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EDUCAÇÃO E ESCOLA: DUAS FORÇAS NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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Você já pensou que uma escola poderia ser a mola propulsora do desenvolvimento de uma comunidade? Em um mundo interdependente, com múltiplos atores e expectativas e problemas complexos compartilhados é latente a necessidade por mudanças de comportamento e por investimentos no setor educacional. Mas se a educação é considerada a catalisadora do desenvolvimento sustentável, por que não pensar na escola em si como um dos grandes protagonistas deste processo também?

Para promover mudanças para o desenvolvimento são necessários esforços conjuntos de diversos setores que promovam a sustentabilidade em todas as suas dimensões – social, econômica e ambiental – e que comecem pela educação. É por isso que na agenda 2030 da ONU, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a educação não é somente um objetivo por si só, mas também parte da estratégia para alcançar todos os demais objetivos.

Além de ser um direito humano fundamental que está na base da efetivação de diversos outros direitos, a educação promove o potencial humano e a transformação social. Ela é essencial para aumentar as oportunidades de erradicar a extrema pobreza e fome (ODS 1 e ODS 2), impacta nas condições de saúde de uma comunidade (ODS 3), reduz as desigualdades (ODS 5 e 10), educação também promove o consumo consciente dos recursos hídricos, energia e recursos naturais  (ODS 6, ODS 7 e ODS 12), desenvolve empregos dignos (ODS 8), entre outros para a promoção da inclusão e aumentar a qualidade de vida, assim como promove a inovação(ODS 9), ajuda no combate aos problemas climáticos (ODS 13), protege a diversidade marinha e terrestre e incentiva a democracia, paz e tolerância (ODS 16) e torna todos os cidadãos parceiros nesta jornada para a construção de lugares seguros para se viver ( ODS 11 e ODS17).

A relação de impactos é direta: reduz a taxa de mortalidade materna e infantil e de fertilidade nos países mais pobres e diminui o casamento na adolescência, o casamento forçado e a exploração infantil, A educação também empodera as mulheres: é o passaporte para a entrada no mercado de trabalho e pavimenta o caminho para o pagamento de salário de forma igualitária, quanto maior o grau de escolaridade de um indivíduo, melhores os salários e as perspectivas de inserção no mercado de trabalho. Seus impactos afetam diretamente no desenvolvimento dos países, assim como o Brasil a África tem muitos desafios a enfrentar com esta agenda global, o que possibilita a aproximação das organizações da sociedade civil as causas sociais nos mais longínquos territórios.

 

AGENDA GLOBAL E AÇÃO LOCAL –  PARA ALÉM DA EDUCAÇÃO: A ESCOLA COMO CATALISADORA DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO – PARCERIA SUL/ SUL (ODS17)

 

O vilarejo de Mugae, no interior do Quênia, está inserido em um contexto de pobreza multidimensional: seus 1200 habitantes são, majoritariamente, agricultores de subsistência e enfrentam problemas como escassez de alimentos, falta de acesso a água potável, ausência de tratamento médico. Além de tudo, no país não existe ensino gratuito, ao menos não na prática.

Desde 2003 o governo queniano decretou o ensino primário como gratuito, seguindo as diretrizes da antiga agenda 2015 da ONU de educação para todos. O problema é que na prática os recursos não chegavam em todas as escolas e os alunos continuavam tendo que pagar para frequentar as aulas. Além de excluir boa parte das crianças da região do sistema educacional (que continua sendo pago no ensino secundário) as comunidades mais vulneráveis continuavam marginalizadas e alheias ao desenvolvimento das cidades maiores e mais atendidas.

Observando a conjuntura da região, na Escola Primária de Mugae, foi possível identificar um grande potencial para o desenvolvimento local que não via a escola somente como receptora de benefícios assistencialistas: a escola tinha um grande terreno ocioso com acesso a água, em uma região de mão-de-obra predominantemente agricultora e com poucas oportunidades de emprego, permeada pela escassez alimentar e com grande demanda interna por alimentos. Também foram identificadas grandes oportunidades de melhoria: faltavam portas e janelas, não existia cozinha ou refeitório, faltavam professores suficientes para todas as turmas, material escolar e alimentação nutritiva para os 250 alunos.

 

Neste contexto, observou-se a chance de investir não somente na educação como propulsora do desenvolvimento comunitário, mas também na escola em si como ponto focal do processo. Na escola de Mugae haviam três grandes pilares que se tocavam para promover o desenvolvimento: a educação, a sustentabilidade e a comunidade. Ao identificar uma oportunidade de investimento em uma fonte produtiva, utilizando a terra disponível e a mão-de-obra local, tornou-se possível gerar renda para investir em melhorias para a própria população local. Dentro do espaço escolar, nesta lógica, acontecem atividades que movimentam a economia local levando em consideração os potenciais locais, como a agricultura no caso de Mugae.

Por que não enxergar o desenvolvimento e educação como oportunidades de colocar os próprios indivíduos, e também as escolas, na posição de protagonistas dentro das comunidades?

 

 

*Artigo escrito por Zé Seleme, representante da Endeleza  no Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.

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