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Economia

Como SC “roubou” fatia do PIB do RS para crescer na região Sul

PIB Santa Catarina
Indústria e serviços alavancam o PIB de Santa Catarina. (Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Governo de Santa Catarina)

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Santa Catarina foi o estado que mais aumentou a participação no Produto Interno Bruto (PIB) da região Sul, saindo de 21,8% em 2003 e atingindo 27,8% em 2022, último ano em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados regionais consolidados. É o que aponta um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

Nesse mesmo período, o Paraná se manteve quase no mesmo patamar — 36,5% para 36,7% —, enquanto o Rio Grande do Sul foi perdendo espaço ao longo do tempo, deixando de ser o maior PIB da região em 2003, com 40,7% de participação, para ficar em segundo lugar, com 35,5%, representando uma queda superior a 5 pontos percentuais.

O crescimento de Santa Catarina foi intensificado a partir de 2017, puxado especialmente pelos segmentos da indústria e de serviços. Não por acaso, o estado subiu uma posição nacionalmente em 2019 e passou a ser a sexta maior economia do país, ultrapassando a Bahia — os maiores PIBs do Brasil estão em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

Em 20 anos, a participação nacional do estado no PIB aumentou cerca de um ponto percentual. “Parece pouco, mas é muita coisa, até porque as participações têm certa rigidez. Mas Santa Catarina conseguiu romper e crescer nesse aspecto”, analisa a pesquisadora e economista do FGV Ibre Juliane Trece.

De acordo com ela, esse avanço está relacionado a investimentos em processos inovativos, posicionando o estado catarinense como destaque em serviços. O "pulo do gato" foi transportar a inovação para o setor industrial. “Os processos inovativos são importantes para o setor de serviços, mas também para a indústria. Acoplando esses processos na indústria, há um ciclo virtuoso no estado”, complementa.

Sem os dados regionais consolidados, o FGV Ibre criou uma metodologia para analisar o PIB de cada estado a partir das informações divulgadas pelo próprio IBGE e pelos estados. É com base nisso, com estimativas de 2023 e 2024, que o instituto apontou Santa Catarina com crescimento de 2,5% ao ano entre 2001 e 2024, o único estado do Sul que avançou mais do que a média brasileira.

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Enquanto Santa Catarina se apoia principalmente na indústria e em serviços para seguir crescendo, Paraná e Rio Grande do Sul têm na agropecuária os melhores resultados recentes — estes dois estados somam 80% do PIB da agropecuária na região —, colaborando com o desempenho do Brasil nesse setor.

“Nos dois últimos anos, a agropecuária teve um papel muito importante para o PIB da região [Sul], especialmente na produção de soja no Paraná e no Rio Grande do Sul”, aponta Juliane, do FGV Ibre. Até mesmo no ano passado, com as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, o resultado do agro foi importante. Isso porque grande parte da colheita da soja no estado ocorreu até abril, antes da tragédia.

A diferença entre os dois estados, porém, está na relevância dos outros setores. De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) do IBGE, a produção industrial do Rio Grande do Sul recuou em diversas atividades entre 2003 e 2024, com destaque negativo para fabricação de produtos de fumo (-25,2%), preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-54,9%), fabricação de produtos de borracha e de material plástico (-28,2%) e metalurgia (-24,4%).

No caso do Paraná, por outro lado, a indústria vem apresentando resultados robustos há mais de uma década. Segundo o PIM-PF, só entre 2009 e 2012, o setor de fabricação de automóveis cresceu mais de 100%. Outros destaques nos anos seguintes foram os segmentos de fabricação de bebidas, de máquinas e equipamentos, de celulose e produtos de papéis.

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