Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Moreira Salles

A família que vende nióbio brasileiro para o mundo

Empresa da família Moreira Salles, em Minas Gerais, é principal produto de nióbio do mundo.
Nióbio é considerado um dos principais minérios para transição energética. (Foto: Gil Leonardi/Governo de MG)

Ouça este conteúdo

A família Moreira Salles, um dos clãs mais influentes do cenário empresarial brasileiro, consolidou posição como gigante global do nióbio por meio de uma visão pioneira e investimentos estratégicos na Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Fundada em 1955, em Araxá (MG), a CBMM se tornou a líder mundial no fornecimento de produtos de nióbio — um metal cujas potencialidades eram, à época, ainda em grande parte desconhecidas. Hoje, o nióbio é uma referência na transformação de matérias-primas e faz parte dos metais estratégicos para a transição energética.

O legado do patriarca Walther Moreira Salles (1912–2001) voltou a ficar em evidência por causa da repercussão em torno de “Ainda estou aqui”, primeiro filme brasileiro a vencer o Oscar. Apesar de fazer parte da família empresarial, o premiado cineasta Walter Moreira Salles Júnior construiu a carreira no campo artístico. Walter Salles também dirigiu o filme “Central do Brasil”, que foi indicado na mesma categoria do Oscar em 1999, que naquele ano foi concedido ao filme italiano “A vida é bela”.

No mundo corporativo, os irmãos Moreira Salles têm papel proeminente na gestão e nas decisões estratégicas da CBMM, principalmente na figura de Pedro Moreira Salles, que é o presidente do Conselho de Administração da companhia, evidenciando o envolvimento direto da família no mais alto nível de governança. A atuação dele nos negócios vai além da mineração: ele teve papel central na fusão que originou o Itaú Unibanco, assumindo a presidência do Conselho de Administração em 2009 e, mais tarde, a copresidência em 2017.

VEJA TAMBÉM:

Irmãos Moreira Salles estão entre os bilionários de destaque no Brasil 

Além de Pedro, os irmãos Fernando Roberto Moreira Salles, João Moreira Salles e Walter Salles figuram entre os maiores bilionários do Brasil, com fortunas originadas no Banco Itaú. No ranking da Forbes de 2025, Fernando Roberto ocupa a 6ª posição, com um patrimônio líquido de US$ 6,5 bilhões (R$ 37,05 bilhões); Pedro Moreira Salles está em 7º lugar, com US$ 6,1 bilhões (R$ 34,77 bilhões); João Moreira Salles é o 11º, com US$ 4,5 bilhões (R$ 25,65 bilhões), seguido por Walter Salles, também com US$ 4,5 bilhões.

A fortuna da família Moreira Salles também está atrelada ao empreendedorismo no setor do nióbio. Ao invés de apenas extrair um recurso, a CBMM transformou o metal em um pilar da inovação tecnológica e da sustentabilidade, assumindo a liderança mundial na exploração, pesquisa e aplicação para os avanços industriais. Procurada pela Gazeta do Povo, a companhia preferiu não dar entrevista sobre a relação do clã Moreira Salles com a empresa líder mundial na produção de nióbio. 

VEJA TAMBÉM:

Por que a CBMM é a líder global do mercado de nióbio

A CBMM conseguiu estabelecer e manter sua posição de liderança no mercado global de nióbio por meio de uma combinação de fatores. Com sede e controle no Brasil, a empresa comercializa produtos industrializados para todo o mundo, operando com uma capacidade instalada de 150 mil toneladas de ferronióbio por ano — o que supera de forma consistente a demanda global e mantém um fornecimento estável.

O rol é de 500 clientes em mais de 50 países, que permite à CBMM operar com uma ampla rede logística de armazéns, escritórios internacionais e distribuidores. O nióbio é um metal de transição multifuncional com propriedades únicas, como alta condutividade térmica e elétrica, maleabilidade e resistência a temperaturas extremas, desgaste mecânico e corrosão.

Essas características tornam o nióbio essencial em diversas aplicações industriais, proporcionando mais leveza, durabilidade e eficiência. Os principais produtos fornecidos pela CBMM incluem:

  • Ferronióbio standard, usado em aços estruturais para construção civil, oleodutos e carrocerias automotivas, promovendo leveza e redução de emissões.
  • Ligas de grau vácuo, como ferronióbio e níquel nióbio, utilizadas em motores de aeronaves, turbinas terrestres e aplicações aeroespaciais, pela resistência térmica e química.
  • Óxidos de nióbio, com aplicações que vão de baterias ultrarrápidas — com recarga em menos de 10 minutos e vida útil até cinco vezes superior às tradicionais — a lentes ópticas e catalisadores para a indústria química.
  • Nióbio metálico, altamente puro, indispensável em equipamentos de ressonância magnética, tomógrafos e aceleradores de partículas, devido à supercondutividade.

Em 2024, a empresa investiu R$ 269 milhões em pesquisa e desenvolvimento, um aumento de mais de 12% em relação a 2023. As unidades de tecnologia, como o Centro de Materiais para Baterias em Araxá, têm papel central na criação de novas aplicações e na melhoria dos processos internos.

Para o futuro, a CBMM enxerga oportunidades significativas além do setor siderúrgico tradicional. A estratégia de diversificação inclui a expansão nas áreas de energia, baterias, aeroespacial, médica, química e eletrônica — setores que valorizam as propriedades exclusivas do nióbio. A eletrificação, em especial, tem se mostrado um vetor promissor, com crescimento superior a 50% nas vendas para baterias em 2024.

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.