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Em Minas Gerais

Anúncio bilionário de farmacêutica evidencia independência de governadores da agenda federal

Governadores direita oposição Lula
Zema assinou aporte para farmacêutica em dezembro, mas não compareceu em anúncio bilionário com Lula. (Foto: Cristiano Machado/Governo de Minas Gerais)

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O governador mineiro Romeu Zema (Novo) optou por ficar de fora do anúncio de R$ 6,4 bilhões da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk para a expansão da fábrica, no interior de Minas Gerais, na última segunda-feira (7). O principal motivo da ausência do governador foi a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no evento, o que evidencia o movimento de governadores de direita de afastamento com a queda de popularidade do governo federal, no ano que antecede as eleições de 2026.

No fim do ano passado, o governador de Minas Gerais celebrou o investimento de R$ 500 milhões da farmacêutica multinacional na unidade de Montes Claros, no norte do estado, mas dessa vez, teve uma postura diferente para não vincular a imagem ao petista.

O investimento bilionário é o maior já feito por uma empresa privada do setor da saúde no Brasil. Não por acaso o presidente global da farmacêutica, Lars Fruergaard Jørgensen, esteve presente no evento na cidade mineira, que, além de Lula, recebeu vários integrantes do primeiro escalão do governo federal.

Por outro lado, ninguém da primeira prateleira do governo de Minas Gerais foi a Montes Claros. Um dia antes, Zema e outros seis governadores caminhavam, politicamente, no sentido contrário ao apoiar o ato pró-anistia aos presos do 8 de janeiro ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista.

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A postura de Zema também é uma tendência seguida por outros governadores de direita que se distanciam de Lula, mesmo durante anúncios de investimentos federais nos estados.

Zema ainda não se coloca oficialmente como candidato à presidência da República, mesmo que o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, tenha afirmado que esse será o caminho, caso Bolsonaro realmente não possa concorrer. Além do mineiro, outros três governadores presidénciaveis participaram da manifestação na capital paulista: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO).

Na segunda-feira pela manhã, Zema publicou nas redes sociais que estava cumprindo agenda em São Paulo e os investimentos da Novo Nordisk, aliás, não receberam nenhuma menção nos órgãos oficiais de comunicação do governo mineiro.

O silêncio vem pouco tempo depois de episódios de atrito entre Lula e Zema. No início de março, ambos dividiram o mesmo palco em evento da montadora Stellantis, em Betim, onde trocaram acusações. O governador criticou seu antecessor, o petista Fernando Pimentel, que teria deixado o "estado desmoronando", com dívidas e sem credibilidade. Como resposta, o presidente provocou Bolsonaro, aliado de Zema: “alguém aqui tem conhecimento de alguma obra feita em Minas pelo governo passado? Se tiver, pode levantar, fique em pé, eu agradeço e dou parabéns.”

Na ocasião, Zema aproveitou para reclamar do plano de renegociação da dívida do estado com a União — Minas Gerais tem um passivo superior a R$ 160 bilhões. E na segunda-feira, enquanto Lula estava em Montes Claros, o governador reacendeu esse episódio nas redes sociais. “Já está na conta da União: R$ 396,65 milhões de mais uma parcela da dívida de quase 30 anos que nós mineiros temos que pagar. Desde 2019, já pagamos mais de R$ 9,5 bilhões. Aqui tem compromisso, trabalho sério e transparência”, escreveu.

No evento na Novo Nordisk, Lula não usou nenhum momento de seus 24 minutos de discurso para criticar ou mandar indiretas para Zema ou para o ex-presidente Bolsonaro. As críticas ao governo anterior ficaram a cargo de seus ministros. E sobraram elogios para a atual gestão petista, inclusive do senador Rodrigo Pacheco (PSD), ex-presidente do Senado, que ouviu gritos de “Pacheco governador”.

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A fábrica da Novo Nordisk em Montes Claros é responsável por 25% da insulina produzida mundialmente pela empresa e cerca de 12% da insulina consumida em todo o mundo. A unidade produz 80% da insulina aplicada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil em pessoas com diabetes.

Com o novo investimento, que expandirá a área da fábrica para 74 mil metros quadrados, a farmacêutica aumentará a capacidade, com processos adicionais de produção asséptica, um armazém e um novo laboratório de controle de qualidade. A previsão é de que as novas instalações comecem a funcionar em 2028.

O presidente global da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jørgensen, lembrou o início da trajetória da empresa no Brasil na década de 1990 e celebrou o avanço da companhia no país com a expansão da fábrica. “Esse investimento histórico aumentará de forma significativa a nossa capacidade de atendimento à crescente demanda no Brasil e no mundo, além de ressaltar a força do Brasil como potência na produção farmacêutica”, disse.

Já o presidente Lula citou o programa Nova Indústria Brasil, liderado por seu vice Geraldo Alckmin, e falou ser “uma alegria” participar do evento que comemora o “fortalecimento de uma empresa, com investimento e mais conhecimento científico e tecnológico, formação profissional e geração de emprego.”

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