Tomara Que Caia, aposta da Globo, foi tudo, menos engraçado

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A Globo estreou ontem à noite (19) uma nova aposta para os domingos depois do “Fantástico”. Com o título de “Tomara Que Caia”, o programa, vendido como ideia original de um fórum da criação da emissora, tem por objetivo priorizar as atuações na base do improviso. Para isso, um cenário lembrando um teatro foi montado, e um time de atores e humoristas foi chamado para dar forma à ideia.

Divido em dois grupos, humoristas e atores falharam na missão de fazer rir. (Foto: Globo/Caiuá Franco)

Divididos em dois grupos, os participantes seguem o roteiro de uma esquete e, em determinado momento, são interrompidos por “trolladas” (situações) escolhidas pelo outro grupo, que assiste de camarote. Se o time mandar bem na atuação, e o público das redes sociais gostar (há uma votação), eles continuam encenando, mas se não fizerem riem, eles “caem” e a outra parte assume. Quem manda é o público, conforme o lema da atração: “Porque aqui o dono da piada é você”. Fabio Porchat brincou no Twitter, dizendo: “Não nos culpem por isso”.

A ideia, embora não seja totalmente única e inovadora, uma vez que a televisão brasileira já viu programas como “Quinta Categoria” (com Dani Calabresa e Tatá Werneck. por exemplo), exibido pela MTV e o “É Tudo Improviso”, da Band, pecou pela total falta de graça.

A esquete era boba – basicamente, um assalto a banco, com armas em cenas, etc – e as trolladas mais infantis ainda. O texto, vale lembrar, é dos criadores do “Casseta & Planeta”, que já agonizava num humor bem ruinzinho nos últimos anos.

Dani Valente se sobressaiu no primeiro programa, assim como Fabiana Karla. (Foto:Globo/Paulo Belote)

Piorou a insegurança e a escalação errada de alguns atores. Alguém consegue explicar o que Marcelo Serrado, visivelmente nervoso e inseguro, Ricardo Tozzi e Priscila Fantin (!) faziam no meio de nomes como Dani Valente, Fabiana Karla, Heloísa Périssé e Nando Cunha? Cadê Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães, Fábio Porchat, Cacau Protássio? Humoristas, de fato, que teriam feito a diferença e levantado a qualidade da atração. É preciso destacar, no entanto, a boa atuação de Dani Valente e Fabiana Karla, que conseguiram arrancar alguns risos, diante do espetáculo ruim.

Outro problema foi o fato de os atores ficarem presos ao texto (ruim!) do teleprompter, que continha o passo a passo de todas as cenas, com exceção das situações de improviso. Lá atrás, no “Sai de Baixo”, Daniel Filho e Miguel Falabella descobriram o segredo para o bom programa de humor: a brincadeira, a livre improvisação, foi, de fato, abraçada pelos atores da turma da Arouche, o que rendia inúmeras risadas (além da qualidade do texto). No “Tomara”, parecia haver um direcionamento para que os atores só improvisassem quando recebessem as “trolladas”, o que deu um ar engessado, forçado e, acima de tudo, sem graça.

Tudo isso, claro, foi um prato cheio para a galera do Twitter. Por lá, o “Tomara Que Caia” caiu como uma luva para animar o fim de noite e gerar inúmeras piadas. Os internautas, conseguiram, inclusive, subir a hashtag #VoltaDivertics, outra atração de “humor” tão ruim quanto. Aliás, a hashtag oficial escolhida #TQC também não boa. Venhamos e convenhamos, não tem como não lembrar do #CQC.

O programa pode melhorar, desde que o texto seja, de fato, engraçado, e que a turma abrace o improviso por completo – deixando de lado o teleprompter – e avançando mais na interação com os internaturas. A ideia é boa, só foi executada de forma ruim no primeiro episódio. Resta torcer para que não seja mais “S.O.S Emergência” e “Divertics”.