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Pré-candidatura ao Senado

Carlos Bolsonaro renuncia à Câmara do Rio e confirma mudança para Santa Catarina

Vereador Carlos Bolsonaro anuncia renúncia à Câmara do Rio de Janeiro e confirma mudança para Santa Catarina, onde disputará o Senado.
O vereador Carlos Bolsonaro anuncia que renunciará ao cargo na tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução/Youtube/Rio TV Câmara)

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O vereador Carlos Bolsonaro (PL) anunciou nesta quinta-feira (11) que renunciará ao mandato da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para se mudar para Santa Catarina, onde disputará o Senado em 2026.

A declaração foi feita na sessão de abertura da Câmara e marca o encerramento de uma trajetória de seis mandatos consecutivos no Legislativo carioca. Carlos afirmou que deixa a cidade para atender a um chamado.

“Parto dessa cidade com o coração cheio de saudade, mas também com a serenidade de quem sabe que está atendendo uma missão maior, da qual sempre fiz parte. Vou para Santa Catarina para cumprir um chamado que eu não poderia realizar aqui, pois fiz uma escolha sempre guiada pelo meu coração", afirmou.

"Não é uma fuga, é a continuidade de uma luta, a mesma luta por liberdade, por família, por soberania, por um Brasil que respeita o seu povo, sua identidade, e principalmente, num momento tão conturbado no país, buscando o equilíbrio dentre os poderes”, disse ele.

Em discurso emocionado, o vereador mencionou o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre pena na superintendência da Polícia Federal em Brasília após condenação por tentativa de golpe de Estado.

“Hoje ele enfrenta uma vida injusta, fruto de um processo recheado de contradições, vícios e interpretações políticas”, disse, mencionando o voto do ministro do STF Luiz Fux, pela absolvição de Jair Bolsonaro, como um marco jurídico “técnico, denso e crítico aos rumos do processo”.

O vereador também fez um balanço da atuação no Rio, lembrando iniciativas como um clube de literatura clássica para a rede de ensino e a criação do “Dia Municipal da Liberdade de Expressão”.

De mudança para Santa Catarina, Carlos Bolsonaro afirmou ainda que continuará defendendo a cidade “onde quer que esteja” e concluiu o discurso com o lema do pai: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. O Rio sempre no meu coração e a luta continua. Em outra frente, mas com o mesmo propósito.”

Parlamentares de diferentes perfis elogiaram a atuação dele ao longo das últimas duas décadas, destacando a entrada precoce na política, ainda com 17 anos, e a votação expressiva que o tornou o vereador mais votado da capital fluminense em 2016 e 2024.

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A renúncia do vereador confirma uma movimentação que já vinha sendo articulada pelo PL nacional. No Rio, Carlos não teria espaço para disputar o Senado porque o irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL), tentaria a reeleição.

Agora que Flávio se tornou pré-candidato à presidência por escolha do pai, outros nomes do partido surgem para disputar a cadeira do Senado do Rio de Janeiro, como os deputados federais do PL que se elegeram pelo estado, Carlos Jordy, Sóstenes Cavalcante, Hélio Lopes e Altineu Côrtes.

O estado de Santa Catarina, por outro lado, costuma figurar entre os mais alinhados à direita conservadora no país e é considerado terreno fértil para o bolsonarismo. No segundo turno de 2022, quase 70% dos catarinenses votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro.

Resistência interna e rejeição elevada no eleitorado catarinense

Como mostrou a Gazeta do Povo, apesar da mudança para Santa Catarina contar com o aval de Jair Bolsonaro e do comando nacional do PL, a pré-candidatura do vereador Carlos Bolsonaro enfrenta forte resistência no estado.

A chegada pressiona acordos costurados por lideranças locais da direita e afeta diretamente a articulação do governador Jorginho Mello (PL), que busca manter a aliança com o Progressistas para garantir a reeleição e apoiar a nova tentativa do senador Esperidião Amin (PP).

A avaliação interna do PL é que ele chega competitivo, mas em um ambiente político já ocupado por nomes tradicionais da direita catarinense, como Amin e Carol de Toni.

Em entrevista à Gazeta do Povo na última sexta-feira (5), Carlos Bolsonaro afirmou que está unido a Carol de Toni (PL) e negou que será feita alguma aliança com Amin. "Eu estou com a Carol de Toni lá e vou estar com ela até o final, sempre foi assim. O combinado é que o presidente indica um [nome] e o governador [Jorginho Mello] indica o outro. Sempre foi combinado assim", disse ele.

"Se isso mudou no meio do caminho, isso não tem nada a ver comigo nem com o presidente Bolsonaro. São duas vagas, inicialmente havia sido escolhido a Carol de Toni pelo governador, e concomitante a isso, o presidente escolheu a minha vaga e a possibilidade de disputar lá. Se isso está sendo modificado, não tem nada a ver com nenhum Bolsonaro", complementou.

Carlos Bolsonaro e as condições da disputa ao Senado

Carlos Bolsonaro tem viajado com frequência a Santa Catarina desde o início do ano, buscando presença em eventos públicos e encontros com lideranças locais. Apesar de aparecer como um nome competitivo nas pesquisas recentes, o sobrenome Bolsonaro carrega também um alto índice de rejeição.

Um novo levantamento da Neokemp Pesquisas*, contratado pelo Grupo ND, indica que 60,5% dos catarinenses são contra a candidatura do vereador carioca ao Senado. Para esse grupo, Carlos deveria concorrer por seu estado de origem.

O levantamento mostra ainda que 60,9% dos entrevistados consideram que seria mais coerente Jair Bolsonaro apoiar nomes catarinenses em 2026. Em rejeição espontânea, Carlos aparece com 34,3%, atrás apenas do petista Décio Lima, com 51,1%

No mesmo levantamento, Carlos Bolsonaro e a deputada federal Carol de Toni (PL) surgem tecnicamente empatados na soma do primeiro e do segundo votos, que juntos totalizam 200%. Carol lidera com 57% e Carlos aparece com 49,2%.

Com a renúncia à Câmara Municipal do Rio de Janeiro oficializada, Carlos Bolsonaro deverá formalizar a mudança de domicílio eleitoral para Santa Catarina no próximo ano. O apoio do PL e de Jair Bolsonaro são decisivos no estado, mas impõe ao vereador o desafio de conquistar a base conservadora catarinense e superar a rejeição identificada nas pesquisas.

Metodologia*: 1.008 entrevistados pela Neokemp Pesquisas, em 95 cidades de Santa Catarina, entre os dias 01 e 02 de dezembro de 2025. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 3,1 pontos percentuais.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais

Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.

Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Pesquisas publicadas nas eleições de 2022, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.

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