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A exportação de carne bovina do Mato Grosso do Sul ao Chile pode triplicar com a conclusão da ponte binacional sobre o rio Paraguai, trecho que integra o projeto da rota bioceânica. A estimativa é do setor frigorífico, que aposta na nova ligação terrestre para reduzir o tempo e os custos logístico com o comércio internacional.
O estado sul-mato-grossense exporta cerca de 360 mil toneladas de carne bovina ao Chile por três caminhos: via Assunção, no Paraguai; pelo estado do Paraná até a Argentina; ou via Rio Grande do Sul. Todas as rotas atravessam múltiplas fronteiras, elevam os custos com pedágios e aumentam o tempo de deslocamento.
Com a nova rota, os embarques seguirão por Porto Murtinho (MS), cruzarão a região do Chaco paraguaio e alcançarão o norte do Chile por rodovias interligadas. Para a abertura internacional, o corredor logístico depende da ponte que vai conectar o Mato Grosso do Sul a Carmelo Peralta, no Paraguai.
Para Sérgio Capucci, vice-diretor do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicadems), o novo caminho representa o aprofundamento das relações comerciais com mercados estratégicos na América do Sul. “O principal benefício da rota bioceânica para a indústria será a ampliação das exportações para o Chile e também para o Peru”, afirmou Capucci.
A nova ligação também pode fortalecer as relações com países da Ásia e da Oceania, dependendo da comparação entre os custos logísticos para os embarques pela rota bioceânica ou pelo porto de Santos (SP).

Ponte binacional vai impulsionar exportações de carne bovina do MS
Hoje, um contêiner que parte do porto de Santos até Xangai, na China, percorre cerca de 24 mil quilômetros e leva até 54 dias. Com a nova rota, o trajeto pode ser encurtado em até 7 mil quilômetros e 20 dias, considerando o uso dos portos chilenos. A redução depende do destino final e da logística portuária de cada país asiático.
A ponte sobre o rio Paraguai alcançou 80% de execução física, segundo o Consórcio Binacional Pybra, responsável pela construção, com entrega prevista em novembro deste ano. O investimento soma US$ 109 milhões, custeados pelo lado paraguaio da Itaipu Binacional.
A ponte terá 1,2 mil metros de extensão com trechos estaiados, sustentados por torres de 125 metros de altura. O projeto foi feito para suportar a capacidade de tráfego de veículos pesados, visando a integração do transporte de cargas com as rodovias regionais.

Rota bioceânica une redes rodoviárias de três países
O projeto do novo corredor bioceânico terá 2,3 mil quilômetros de extensão e ligará os oceanos Atlântico e Pacífico por via terrestre, unindo as redes rodoviárias de Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. O corredor permitirá acesso aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, para as exportações a partir do Pacífico, sem depender do Canal do Panamá ou do Cabo da Boa Esperança, considerados alternativas mais longas e onerosas com a saída pelo oceano Atlântico.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas de Mato Grosso do Sul (Setcems), Cláudio Cavol, afirma que a exportação de carne para os portos chilenos é “praticamente inexistente”. “Hoje, a pouca carga destinada ao norte do Chile segue por Dionísio Cerqueira (SC) e São Borja (RS), o que aumenta a distância entre 700 km e 1.000 km.”
Apesar dos avanços, o setor logístico ainda enfrenta gargalos com caminhões que podem levar até oito dias para cruzar o Paraguai, principalmente devido aos trâmites burocráticos nas aduanas. O setor defende melhorias nos processos alfandegários para garantir agilidade e evitar filas.
Além disso, o Sindicato das Empresas de Transporte e Logística do Estado de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS) solicitou a capacitação de motoristas para transporte internacional. A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) já formou a primeira turma enviada pelo Setlog-MS. A meta é atender à nova demanda de motoristas preparados para atuar em quatro países.
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