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O governo de Minas Gerais está intensificando ações para garantir água no semiárido mineiro. Com investimento que ultrapassa a casa dos R$ 600 milhões, a iniciativa pretende ser uma alternativa para períodos de estiagem, assegurando acesso à água e criando oportunidades aos produtores rurais.
Durante a 7ª edição da feira AgroChapada, no final de julho, o vice-governador Mateus Simões (Novo) entregou 200 kits de irrigação para pequenos e médios produtores rurais de Chapada Gaúcha, Santa Fé de Minas, Arinos, Riachinho e Formoso. Todos estes municípios encontram-se no semiárido mineiro.
Esses kits, com caixa d'água e sistema de gotejamento, são considerados ideais para o cultivo de hortaliças e frutas. Segundo dados da Secretaria de Agricultura, já foram entregues 1.548 kits de irrigação, o equivalente a um investimento de R$ 1,45 milhão. Simões complementou: "Entregamos esses kits para os produtores, mas também é necessário que eles tenham acesso a sementes, orientação técnica, que eles saibam como usar os kits".
Por isso, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) oferece suporte para a montagem e uso desses equipamentos, além de orientar sobre práticas de cultivo. O governo prevê entregar cerca de 14 mil kits de irrigação em 2025 e 2026, com investimentos de R$ 22,2 milhões. Desde 2019, os recursos somaram mais de R$ 27 milhões, com a entrega de aproximadamente 20 mil unidades.
Qual é o potencial do semiárido mineiro?
Abrangendo 10 estados, o semiárido brasileiro abriga cerca de 28 milhões de pessoas. Em Minas Gerais, essa área compreende 217 municípios, o que representa 33,5% do território do estado. Essa porção mineira tem população de aproximadamente 3,3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Nacional do Semiárido (Insa).
O semiárido mineiro tem chuvas irregulares e altas taxas de evapotranspiração, o que contribui para o risco de escassez hídrica. Além disso, sua oferta de água para múltiplos usos está abaixo da demanda. Dados do Insa mostram que a capacidade média de armazenamento dos reservatórios é de apenas cerca de 20%.
“A água é um insumo estratégico para o agronegócio e desempenha um papel fundamental na produção de alimentos, fibras e energia”, explicou a pesquisadora Jussiara Cavalcante, da equipe de recursos hídricos do Insa, à Gazeta do Povo.
Ela destaca que o insumo é determinante para “viabilizar culturas de maior valor agregado, como frutas tropicais”. Também é impactante na criação de animais, que dependem da água para consumo e manutenção das pastagens.
Algumas culturas produzidas no semiárido mineiro são: soja, milho, algodão, feijão, mandioca e cana-de-açúcar, além de frutos como umbu e pequi. A pecuária também é relevante, com foco em raças adaptadas à região, como o gado Curraleiro Pé-duro e os caprinos Landi, que possuem resistência à estiagem.
Jussiara destaca: “Regiões com maior segurança hídrica tendem a atrair mais investimentos em empresas agrícolas e agroindustriais. A gestão eficiente da água é estratégica para impulsionar o agronegócio como motor de desenvolvimento sustentável.”
Outra frente adotada pelo governo mineiro é o apoio a famílias em vulnerabilidade. O estado, por exemplo, tem apostado no desenvolvimento de farinha de sorgo. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), essa planta "reúne inúmeras características de adaptação a ambientes com chuvas irregulares e alta temperatura". A ideia é que o sorgo ganhe valor como opção para a alimentação humana, auxiliando famílias de baixa renda a encontrar uma nova opção de trabalho como produtores rurais.
O governo também tem investido na regularização fundiária, com mais de 10 mil títulos de propriedades rurais entregues em todo o estado desde 2019. Na AgroChapada, Mateus Simões entregou 106 títulos de propriedade para produtores rurais em Chapada Gaúcha.
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