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Onde está o seu tesouro?… (XLIV)
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Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.
Jesus (anunciado por Lucas cap 12 versículo 34)

Conversando com meu filho…

“14 de março de 2002
Bom dia, meu filho,
são 5 horas da manhã e acabei de te amamentar.
Ainda estamos na casa da sua avó, em Bela Vista do Paraíso.
Olho para você se mexendo em cima da cama e parece um pacotinho coberto por duas fraldas por causa do vento do ventilador.

Apesar de gostar de dias quentes, aqui faz um calor insuportável e não me animo a sair com você neste “solão”.
Ontem passeamos um pouco aproveitando o frescor da manhã.
Fomos visitar a D. Luzia Menon que nos recebe amorosamente todas as vezes que a encontramos. Ela e a filha Tereza nos acolheram em sua casa e fizeram orações para nós.

Ontem à tarde recebemos a visita da Tia Clara, que carinhosamente a chamo de Clarabel, depois veio a Taís, uma amiga de faculdade. Nós batiamos longos papos no caminho de volta das aulas.

Essas pessoas que nos visitam tem um carinho enorme por mim, por nós. Meu coração se enche de alegria, filho. Não existe dinheiro no mundo, nem cargo ou posição social que pague estes cuidados e atenção.

Também recebemos a visita da Leonora. Uma amiga da sua avó. Ela te trouxe de presente um prato e colher de inox com seu nome gravado. De profissão ela é costureira, das boas, e só não se dedica mais porque tem alguns problemas de saúde que a impedem de trabalhar melhor.

Gosto dela. Ela parece aquelas mulheres antigas de novelas de época da TV, sabe? Alta, bonita, cabelos castanhos anelados e compridos. É daquelas mulheres que nem o tempo ou a doença tiraram dela seus traços mais belos.

Às vezes a dor e o sofrimento agem em nós de forma positiva, não é mesmo?

Eu tenho uma amiga, mais que amiga, a Rita, que todas as vezes que eu passava por uma situação que emocionalmente me abalava dizia-me brincando:

“- Cê, o sofrimento te cai bem…”

Mudanças na alma mudam–nos fisicamente também.

Na minha linguagem “Pollyannesca” viro borboleta.
Meu período dentro de um casulo demora o suficiente para fortalecer a beleza de minhas asas e me dá coragem para alçar novos voos.

Sabe, filho, se não fizermos nossas reflexões capazes de provocar em nós mesmos algumas mudanças, os ventos da vida chegam e mudam a ordem das coisas.
Às vezes basta um sopro, em outras é preciso um
furacão para nos fazer sair do lugar, acordar, tomar uma atitude.

Às vezes nos concentramos demais nos espinhos e esquecemos de apreciar o perfume e a beleza das rosas.

A Márcia, minha manicure, também esteve conosco e te trouxe uma esponjinha para eu dar banho em você.

Filho, não tenho palavras para expressar o quanto sinto-me reconfortada com todas estas demonstrações de carinho e afeto.

Estes sentimentos alimentam minha alma de amor e me dá a certeza de que o bem existe no mundo nas atitudes mais simples que muitas destas pessoas tem comigo.
Talvez nem elas saibam o bem enorme que me fazem.

São pessoas assim que fazem voltar meu olhar para os tesouros que vou guardando na vida.

…E acho que dois deles acabaram de acordar…
São seus avós, que pelo horário começam a fazer barulho pela casa.
Ainda são 6 horas, você dorme quietinho…

Eu vou até a cozinha tomar café na companhia dos meus pais.
Um beijo, já volto.”

Lições que aprendi…

Os tesouros que busco na vida estão nestes pequenos encontros que me acontecem todos os dias.
Seja na casa dos meus pais, em família ou com meus queridos tios e primos que amo e que são muito especiais.

Seja na gentileza que recebo onde vou, na voz educada que ouço do outro lado do telefone, no sorriso em rostos anônimos nas ruas onde caminho.
Seja nas palavras, escritas ou ditas.

O olhar que me percebe é de reconhecimento, de respeito e muitas vezes de uma imensa alegria.

Claro, que nem tudo é um jasmim no meu jardim.

Tem de tudo no caminho.
Pedras de todos os tamanhos, lama e buracos.

Mas, nesta vida, quem tem ouvidos de ouvir, que ouça, quem tem olhos de ver, que veja. Está no livro sagrado.

E assim, em busca da margarida perfeita, corro para olhar o céu.

E não me importo se me perguntam em que mundo eu vivo, nem quando me dizem que eu acredito demais em tudo e na bondade das pessoas.

No fundo, eu sei que não é assim.
Tenho ouvidos de ouvir e olhos de ver e há quem não os tem.
Mas quem disse que encontrar tesouros seria fácil? Construí-los então?…

Hoje, meu tesouro maior está nas doces atitudes do Antonio que, em algumas vezes, ao perceber-me triste, vem ao meu encontro, abraça-me silencioso e me acalma…
E tudo o que penso e sinto neste momento do abraço é que onde estiver o meu tesouro, lá estará meu coração.

Deus te abençoe meu filho, obrigada.

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