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Olga Kiun e seu discípulo Estefan Iatcekiw. Diversas gerações a serviço da grande arte
Olga Kiun e seu discípulo Estefan Iatcekiw. Diversas gerações a serviço da grande arte | Foto:

A vinda a Curitiba da pianista e professora Olga Kiun, há quase 25 anos, tem deixado marcas indeléveis na música clássica não só no Paraná, mas em todo o país. Aluna do grande mestre russo Lev Oborin, a solidez da formação que ela recebeu na então União Soviética tem sido passada a diversos discípulos brasileiros, muitos deles já com sólida carreira como recitalista e como professor. Há alguns anos Olga Kiun organizou um Festival em que, junto a outros quatro destacados discípulos apresentou o ciclo dos 5 concertos para piano de Beethoven. Desta vez organiza um festival de música de câmera onde o Quarteto de cordas da OSESP, formado pelos chefes de naipe da melhor orquestra do continente, a cantora Denise de Freitas, o clarinetista Jairo Wilkens e pelos pianistas Pablo Rossi, Estefan Iatcekiw, Luiz Guilherme Pozzi, Ana Iarovaia, Paulo Emiliano, Clenice Ortigara juntos à própria Olga Kiun, apresentam, em quatro noites, um repertório variado e de altíssimo nível. Serão quatro concertos, que acontecerão na Capela Santa Maria, aqui em Curitiba, nas quatro primeiras noites do mês de novembro.

Encontro de gerações

A maturidade de Olga Kiun, com uma carreira musical de mais de 50 anos, parece mesmo irradiar sabedoria artística às mais diversas gerações. Tomando apenas um exemplo vemos que neste festival participa um pianista de apenas 13 anos de idade, Estefan Iatcekiw, que junto a discípulos mais maduros como Luiz Guilherme Pozzi, hoje com 38 anos, destacado professor na EMESP, e que foi um dos primeiros alunos de Olga Kiun no Brasil, provam que nos 25 anos de atividade da mestra entre nós o legado parece não ter se esgotado.

Repertório rico e variado

Nas quatro noites do Festival fica difícil destacar algo, pois tudo o que será tocado possui uma importância enorme. Vale a pena lembrar que muitas obras serão executadas pela primeira vez no Paraná, e a maior parte delas é raramente executada no país. Na primeira noite o Trio Elegíaco Nº 2 de Rachmaninoff faz reverência à pátria de Olga Kiun. Ela atuará junto a Emmanuele Baldini (violino) e Rodrigo Andrade Silveira (violoncelo). Curitiba terá o prazer então de ouvir uma das mais belas vozes líricas do Brasil: a da Mezzo Denise de Feitas que junto a Pablo Rossi mostra a arte maior de Weill e Britten. Anna Iarovaia junto a Olga fecham a noite com La Valse de Ravel. Na segunda noite Estefan Iatcekiw e Olga executam uma Sonata de Mozart para piano a 4 mãos. Chega então o momento da música brasileira marcar presença no festival. Com o duo Palheta, formado pelo clarinetista Jairo Wilkens e pela pianista Clenice Ortigara será apresentada uma belíssima obra de Harry Crow, compositor que mora atualmente em Curitiba, “25 esboços para clarineta e piano”, que não só traz o Festival de encontro à música brasileira, mas ao encontro da música contemporânea. Depois de mais duas obras brasileiras teremos dois monumentos da música francesa: “Chanson Perpetuelle” de Chausson (com Denise de Feitas) e o quarteto de Debussy. A terceira noite mostra quatro compositores que tiveram preocupação com as raízes culturais de seus países. Do inglês Benjamin Britten uma homenagem que ele fez ao compositor renascentista de seu país, John Dowland: “Lachrimae”, para viola e piano. Esta obra que Britten escreveu em 1950 para o violista Willian Primrose, será executada nesta noite na Viola que Primrose utilizou na estréia da obra. Peter Pas, o violista, utiliza o instrumento que foi de Primrose. Quem executará a complicada parte do piano será Paulo Emiliano. No resto do programa a arte nacionalista de Grieg (Noruega), Dvořák (República tcheca) e Granados (Espanha). Na última noite o coroamento será o bom humor de “O carnaval dos animais” de Saint-Saëns na versão original camerística. Todos os pianistas atuantes no festival se revezarão junto ao Quarteto da Osesp, ao flautista Fabrício Ribeiro, ao percussionista Leonardo Gorosito e à contrabaixista Maria Helena Salomão. Não há dúvida: um evento de um nível inquestionável.

 

Serviço: Segundo Festival Olga Kiun – Música de câmera. Dias 1,2,3 e 4 de novembro às 20 horas na Capela Santa Maria (Rua Conselheiro Laurindo 273). Ingressos a R$20 e R$ 10 (meia entrada)

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