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Orientar é preciso!
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Luís Celso Jr./ Gazeta do Povo

Cresce o número de crianças e adolescentes que acessam à internet. Seja para fins educacionais ou entretenimento, a nova geração nasceu conectada e marca presença nas redes sociais. Uma pesquisa, realizada pela empresa Minor Monitor, sugere que 38% das crianças que estão no Facebook têm idade abaixo do permitido pela rede social. O site só libera o cadastro de pessoas que informam ter mais de 13 anos.

Segundo o site Cnet, o estudo ainda aponta que 4% deste grupo têm seis anos ou menos. Além disso, 30% das crianças entrevistadas passam mais de duas horas por dia conectadas à rede e 3/4 dos pais se dizem preocupados com a segurança dos filhos que navegam no Facebook. Mas afinal, os pais devem se preocupar? Quais precauções eles devem ter? Que tipo de orientações devem repassar aos filhos?

Para responder essas questões, a equipe do Núcleo de Educação do Instituto GRPCOM entrevistou a advogada especialista em Direito Digital, Patricia Peck Pinheiro. Ela é sócia fundadora do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, autora do livro “Direito Digital” e co-autora do audiolivro e do pocket book “Direito Digital no Dia-a-Dia”, “Eleições Digitais – a nova lei eleitoral na Internet”, “Direito Digital Corporativo”, todos pela Editora Saraiva, além de participação nos livros “Direito e Internet II”, “e-Dicas” e “Internet Legal”.

Cada vez mais crianças e adolescentes usam a internet e as redes sociais. Quais cuidados eles devem ter e quais orientações os pais e educadores podem repassar?
Patrícia Peck – Um primeiro cuidado é que se deve orientar num uso mais seguro. Hoje as crianças precisam de um apoio para criar um perfil na rede social, proteger uma senha que é identidade. Ter cuidado com quem está do outro lado da tela, que pode não ser a pessoa que diz ser. Quando ela buscar um conteúdo, saber procurar em lugares que tenham um material legítimo, que não tem vírus. A internet é como a rua. Assim como você educa uma criança ou um jovem para poder andar sozinha na rua, você também precisa dar essa orientação para o mundo digital.

A maioria das redes sociais exige que o usuário tenha uma idade mínima para poder acessar o serviço. Qual a orientação para a criança ou adolescente tem menos que essa idade mínima e quer integrar uma rede social?
Patrícia Peck – As redes sociais orientam uma idade mínima por uma questão do tipo de conteúdo exposto ali e a capacidade de discernimento do usuário. Para quem tem menos que 13 anos, a orientação é que o perfil seja criado pelo pai, a mãe ou o responsável legal e que eles procurem acompanhar os acessos.

Deve ter uma orientação ou uma vigilância dos pais com relação a divulgação de informações ou dados sigilosos na internet?
Patrícia Peck – Deve-se sempre passar uma orientação até antes de qualquer vigilância. A gente aprendeu no telefone fixo que se alguém perguntar: “quem está falando?”, devemos responder: “quer falar com quem?” e não sair contando “tô sozinho em casa”. A mesma coisa se aplica num ambiente digital.
O jovem, muitas vezes, não imagina que determinada informação que comenta da rotina, dos trajetos, horários, remuneração dos pais e fotos de viagens podem atrair um seqüestrador ou alguém que queira assaltar sua casa.

Um assunto bem importante é a educação em relação a essas novas tecnologias. De que forma os jovens e até mesmo os pais podem associar a aprendizagem com as novas tecnologias?
Patrícia Peck – A gente vive num mundo em que as pessoas conseguem até aprender sozinhas devido à tecnologia. Mas o computador é muito literal, ele não traz o lado emotivo, não consegue enxergar se hoje você está feliz ou triste, se aquilo é difícil ou fácil. Algo que uma interação com o professor permite, ainda que essa interação não seja presencial. Podendo, inclusive ser à distância.

Para finalizar, você enxerga o mundo sem as novas tecnologias?
Patrícia Peck – Acredito que não. Mas a gente tem uma equação a resolver por que a vamos precisar de recursos energéticos. Querendo ou não, a tecnologia sem energia não consegue atingir seu máximo ideal. Devido a esse contexto, vivemos assombrados pelo medo do “apagão digital”. Muitas pessoas falam “vou jogar todos os meus arquivos na internet” e depois não conseguem se conectar. É por isso que há muitos investimentos a serem feitos, e eu acredito que até 2014 a tendência é nós usarmos ainda mais essas tecnologias que permitem não só o aprendizado, mas relacionamento. E é por isso que devemos ter mais cuidado, pois quanto mais usuários numa rede, mais chances dela cair, mais chances dela ter uma conduta indevida, mais de se falar uma bobagem e as pessoas acabarem se agredindo. Precisamos ensinar as pessoas a usar a tecnologia, mas para o bem e a não fazer justiça com o próprio mouse.


>> Esse artigo foi escrito pela equipe do Núcleo de Educação do Instituto GRPCOM.

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