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Minérios

Após susto com tarifaço, “capital do ferro-gusa” recebe investimentos promissores

A cidade de Sete Lagoas lidera a produção nacional de ferro-gusa
A cidade de Sete Lagoas (MG) lidera a produção nacional de ferro-gusa. (Foto: Divulgação/AVG)

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Conhecida como a “capital do ferro-gusa” do Brasil, Sete Lagoas (MG) viveu dias de apreensão diante do anúncio de novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O local, que concentra 21 das 48 usinas mineiras e exportou 2,2 milhões de toneladas do minério para os EUA em 2024, chegou a temer um impacto direto nas vendas para o seu principal mercado.

A tensão marcou a mais recente reunião plenária do Sindicato da Indústria do Ferro em Minas Gerais (Sindifer), realizada em 10 de julho, pouco depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, comunicar em carta ao presidente Lula um aumento de 50% nas tarifas de importação de diversos produtos brasileiros. A medida, em vigor desde o último dia 6 de agosto, no entanto, não inclui o ferro-gusa, o que afastou o risco imediato para a principal commodity produzida em Sete Lagoas.

Mesmo assim, o setor foi impactado. Segundo Fausto Varela, presidente do sindicato que representa a categoria, importadores norte-americanos chegaram a suspender contratos com fornecedores brasileiros, o que impossibilitava o redirecionamento as vendas para outros mercados no curto prazo. O ferro-gusa serve de matéria-prima na produção de aço e ferro fundido, sendo obtido através de uma redução do minério de ferro.

De acordo com apuração da Bloomberg, empresas como o Grupo Modulax e a CSS Siderúrgica Sete Lagoana avaliaram suspender as atividades, movimento que evidenciou a gravidade do anúncio sobre o tarifaço e a dependência que o setor possui dos EUA. Sete Lagoas fatura cerca de US$ 600 milhões com a exportação de ferro-gusa ao país.

No começo do ano, o sindicato se comprometeu a intensificar o trabalho de divulgação da matéria-prima, destacando o uso de carvão vegetal para sua produção, "o que faz com que este ferro-gusa tenha uma pegada de carbono favorável". Segundo a entidade, cerca de 114,3 mil pessoas são empregadas diretas e indiretamente pela produção de ferro-gusa a carvão vegetal.:31,7 mil delas estão nas usinas e 82,6 mil no setor florestal, atuando na implantação e manutenção de florestas ou na produção e transporte do carvão vegetal.

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Setor recebe novo investimento de R$ 200 milhões

Passadas as incertezas, um anúncio contrastou com o cenário recente de apreensão. O Grupo AVG divulgou um investimento de R$ 200 milhões em Minas Gerais para ampliar a produção de ferro-gusa.

A principal iniciativa é a construção de um segundo alto-forno na Indústria de Ferro Gusa Ltda., uma das empresas em Sete Lagoas. A unidade opera com capacidade máxima de 84 mil toneladas anuais. Com a expansão, a produção deverá mais que dobrar, atingindo 204 mil toneladas por ano.

Ferro-gusa serve de matéria-prima na produção de aço e ferro fundido.

As obras estão previstas para começar em janeiro de 2026, com conclusão esperada para até dois anos. O investimento inclui a ampliação das áreas de plantio florestal para compor a oferta de biomassa como fonte energética. Outra siderúrgica do grupo, a AVG Siderurgia, também localizada em Sete Lagoas, já opera em sua capacidade máxima de 240 mil toneladas anuais.

O plano de expansão na siderurgia mineira se soma a um forte movimento da empresa, que investirá, no total, mais de R$ 750 milhões para aumentar a capacidade de produção de minério de ferro de 2,5 milhões para 7 milhões de toneladas anuais.

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