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Filhos Especiais  (VI)
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“Naquele momento, Dr. Mansur me fez a seguinte pergunta:
“ – Se você souber que seu filho tem algum problema, o quê vai fazer?”

 

Conversando com meu filho…

Os primeiros ultrasons

“Filho,
seu pai e eu parecíamos dois bobos na sala do Dr. Mansur.

Enquanto o Dr. passeava com o aparelho de ultrason sobre minha barriga, ele aumentava o som para que pudéssemos ouvir o seu coração.

Nossa! Como batia rápido! Nesse estágio você não parava quieto, indo de um lado para outro, dando trabalho para o médico encontrar você.

A emoção foi enorme e nesse mesmo dia, o Dr. Mansur me perguntou se eu já havia começado o seu enxoval e arriscou um palpite: que você seria um menino!
“-Um menino?” perguntei meio desapontada, dizendo a ele que achava que seria uma menina.

E ele, com toda sua experiência, disse-me que as chances de ser menino pareciam ser maiores, e que deveríamos esperar o próximo ultrason…

(…) Mais uma visita à Dra Marina e marcamos outra ecografia.

A Dra. Marina é um amor e tenho certeza que gostará dela também. Mais tarde “ falarei” sobre ela com você.
Agora saberíamos se você seria o Antonio ou a Maria Antonia.

Devo confessar que passei a vida toda afirmando que o meu bebê seria uma menina… Mas como nossas verdades não são absolutas…

Fomos novamente para a clínica fazer o exame.
No caminho, por mais que eu pudesse pensar na possibilidade da Maria Antonia, vinha na minha cabeça que seria um menino.

Mais uma vez pensei em Deus dizendo-me que minha vida estava em Suas mãos. Embora eu tivesse um plano, Ele tinha outro para mim.”

Lições que aprendi…

Durante esse período, meu marido e eu fomos a um geneticista para conhecermos os riscos que esta gestação poderia apresentar.

Gostaria de contar a você que tive todos os cuidados possíveis para ter uma gravidez tranquila. Li bastante, informei-me a respeito de tudo e sempre busquei orientação médica para as minhas dúvidas, quaisquer que fossem. Na família do meu marido havia um caso de Síndrome de Down, e fomos buscar esclarecimentos com um geneticista sobre as possibilidades de nosso filho nascer com SD.

Segundo o geneticista, existia a possibilidade de realizar uma punção. Uma pequena perfuração para retirada e exame do líquido amniótico da placenta para nos certificar se haveria ou não problemas. Com 39 anos na época era natural a minha preocupação sobre quaisquer riscos que eu ou o bebê poderíamos passar.

Na clínica, quando fiz as ecografias, o Dr. Mansur me mostrava alguns números orientando-me sobre as chances do bebê estar com desenvolvimento normal de acordo com a minha idade e fez um comparativo com o desenvolvimento de bebês de gestantes mais jovens. Ele também me informou sobre o risco de perfurar esta placenta podendo gerar a morte prematura do meu bebê.

Naquele momento, Dr. Mansur me fez a seguinte pergunta:
“ – Se você souber que seu filho tem algum problema, o quê vai fazer?”

Aquela pergunta colocou por terra toda a minha presunção.
Nas entrelinhas entendi perfeitamente a questão. Percebi como a clareza do dia o quanto estava sendo egoísta. Não deixaria jamais de ter meu filho, nem deixaria de amá-lo, mas buscaria em Deus e nos recursos que estivessem disponíveis muita coragem e sabedoria para não falhar enquanto mãe de uma criança especial.

Sou eternamente grata ao Dr. Mansur pela sacudida que me deu. Nossa conversa foi esclarecedora e decisiva. Daquele dia em diante, resolvi não pensar mais no assunto. Agradeci as preciosas informações recebidas e entreguei minha vida e a de meu filho nas mãos de Deus.

(…) como já escrevi anteriormente… filhos especiais só nascem para mães e pais muito mais especiais.

Hoje, passados todos estes anos e, com a maturidade que eles nos trazem, entendo que eu precisaria de uma overdose de resignação e desprendimento se isto viesse a acontecer comigo porque tudo o que passei antes, durante e depois da gravidez seria mais intenso e profundo.

Mas a questão não é só esta…

E se fisicamente meu filho nascesse “perfeito”, que garantias eu teria para que ele não se perdesse nas drogas, ou em algum outro vício? Ou apresentar quaisquer doenças degenerativas durante o seu desenvolvimento? Quais garantias teria eu se fosse “mais fácil” educá-lo sendo “perfeito”?

Que perfeição é esta que nosso egoísmo nos cega esperando filhos que não nos darão trabalho ou não nos exigirão cuidados especiais? Todos os filhos, sem exceção, nos darão trabalho. Todos os filhos, especiais ou não, exigirão cuidados e atenção para o resto da vida. Quer você aceite isto ou não.

Quero escrever para todas as mães e todos os pais, que enfrentam esta ou outra condição de terem em seus lares filhos especiais, deixo aqui meu respeito e minha admiração, meu carinho, minhas orações, para que permaneçam firmes amando e amparando seus filhos tão especiais quanto vocês o são.

Enfim… Conjecturas minhas, suas, de todos nós. Façamos nossas reflexões pedindo a Deus que nos ilumine e nos ampare na construção amorosa de nossos lares.

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