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“Nem só de sertanejo vive o mato-grossense." Esse foi o comentário que recebeu mais curtidas quando o governo do Mato Grosso anunciou um show do Guns N’ Roses em Cuiabá, marcado para 31 de outubro. A banda liderada pelo vocalista Axl Rose surpreendeu a todos quando divulgou a apresentação na capital conhecida como “cidade verde”.
Isso porque atrações internacionais costumam concentrar suas agendas no Brasil em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba – que têm estrutura para receber eventos de até 100 mil pessoas por dia, como acontece em festivais do porte de Rock in Rio e Lollapalooza.
Não à toa, o governo e a prefeitura de Cuiabá correram contra o tempo para preparar o terreno e passar a lucrar com o mundo do entretenimento no Brasil - segundo a consultoria PwC, o setor deve movimentar US$ 38,5 bilhões em 2026. Um primeiro passo foi alterar a própria legislação de Cuiabá.
A cidade possuía uma lei muito restritiva sobre ruídos, que precisou ser derrubada para dar lugar a uma nova. Chamado de “Lei Cuiabá sonora: desenvolvimento e bem-estar", o dispositivo recém-aprovado pela Câmara Municipal permite que "eventos culturais previamente licenciados possam atingir até 90 decibéis em picos, sem limite de horário".
Dados da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, indicam que o volume de um show de rock pode chegar a 129 decibéis, nível capaz de causar danos auditivos permanentes sem proteção adequada. Em São Paulo, por exemplo, não há limite legal para shows. Ou seja, embora os solos de guitarra em Cuiabá não sejam tão “rasgantes” quanto em outras cidades, ainda estarão próximos do ideal para os fãs do gênero musical.
O show do Guns N’ Roses marca a entrada de Mato Grosso na rota dos grandes eventos internacionais. A expectativa é que a apresentação abra caminho para outros shows do mesmo porte e consolide o estado como destino lucrativo no mercado do entretenimento.
Prefeitura calcula movimentar R$ 400 milhões com Guns N’ Roses em Cuiabá
O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), anunciou que dará apoio logístico ao show. Para isso, ficarão à disposição do evento a Secretaria de Mobilidade Urbana e a Empresa Cuiabana de Zeladoria e Serviços Urbanos, para organização do trânsito e limpeza da capital mato-grossense, que deve receber 40 mil pessoas na Arena Pantanal.
Durante um evento com Elson Ramos, empresário e dono da Ditado Produções, responsável pela operação do show no estado, o prefeito resumiu a situação: “Vai ter baguncinha!” Mas isso não o assusta.
“Essa é uma oportunidade incrível. Toda a rede hoteleira vai estar lotada, e muita gente vai poder empreender nesse período. Estamos falando de mais de 40% dos fãs vindo de outras cidades e estados. Um evento como esse pode movimentar mais de R$ 400 milhões na economia cuiabana”, estima Brunini.
Segundo a empresa organizadora, 20 mil ingressos foram vendidos em apenas uma hora após o início das vendas. Uma das entradas chega ao valor de R$ 2,4 mil, com direito a banheiros e bares exclusivos, além de acesso à arquibancada, praça de alimentação e segurança.
"Trazer um show do porte do Guns N' Roses para Cuiabá é um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma conquista significativa para a cidade. São meses de planejamento técnico, logístico e de infraestrutura para garantir que tudo esteja à altura do padrão internacional", conta em entrevista à Gazeta do Povo.
Presenças e ausências políticas
Presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, a vereadora Paula Calil (PL) foi uma das primeiras a confirmar presença e emendou em uma crítica do ingresso mais caro. Outro político que deve estar presente é o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil). Procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, a assessoria afirmou que ele não deu certeza, mas é “provável que sim”.
Nas redes sociais, ele é um dos principais divulgadores do evento. Ao som de Paradise City, grande hit do Guns N’ Roses, Mendes comemorou a assinatura do contrato com a produção do evento, descrevendo a apresentação da banda na capital de Mato Grosso como “um dos maiores shows do mundo”.
Ainda assim, o prefeito de Cuiabá revelou que não irá ao show, apesar de ter comemorado a “baguncinha”. Ao jornal Primeira Página, Brunini disse: “Não poderei ir, mas eu desejo que dê tudo certo. Desejo que a economia da nossa cidade traga bastante turistas, traga bastante desenvolvimento para rede hoteleira, gastronômica. O governo do estado está de parabéns pelas articulações, e a prefeitura de Cuiabá vai estar ajudando com tudo que for possível.”
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