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Compramos coisas de que não precisamos o tempo inteiro (FOTO: Consumismo via photopin (license))

Compramos coisas de que não precisamos o tempo inteiro (FOTO: Consumismo via photopin (license))

Quando me separei decidi deixar o apartamento em que vivia.

Na mudança, os móveis ficaram por lá para facilitar o aluguel do imóvel e a vida de meu inquilino.

No fim, constatei que, com exceção das roupas, todos os meus pertences cabiam em apenas duas caixas.

Nunca fui o tipo que acumula coisas.

Tão logo percebo que não uso algo, passo adiante ou jogo fora.

Só compro coisas de que realmente precisarei.

Acho um desperdício comprar uma furadeira quando tudo de que necessito é um furo na parede.

Não seria legal se cada vizinhança tivesse uma furadeira comunitária, por exemplo?

Ou se existisse um lugar que alugasse esse tipo de aparelho?

Fico horrorizado com aqueles reality shows que mostram as casas abarrotadas dos acumuladores.

E quem não fica?

São pessoas doentes.

Mas também tenho um pouco de dificuldade de entender armários e garagens de gente aparentemente saudável abarrotados de coisas que foram usadas apenas uma vez ou nem isso.

Somos guiados pelo consumo.

Necessidades irreais são criadas a todo instante, impulsionadas pela publicidade.

Vivemos naquele raciocínio do Clube da Luta, livro de Chuck Palahniuk: trabalhamos em empregos idiotas para pagar as contas das coisas de que precisamos apenas para impressionar as pessoas com quem convivemos nos empregos idiotas.

Na verdade, há muitas vantagens em se decidir por uma vida com menos coisas e, portanto, com menos consumo.

Algumas que me ocorrem neste instante:

1. organização: menos coisas são mais fáceis de serem organizadas.

2. limpeza: mais fácil limpar um ambiente com menos coisas. Coisas juntam pó. Simples assim.

3. espaço: você precisa de menos espaço para guardar coisas; com menos espaço você aprende a escolher o que entra e o que sai de sua vida.

4. agilidade: maior facilidade de deslocamento. Numa mudança ou numa viagem tudo fica mais fácil.

5. prioridade: você aprende a escolher aquelas coisas que são realmente importantes; isso é físico, mas acaba se transferindo para áreas emocionais e mentais da sua vida.

6. economia: você precisa de menos dinheiro para manter e comprar coisas novas e, portanto, precisa vender menos de seu tempo (em troca de dinheiro) para adquiri-las; talvez você precise trabalhar apenas duas horas por dia em vez de oito; talvez você possa trabalhar 15 horas por dia em algo que não pague tão bem (em dinheiro), mas que seja mais significativo para você.

7. qualidade: em vez de ter 10 camisas, você pode ter duas de excelente qualidade, de uma marca realmente boa; economizando em móveis, talvez você possa adquirir um computador cuja configuração dure mais que apenas dois anos ou um celular que possa servi-lo por mais tempo

8. tempo: gastando menos tempo em organização, limpeza, manutenção e gerenciamento de coisas e na aquisição de coisas, sobra mais tempo para aquilo que você considera realmente importante, seja lá o que for, inclusive dormir.

Porém – numa sociedade meritocrática em que nosso valor é medido pelo lucro que somos capazes de gerar a uma instituição ou empresa -, aquilo que supostamente valemos será avaliado pelo quanto somos capazes de gastar e pelo quanto somos capazes de demonstrar essa capacidade.

Ao optar por uma vida menos consumista, se prepare para, possivelmente, ser subestimado ou até ser chamado de vagabundo por quem acredita nessas formas de vida.

Se conseguir lidar com isso, estará em larga vantagem no que diz respeito às possibilidades de ser realmente feliz.

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