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A INTELIGÊNCIA E A MORAL
A INTELIGÊNCIA E A MORAL| Foto:

 

 

 

De nada adianta termos inteligência, se somos pobres em moral.

A INTELIGÊNCIA E A MORAL

” Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência.” (Joanna de Ângelis)

 

Para pegarmos o fio da meada e não confundir meus leitores…

Este ano optamos por colocar o Antonio em outra escola.

De comum acordo, feito alguns dias de vivência, Antonio  experienciou e gostou do novo espaço.

A Escola do Bosque Mananciais,  apresentou um projeto educativo que me deixou segura e confiante para dar continuidade aos estudos do meu filho.( www.escoladobosque.org.br)

Alexandre e eu sabíamos que uma nova etapa na vida do Antonio estaria por começar e decidimos passar pela experiência junto com nosso filho.

Até que a adaptação neste novo ambiente fosse feita, o ritmo de período integral fosse internalizado e a quantidade de conteúdo pudesse ser apreendida, nós estávamos cientes e já esperávamos uma queda nos seus resultados, o que, naturalmente, exigiria tanto de nós quanto dele, maior esforço e empenho…

Na noite de sexta-feira, anterior ao meu relato, enquanto Alexandre e eu fomos ao mercado, Antonio combinou com alguns amigos da classe para fazerem uma vídeo conferência e estudarem a matéria da prova que teriam na segunda-feira. Eram mais de 30 páginas de conteúdo. Penso não termos demorado mais que uma hora fora de casa,  tempo que Antonio achou ser suficiente para ter passado todos os pontos e  dar-se por satisfeito com isto. Quando chegamos, ele estava distraído jogando vídeogame online com seus colegas…

E assim, vamos aos fatos…

Antonio, eu e nossas divergências…

Sábado de manhã acordei com o propósito de deixar em ordem a minha cozinha. Ela estava cheia de assadeiras de todos os tamanhos por conta dos muitos pães que eu havia feito.  Levantei cedo, deixei Alexandre dormir mais um pouquinho. A casa começava a acordar também. Antonio já estava desperto na sala de TV. Dei-lhe um beijinho de bom dia e segui caminho.

Ernesto, lá fora, arranhava a porta e num uivo manhoso pedia para entrar, no que eu concedi. Entrou de mansinho num gostoso espreguiçar e eu disse:

“- Bom dia, meu amigo, entra!”

E lá foi ele disparado casa adentro procurar o Antonio.

O dia parecia começar bem. Então, comecei a organizar a louça que me esperava para a “árdua” tarefa de lavá-la. Passados uns 20 minutos, Alexandre também levantou. Deu-me bom dia, voltou para a sala de TV, veio de volta e perguntou-me:

“- Você deixou o Antonio jogar play?”

Respondi que não, e que achava que ele estava assistindo alguma coisa na TV. Ele foi até o  quarto do Antonio e deu o recado para não brincar… Mais do que depressa, Antonio veio todo empertigado perguntando-me:

“- Mãe, você não falou que eu podia? Hoje é sábado! “

Respondi-lhe, em tom não muito amistoso, que precisava estudar. Que precisava melhorar suas notas e quando ele conseguisse melhorar seu score, ele poderia voltar a jogar playstation…

 Virou-se nos calcanhares, fechou a cara e foi pisando duro até o seu quarto.

Eu, lavava a louça e remoía meu descontrole… Deixei o que estava fazendo e fui atrás dele… Passei pela cozinha em direção ao quarto, olhei para o Alexandre que arrumava a mesa para o nosso café e me fazia sinais para ter calma, para não interferir e que o deixasse remoer sua atitude mal educada. Mas, meu filho não me obedeceu, observei-o de soslaio: estava nervoso, com raiva, continuava com o jogo na mão e fazia  cara de paisagem.

Pedi ao Alexandre que saísse com Antonio para cortar o cabelo, assim, pensei: ” os ânimos se acalmam…”

Trocaram-se, saíram e ainda quando voltaram eu continuava com minha tarefa.

Sim, havia muita louça para lavar, assadeiras em pilhas… Eu havia produzido 30 pães no dia anterior, usei tudo o que podia usar da minha pequena oficina e mais ainda o que se juntou da louça de casa…

Antonio entrou no seu quarto e, como se nada tivesse acontecido, voltou para o videogame.

