
Ouça este conteúdo
O Dia dos Legendários virou febre no Brasil. Dedicada a celebrar pessoas que buscam “superação e transformação através da fé”, a nova data comemorativa foi oficializada em estados como Mato Grosso do Sul, Paraná e Espírito Santo. E também pode entrar, em breve, no calendário paulista.
O movimento Legendários, criado na Guatemala pelo pastor evangélico Chepe Putzu, tem como objetivo “trazer de volta o herói caçador para cada família” e formar “homens inquebrantáveis diante do pecado, porém quebrantados diante de Deus”. Iniciado em 2015 com apenas 109 participantes, hoje está presente em 13 países, reunindo mais de 90 mil homens ao redor do mundo.
Lançado no Brasil em 2017, o movimento conta com 10.128 participantes. Entre os adeptos, estão famosos como o empresário Pablo Marçal, o influencer Thiago Nigro e o lutador Lyoto Machida. Seus encontros combinam palestras motivacionais, reflexões sobre masculinidade cristã, momentos de oração e atividades de superação, buscando levar os homens a encontrar a “melhor versão de si” e obter um “novo potencial” para impactar famílias e comunidades.

Por aqui, os eventos custam entre R$ 1,3 mil e R$ 1,8 mil, segundo Antero Ribeiro, coordenador do Legendários Curitiba e uma das principais lideranças nacionais do movimento. Em uma ocasião, porém, o site oficial chegou a anunciar um evento por R$ 81 mil.
O que dizem os estados que apoiam o Dia dos Legendários
No Mato Grosso do Sul, a Lei Estadual 6.434 de 2025 definiu o 20 de julho como data oficial. O deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos), autor da iniciativa, afirma que o reconhecimento valoriza homens que “desenvolvem o espírito de fé e solidariedade humana no estado, participando de desafios perante a natureza, passando por trilhas que visam restaurar sua configuração original”. Para ele, eventos como esses proporcionam “inspiração, aventura e desafio”, gerando “uma profunda experiência espiritual e, de alguma forma, o encontro do homem com Deus”.
Em São Paulo, o projeto foi protocolado pelo deputado estadual Paulo Correa Júnior (PSD), que propõe a comemoração em 13 de abril, data do primeiro encontro do grupo no estado, em 2023. “O Dia dos Legendários é o reconhecimento de um movimento que tem resgatado a identidade espiritual e familiar de milhares de homens”, disse. “Valorizar essa iniciativa é valorizar a construção de famílias mais fortes, homens mais íntegros e uma sociedade mais justa.”
Já no Espírito Santo, o deputado José Esmeraldo (PDT) apresentou a proposta em fevereiro. Na justificativa, transcreveu a definição oficial do grupo, disponível em seu site: “É um movimento que busca a transformação de homens, famílias e comunidades por meio de experiências que levam os homens a encontrar a melhor versão de si mesmos e seu novo potencial. Devolvendo o herói a cada família, a declaração que temos como Legendários é a de que são homens inquebrantáveis diante do pecado, mas quebrantados diante de Deus”.
Esmeraldo evidenciou que o estado conta com mais de 1,5 mil legendários. Sancionada no final de julho, a lei marca o "Dia Estadual dos Legendários" para o dia 29 de junho no estado capixaba.
O município de São João del-Rei, em Minas Gerais, também ganhou em maio deste ano um Dia dos Legendários para chamar de seu. A data municipal foi sugerida pelo vereador Rafael Lima (PL), que menciona na justificativa do projeto a contribuição do grupo na luta contra as enchentes no Rio Grande do Sul. Na cidade, o grupo é celebrado oficialmente no dia 26 de outubro.
Por fim, no Paraná, a lei entrou em vigor há um ano, marcando as comemorações para o 4 de maio. Estabeleceu como objetivos a valorização do movimento e seus membros e a conscientização sobre seus “propósitos de renovação física, emocional, espiritual, familiar e social”. O texto também prevê apoio a eventos, palestras, congressos e workshops que celebrem os legendários no estado.
O avanço do Dia dos Legendários em diversos estados reflete a expansão dos evangélicos no país. Segundo o Censo 2022, divulgado em junho, esse grupo representa 26,9% da população, quase o triplo do percentual de 1991 (9%). São 47,4 milhões de pessoas que se declaram evangélicas. Os católicos seguem como maioria, com 56,7% (100,2 milhões), mas em queda — eram 65,1% em 2010 e 74,1% em 2000.
VEJA TAMBÉM:







