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Visita dos alunos do Colégio Sesi CIC à Assembleia Legislativa do Paraná; Crédito: Noemi Froes/Alep
Visita dos alunos do Colégio Sesi CIC à Assembleia Legislativa do Paraná; Crédito: Noemi Froes/Alep| Foto:

Já faz parte do senso comum que a democracia brasileira precisa ser aperfeiçoada. Um sem-fim de escândalos de corrupção e o acúmulo de casos de mau uso do dinheiro público imprimiram uma imagem desfavorável, para não dizer catastrófica, da democracia nas mentes dos brasileiros.

Por isso, é natural que a opinião pública enfoque o problema, buscando soluções. Entretanto, ressalta-se fazer uma reforma política, melhorar os mecanismos legais para prevenir e punir a corrupção e o mau uso de recursos públicos – mas pouco se fala das causas mais profundas, as raízes culturais que fazem com que bens públicos sejam apropriados para fins egoístas. A democracia vai além de leis e dos políticos – é também uma cultura, um hábito. É preciso, portanto, olhar para ambas – instituições políticas e cultura política.

Mudar a cultura política e as instituições políticas de um país não é possível no curto prazo, de uma eleição para a outra. Por isso, é necessário um plano e projetos para a formação civil do jovem estudante. Ele precisa se envolver em atividades que estimulem valores e atitudes democráticas, bem como habilidades e capacidades que o permitam exercer com primor atividades de interesse público.

É aí que entra o Movimento Vote Bem. O Vote Bem é uma iniciativa apartidária que mobiliza uma série de instituições das esferas pública e privada, constituindo-se em uma solução de inovação civil. O Vote Bem atua em quatro eixos: voto e eleições, controle social e gestão pública, cultura democrática e novas lideranças.

O programa Jovem no Poder, por exemplo, é um excelente recurso para estimular os estudantes a pensarem sobre o voto e as eleições, para colocá-los nos espaços de poder e para desenvolver cultura democrática. Quando aplicado no Colégio Sesi, em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE), tornou-se um verdadeiro laboratório cívico. Na primeira fase, Parlamento Jovem, todo o processo eleitoral é simulado nos mínimos detalhes. Envolvendo mais de 2100 estudantes, cada etapa de uma eleição foi reproduzida: emissão de títulos de eleitor (aos menores de 16 anos, documentos honorários), formação de partidos, convenções para escolha dos candidatos, campanha eleitoral, votação com direito a urna eletrônica e mesários, diplomação dos eleitos e tomada de posse em Câmaras Municipais. Na segunda fase, Jovem no Controle, vídeos, jogos digitais e oficinas foram empregados. Por meio de ferramentas lúdicas, os jovens eleitos receberam capacitação sobre gestão pública, envolvendo Lei orçamentária, fiscalização e a função dos três poderes.

O Vote Bem também inova nos cursos técnicos. Os alunos dos cursos de Administração e de Sistemas de Informação do Senai foram desafiados a propor soluções a problemas políticos e civis. Como resultado tivemos elaboração de Projetos de Lei, bem como proposições de aplicativos com a finalidade de fiscalizar o trabalho dos políticos eleitos e aproximá-los das demandas dos cidadãos.

As ações não param por aí. O movimento Vote Bem publicou um HQ com a colaboração de Ibraim Roberson, desenhista da Marvel Comics. Essa história em quadrinhos, intitulada “3 Poderes: Líderes do Amanhã”, serviu de base para um concurso cultural em que os estudantes foram desafiados a criar uma continuação para esse enredo: três heróis fictícios, cada um com um talento sobrenatural inspirado em um dos três poderes. Uma estratégia lúdica para desencadear reflexões sobre o impacto da política na vida em sociedade e despertar o interesse dos jovens para fazer parte dela.

As ações buscam desenvolver, sobretudo, uma nova consciência civil. Eles são estimulados a ser mais tolerantes, participativos e reflexivos. Ao serem colocados na pele dos “tomadores de decisão”, ao estarem fisicamente presentes nos espaços de poder, ao tomarem conhecimento de como gerir a coisa pública, quebramos o ciclo vicioso que mantém as mesmas elites na direção do nosso país.

 

*Artigo escrito por Fernando Gutz Leite Ye, Doutor em Sociologia Política pela Universidade de Oxford, integrante da coordenação do Movimento Vote Bem, e Ederson Halair Hammes, licenciado em Filosofia com Especialização em Ética (PUC-PR) e analista da Gerência Executiva de Educação do Sistema FIEP. O SESI/FIEP colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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