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Fonte: Visual Hunt
Fonte: Visual Hunt| Foto:

Queria começar o texto de hoje contando a história de Ana:

Era uma vez uma menina chamada Ana. Ela tinha doze anos de idade e morava com os pais em uma pacata cidade do interior. Ela era meio indócil e seus pais frequentemente a orientavam. Chamavam sua atenção quando ela ficava birrenta e mal educada e achavam que ela tinha um temperamento forte.

Naquele sábado ela acordou animada, afinal tinha uma festa de aniversário logo mais.

Levantou-se e já colocou a roupa da festa, um vestido lindo que a mãe comprara na véspera. Quando desceu para tomar café, a mãe já se pronunciou: “-Dona Ana! Pode tirar esse vestido novo, senão até a hora da festa ele ficará todo sujo e amassado!”

Ana respirou fundo, pronta a vociferar que nada a faria tirar a roupa nova. Porém, sua mãe foi mais rápida: “- Nem ouse reclamar! Me obedeça, senão não irá à festa!”

Voltou para o seu quarto pisando duro e ruminando toda sua raiva: “Quem ela pensa que é para mandar em mim? Chata! Mandona!”

E ela “azedou”. Não quis brincar, não quis assistir televisão e só almoçou porque houve nova ameaça da mãe.

Na hora marcada para a festa, Ana estava toda linda e arrumada. Mas não sorria. Aquela raiva que borbulhava em seu peito, impedia que ela se sentisse feliz. Ela estava meio estranha e não entendia bem o que sentia e o que estava acontecendo no seu interior.

Tentou brincar um pouco com as colegas e aos poucos começou a se distrair. E quem olhava para aquela garota linda, não imaginava que presenciaria as cenas que viriam a seguir.

Chegou a hora de estourar a pinhata. Todas as garotas em fila, sendo vendadas para a atividade mais esperada da tarde.

Fonte: Visual Hunt

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Ana era terceira da fila. As duas primeiras meninas passaram longe de acertarem e saíram dando gostosas gargalhadas.

Fonte: Visual Hunt

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Quando Ana recebeu o bastão e deu a primeira arremetida contra o ar, a raiva borbulhante, tal qual um vulcão em erupção, extravasou do seu coraçãozinho e ela foi batendo em tudo que não via… Acertou as outras amigas da fila, os adultos que tentavam contê-la e ficou a um triz da mesa do bolo.
Quando finalmente acertou a pinhata e tirou a venda, se deu conta do que havia feito. Pediu desculpas e começou a chorar, de cansaço, nervoso e medo.
As amigas e sua mãe vieram abraçá-la e ela se sentiu acolhida e, finalmente, serenou.
Em casa, depois da festa, a mãe conversou muito com Ana e, juntas, começaram a entender e tratar do que se passava naquele coração.

É um conto, uma “historinha”, certo?
Certo, mas o que mais tenho visto por ai são Anas, que pegam seus bastões e saem batendo em todo mundo que veem pela frente.

Anas, que magoam os filhos por conta de problemas no trabalho ou os colegas de trabalho por problemas pessoais.

Anas que são grossas com as amigas pelos desatinos dos companheiros ou que descontam nos maridos a dor da traição e da fofoca feita por aquela pessoa que, um dia, você confiou muito!
Existem Anas vendadas nas redes sociais que gostam de humilhações e grosserias sem qualquer motivação aparente. Crueldade pura, manifesta em cada post publicado. Que expõem pessoas e estabelecimentos comerciais, reclamando do jeito errado e no lugar errado.
Existem Anas com bastões que fecham as pessoas no trânsito e ainda xingam até a quinta geração de quem “ousa” cruzar os seus caminhos.
Existem Anas “em erupção” que julgam e condenam todas as pessoas que vivem e pensam de modo diferente dos seus próprios.
Anas que fofocam, que mentem, que discordam pelo simples prazer de contrariar.
Que gritam e explodem ao menor sinal de contrariedade.
Enfim, exemplos não faltam… E infelizmente, todo mundo conhece uma Ana… (E todos somos Ana, ao menos uma vez na vida!)
Assim, fica o  pedido: Ana! Tire a venda, identifique onde dói e mire certo! Acerte a pinhata!

Beijo,

Dani

* Uma brincadeira que consiste em acertar, um recipiente suspenso no ar, recheado de doces. O participante, vendado, tenta quebrá-lo com um bastão liberar os doces.

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