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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), anunciou nesta segunda-feira (21) a criação de uma linha de crédito emergencial para proteger as empresas do estado dos efeitos do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cujo possível início ocorre no próximo dia 1º de agosto. A iniciativa do governador goiano - pré-candidato à Presidência da República em 2026 - tem o propósito de preservar empregos e amenizar as consequências econômicas da sobretaxa de 50% anunciada a produtos como soja, carne e aço, segundo o anúncio de Caiado.
A preocupação diante do aumento das tarifas é compartilhada pelo setor industrial goiano. "A economia desanda e esse anúncio dos tarifaços e represálias do governo americano preocupam a todos os empresários brasileiros - e nós em Goiás também estamos preocupados", disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, que acompanha Caiado em missão ao Japão.
O líder da Fieg reforçou a necessidade de medidas que minimizem os impactos. “O governador, com essas medidas, quer atenuar os efeitos das tarifas e garantir os empregos e a competitividade das indústrias goianas para aquelas que exportam, principalmente para os Estados Unidos”, disse.
Possibilidade de crise econômica
Caiado classificou a medida estadual como uma resposta de “firmeza e responsabilidade”, contrastando com o que considera como percepção de ausência de medidas federais. Para discutir a situação, o governador agendou uma reunião com o setor produtivo para esta terça-feira (22), no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano.
O crédito será destinado a empresas goianas com exposição significativa ao mercado norte-americano, oferecendo condições mais atrativas do que as disponíveis em programas federais. A taxa anual de financiamento será inferior a 10%, abaixo das linhas de instituições como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Plano Safra, conforme anúncio da gestão estadual.
Os recursos terão origem em um fundo de fomento constituído a partir de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre exportações, sem necessidade de aporte direto do Tesouro estadual. Como condição para acessar a linha, as empresas deverão garantir a manutenção dos seus funcionários durante o período de vigência do contrato.
O pacote inclui também a criação de um fundo de garantia para pequenos e médios empresários, com o objetivo de estimular a oferta de crédito pelo setor privado. A gestão Caiado também anunciou a criação de um grupo de trabalho formado por representantes da gestão pública e do setor produtivo para acompanhar os efeitos da crise e sugerir novas soluções.
Caiado criticou Lula pelo tarifaço e fez comparação com Hugo Chávez
Após o anúncio do tarifaço por Trump, Caiado teceu novas críticas ao presidente Lula, comparando a retórica dele à do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Para Caiado, Lula segue um roteiro previsível ao confrontar o governo norte-americano de forma gratuita. “O presidente Lula não está fazendo nada fora do script. Na verdade, age exatamente como Chávez na Venezuela, ao desafiar sem motivo o governo dos Estados Unidos”, afirmou Caiado na ocasião.
Ele acusou o petista de “declarar uma guerra contra o Congresso Nacional", tentar incitar uma luta de classes entre ricos e pobres — depois de prejudicar os aposentados — e ainda atacar os Estados Unidos, "país que sempre foi nosso aliado.” Além disso, Caiado defendeu a criação de uma comissão parlamentar para promover o diálogo direto com Washington.
Segundo especialistas, o “tarifaço” de Trump reforça o confronto entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que deu uma freada na projeção de governadores como Ronaldo Caiado, que buscam se apresentar como alternativas no campo da centro-direita e da direita na disputa contra a tentativa de reeleição da esquerda.
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