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Crimes cibernéticos

Adolescente liderava rede criminosa de ódio e violência online descoberta pela polícia

Operação adolescentes
Operação realizada em sete estados descobriu rede criminosa formada por adolescentes na internet. (Foto: divulgação/PCRJ)

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Um adolescente de 14 anos, morador de Campo Grande, foi identificado pela Polícia Civil como um dos chefes de uma rede criminosa que promove crimes de ódio e violência pela internet contra crianças e adolescentes em todo o país, segundo foi revelado pela Operação Adolescência Segura, deflagrada nesta terça (15) em sete estados brasileiros.

A investigação começou há dois meses e descobriu uma série de crimes cibernéticos cometidos por jovens, incluindo tentativa de homicídio, incentivo ao suicídio, divulgação de pornografia infantil, maus-tratos a animais e apologia ao nazismo.

“O adolescente tinha um alto cargo no grupo de crimes de ódio. Ele atuava como se fosse o chefe. Como não tivemos o flagrante, não foi possível apreender o suspeito”, disse a delegada Ana Cláudia Medina, responsável pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado.

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A operação foi deflagrada pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima do Rio de Janeiro (Dcav-RJ) com o apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Ao todo, foram emitidos dois mandados de prisão temporária, 20 de busca e apreensão e sete de internação provisória de adolescentes infratores. As prisões ocorreram em Bauru (SP) e Balneário Piçarras (SC). Já seis dos apreendidos têm atualmente 18 anos, mas eram menores de idade quando praticaram os crimes e, por isso, responderão com base nas medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O grupo investigado inclui duas meninas.

“Uma operação que mostra a gravidade e o perigo que as nossas crianças e adolescentes de todo o país vêm enfrentando. [...] Podem responder por associação criminosa, podem responder por apologia ao nazismo, podem responder por incitação à prática delituosa, dentre outros crimes”, disse Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro.

As investigações começaram após um adolescente de 17 anos lançar dois coquetéis molotov contra uma pessoa em situação de rua na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A vítima teve 70% do corpo queimado e só deixou o hospital recentemente.

O ataque foi transmitido ao vivo por um soldado do Exército, que também foi preso, para 220 pessoas em um aplicativo. “A partir disso, e, após um incessante trabalho de inteligência, monitoramento e cruzamento de dados, policiais da DCAV descobriram que o crime bárbaro não se tratava de um fato isolado”, disse a Polícia Civil em nota.

O delegado Carlos Oliveira emendou e afirmou que os integrantes do grupo criminoso “sabem como assediar, como eles dizem no meio, entrar na mente das crianças”.

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As investigações apontam que o grupo criou até mesmo uma tabela de valores que pagava para jovens se mutilarem com símbolos nazistas. Os vídeos eram divulgados através das redes sociais.

“Eles obrigaram uma jovem a cortar, cortar mesmo a boca. Isso tudo transmitido ao vivo nas plataformas. Além disso, se automutilar com símbolos nazistas. Eles criaram uma tabela de valores. Eles pagam para que jovens se automutilem”, pontuou o delegado Cristiano Maia, titular da Dcav-RJ.

A secretária Lilian Cintra de Melo, dos Direitos Digitais do Ministério da Justiça, criticou a falta de supervisão dos pais sobre o uso da internet por filhos menores. Para ela, alguns veem “com naturalidade” a alegação de que não querem invadir a privacidade dos filhos olhando o celular.

“Mas se a gente fizer a mesma pergunta: você deixaria seu filho falando com estranhos na rua? A resposta é não. Então, por que a gente vai deixar criança e adolescente ficar em um espaço completamente exposto sem nenhuma proteção”, questionou.

A polícia afirmou que segue com as investigações para identificar outros envolvidos e desarticular completamente a rede criminosa.

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