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Mangue Negro retrata horror com zumbis e pobreza
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Divulgação
Cartaz publicitário de Mangue Negro.

Estou nos preparativos para participar do Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre (Fantaspoa), que começa na próxima sexta-feira (3/05). Como a edição deste ano abre com a estreia mundial de Mar Negro, de Rodrigo Aragão, resolvi criar vergonha na cara e assistir aos dois filmes do diretor capixaba, responsável por colocar o Espírito Santo no radar do cinema independente de horror.

Comecei por Mangue Negro (2008), A Noite dos Chupacabras fica para o próximo post. A trama é ambientada nos manguezais de Guarapari (ES). Os personagens vivem em uma comunidade pobre e isolada, que sobrevive da coleta dos poucos caranguejos que habitavam a região. Conforme os animais vão desaparecendo, corpos são encontrados por pescadores. Não demora até que eles criem vida e partam esfomeados de carne dos humanos.

Com uma fotografia digital eficiente, Aragão ignora as necessidades explicativas para o público e cria uma obra com ritmo acelerado. Boa parte da trama se sustenta na correria do casal protagonista, que encontra pelo caminho diversos tipos do interior brasileiro: a preta velha, o dono do bar e o pescador contador de histórias, entre outros.

Embora as cenas mais paradas de Mangue Negro evidenciem a falta de recursos, os efeitos visuais assinados pelo próprio diretor compensam qualquer falha técnica do filme. Aragão usa animatrônicos e doses fortíssimas de maquiagem para criar zumbis exagerados. Algumas das criaturas parecem ter saído direto do latão de resíduos tóxicos de A Volta dos Mortos Vivos (1985).

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Cena do filme “Mangue Negro”.

Para os fãs do horror, a composição dos monstros é um alívio. Em tempos de computação gráfica, efeitos visuais artesanais são muito bem vindos. Em Hollywood isso é praticamente inexistente.

O humor também é forte no primeiro longa-metragem de Aragão. Especialmente porque a narrativa equilibra a tensão com as gags envolvendo litros de sangue e pequenas piadas. O desfecho da mensagem que o protagonista precisa passar para sua amada, por exemplo, é genial.

Cabe a Mangue Negro um breve debate social. A brasilidade adaptada das criaturas de George Romero, aqui, ganha conotação de pobreza, abandono e brutalidade. Nada mais natural que o horror brasileiro expor elementos assustadores da nossa sociedade, como a violência desmedida e a fome. E ainda tem gente que diz que o horror nacional se resume ao Zé do Caixão

Veja o trailer:

Quer ver? Então encomende o filme pelo site oficial da produtora Fábulas Negras. O DVD duplo custa R$ 28,90.

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