A minha tensão continuou sem tréguas… Não me contive  e pedi, num tom ainda mais áspero, que parasse com aquilo naquele momento porque ele precisava estudar. Ele me olhava entre tons de desdém e arrogância e respondeu que já havia estudado. Ainda sob efeito da ira, puxei os fios do computador e desliguei qualquer coisa que ele pudesse retomar. Ouvi um grito:

“-Não, mãe, nãããoooo!”

Com o dedo em riste bem no seu nariz, pedi que se calasse e repeti mais uma vez, que ele precisava estudar e que aquela matéria era a sua prioridade! Por causa do grito, Alexandre apareceu no quarto e com ele também revidei dizendo para não se intrometer naquele assunto!

Foi a minha vez de rodopiar nos calcanhares e voltar para o que eu estava fazendo, deixando Antonio chorando, sentado na cama e com a apostila na mão.

Voltei para a louça e no meu maior desajuste, joguei, com força, três pratos no chão! Ali, fez-se o estardalhaço! Pisando nos cacos, fiz daquela louça o meu momento de olodum! Bati travessas, assadeiras e tudo o mais que eu pudesse fazer barulho e “extravasar” naquele instante eu fiz. Pobres vizinhos ouvindo o destempero da vizinha doida!

Enfim… para encurtar…

Senti-me a pior das mães na face da terra. Gritar e esbravejar somente me tirou a razão. Em meio ao meu tumulto emocional refleti que meu filho não conseguiria assimilar nada naquele estado. E pus-me a avaliar os prós e os contras de toda aquela situação. Terminei minha tarefa e de novo fui ao seu quarto. Ele, cabisbaixo, choramingando tentando estudar o “instudável”, e eu, do outro lado precisando ser firme…

Sentei-me ao seu lado, e agora muito mais calma lhe disse:

 “- Filho, acho que precisamos repensar nossas atitudes…”

Abracei-o e Antonio irrompeu em choro… Esperei alguns minutos, até que percebi que já respirava melhor… Perguntei se também estava mais calmo, respondeu-me um “sim” ainda em espaçados soluços… Consegui manter-me firme, sem o choro que muitas vezes me aplacaria em situações assim.

Para me certificar e não iniciar outra contenda, perguntei-lhe:

 ” – Filho, todo este choro foi porque a mãe arrancou os fios do computador?”

E, Antonio, balançando a cabeça e chorando baixinho me respondeu:

“- Não, mãe, eu não gosto de brigar com você.”

Respirei fundo, disse-lhe que também sentia-me muito mal por minha atitude, e que ele e eu deveríamos nos desculpar um com o outro pelos nossos destemperos. Disse-lhe que me preocupava com ele nesta sua nova empreitada escolar e gostaria muito que ele entendesse isto. Repeti mais uma vez que entendia que a escola era nova, os horários diferentes, o conteúdo de qualquer disciplina seria mais difícil e que ele teria sim, um período para se adaptar e que nós dois juntos poderíamos superar este momento.

Antonio encostou sua cabeça de novo no meu peito e disse:

“- Sinto muito pela minha atitude, mãe!”

Eu, por minha vez, abracei-o e repeti a mesma coisa:

” – Eu também sinto muito, meu filho.”

 Refeitos, e junto com ele, estudamos quase toda a matéria e no domingo, ele mesmo ao voltar do acampamento do escotismo, chamou-me para finalizar o conteúdo que faltava para estudar.

Lições que aprendi…

De nada adianta termos inteligência se somos pobres em moral. O ideal é que ambas caminhem juntas em mesmo nível. Quando uma é descompensada pela outra há excessos e prejuízos de toda ordem: psicológica, emocional, material…

Estudar, fazer cursos e obter diplomas nas melhores escolas, não justificará em nada se a educação moral estiver com baixas notas em atitudes e ações. Haja visto os desmandos pelo mundo, as guerras, as questões mais vis de desrespeito ao ser humano noticiadas e escancaradas pela mídia e redes sociais.

Se quero um filho melhor, preciso começar de mim mesma, estar atenta às minhas atitudes e corrigir em tempo os meus deslizes.

Do contrário, estarei contribuindo para torná-lo um adulto emocionalmente doente, onde mal resolvido e mal amado colocará a culpa na mãe, no pai e no mundo por sua incúria!

Quantos adultos, jovens ou não, já vemos assim, não é mesmo? Busque a causa e descobrirá que nas relações afetivas, iniciadas em tenra infância, residem as maiores e mais problemáticas questões que se arrastam pela vida sem nos darmos conta, muitas vezes, que poderiam ter sido resolvidas num único abraço.

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A proposta do DIÁRIO DE ANTONIO é a de um livro virtual.
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