living Dead, 1968) e O Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead, 1978), mas é preciso também destacar outros cineastas que revisitaram o gênero com sucesso. É o caso de Danny Boyle e seu Extermínio (28 Days Later, 2002), primeiro filme roteirizado por Alex Garland, que que completa pouco mais de uma década ainda sendo cultuado por uma legião fiel de fãs.

Alex Garland é ninguém menos do que o escritor de A Praia, best-seller que virou filme na mão de Danny Boyle em 2000, protagonizado por Leonardo DiCaprio. O primeiro tratamento do texto foi escrito em apenas cinco dias, mas, depois, o roteiro passou por cerca de 50 revisões e adaptações a seis mãos, com a participação de Boyle e do produtor Andrew MacDonald.

Extermínio: filme de zumbis afugenta clichês do gênero sem se desvincular de suas raízes.

Extermínio: filme de zumbis afugenta clichês do gênero sem se desvincular de suas raízes. (Foto: Divulgação)

Em resumo, a trama mostra as consequências devastadoras da invasão a um laboratório por ativistas, que acabam libertando macacos que estavam infectados com o vírus da raiva. O jovem Jim, interpretado com louvor por Cilian Murphy, acorda de um coma no hospital sem saber o que aconteceu e, para sua surpresa, vê as ruas de Londres desertas, envoltas no caos (qualquer semelhança com The Walking Dead não deve ser mera coincidência). A partir daí, a história segue o fio condutor de outras produções do gênero: o rapaz encontra sobreviventes e busca um lugar seguro, depositando as esperanças em uma transmissão via rádio que teria sido enviada de uma base militar.

A diferença principal aqui é que os zumbis, infectados com o vírus da raiva, são rápidos e mortais, distantes da imagem que se consolidou no cinema, que os mostra como seres cambaleantes e capazes de serem parados com facilidade. Mesmo com seu jeitão de filme B, Extermínio também se destaca pela brutalidade que explode na tela, seja direcionada aos zumbis ou aos sobreviventes. Em uma cena tensa, a acompanhante de Jim, Selena (vivida por Naomie Harris), mata sem hesitar com golpes de facão outro sobrevivente que foi mordido por zumbis — na trama, a infecção toma conta da pessoa em apenas 20 segundos. Não há tempo para despedidas, choro ou discussões sobre o que fazer com o doente — outro clichê comum em filmes de mortos-vivos.

Segundo Garland, a intenção era mesmo fugir dos clichês do gênero e se distanciar ao máximo das obras clássicas de George Romero. “Jamais pensei em tentar atualizar um filme de Romero. Nunca pensei nesses termos. É mais assim: pensava sobre o que eu gosto e o que eu não gosto. Gosto do fato de que, em qualquer história de ficção científica ou fantasia, você tem um dado fácil do comentário social para o qual você pode escorregar, e esses filmes fornecem um modelo bom de como se pode fazer isso”, disse, em entrevista ao jornalista e também roteirista Kevin Conroy Scott.

Extermínio: filme com jeitão de terror B foi escrito por Alex Garland, escritor do best-seller A Praia.

Extermínio: filme com jeitão de terror B foi escrito por Alex Garland, escritor do best-seller A Praia. (Foto: Divulgação)

Extermínio foi rodado de forma cronológica, em vídeo digital – o que é visível logo nos primeiros minutos do filme e pode incomodar os espectadores acostumados com o formato tradicional. A opção, com várias câmeras e mais fáceis de serem manuseadas, ajudou e muito toda a equipe na hora de filmar nas ruas de Londres, que tiveram de ser desocupadas por alguns instantes para a gravação das cenas em que Jim vaga chocado pela cidade, em uma atmosfera de sonho. “Tentamos criar duas imagens no filme. A de um mundo plausível, como em um mundo pós-apocalíptico, e também um mundo que tem uma atmosfera estranha“, diz o diretor Danny Boyle no making-of do filme.

As velhas discussões sociais e morais quase sempre presentes no gênero estão lá, no ato final de Extermínio, em que Jim e suas duas amigas caem nas mãos de militares que, longe de serem seus salvadores, transformam-se em algozes. Ao fim, o espectador é brindado com um inusitado desfecho feliz, que, em tratando-se da tradição do gênero, parece deslocado. Mais uma prova de que aqui, a ideia é justamente reinventar — nem que seja preciso recorrer a um clichê para escapar de outro.

O que você achou do filme de Danny Boyle? Quais outras obras do “gênero zumbi” merecem ser lembradas? Comente aqui no blog! 

Gosta do diretor Danny Boyle? O blog já falou sobre outra obra do diretor, Sunshine – Alerta Solar.

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