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Mesmo com o recente acordo comercial envolvendo Estados Unidos e China, a instabilidade dessa guerra comercial é vista como uma oportunidade para o Brasil. De um lado, pelo movimento de internacionalização de empresários nacionais. De outro, para atração de investimentos para cá, vindos principalmente dos EUA.
E é nessa conjuntura que Nova York está sediando, ao longo desta semana, a Brazilian Week 2025, evento que propaga a área de negócios e é uma vitrine para iniciativas focadas no país com a meta de atrair capital estrangeiro. A programação reúne mais de 5 mil executivos, investidores e autoridades públicas, com foco na promoção de polos econômicos e no fortalecimento da relação comercial entre os países.
O potencial de negócios cresce em relevância ao se verificar a lista dos participantes. O setor público está representado por diversos governadores, como Raquel Lyra (PSDB) de Pernambuco; Ibaneis Rocha (MDB) do Distrito Federal; Ronaldo Caiado (União) de Goiás; Renato Casagrande (PSB) do Espírito Santo; Cláudio Castro (PL) do Rio de Janeiro; Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo; Jorginho Mello (PL) de Santa Catarina; e Eduardo Leite (PSDB) do Rio Grande do Sul.
Tarcísio aposta no interesse do investidor estrangeiro na área d eprodução de energia
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, considera o evento nos EUA como um catalisador de investimentos. Ele que, aliás, tem investido de maneira recorrente nessa atração de capital estrangeiro e multiplicando as viagens internacionais com esse foco, uma vez que a política liberal colocada em prática pelo seu governo tem avançado a passos largos: São Paulo fechou 2024 com sete concessões à iniciativa privada, duas privatizações e mais de R$ 300 bi em investimentos.
Nesta Brazilian Week, Tarcísio relembrou como trabalhou, durante a edição anterior do mesmo evento, para a privatização que é considerada a "joia da coroa" pelo governo paulista, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O processo se tornou a maior oferta pública da história no setor de saneamento.
E, para este ano, as expectativas não são menores: Tarcísio pretende fazer do túnel Santos-Guarujá o maior leilão do ano. Em Nova York, o governador de São Paulo voltou a destacar os avanços do seu programa de concessões e elencou a grande lista de parcerias público-privadas (PPPs) e grandes obras, que inclui o lote Paranapanema de rodovias.
Tarcísio também aposta no interesse do investidor estrangeiro no setor de produção de energia, evidenciando o potencial do biometano. "A transição energética será um pilar para o nosso desenvolvimento. A cana-de-açúcar que nos salvou da crise de petróleo na década de 1970, hoje nos fornece etanol. A gente tem oferta de energia limpa e relativamente barata e boa mão de obra para dar o salto seguinte de se apropriar da tecnologia", afirmou ele em Nova York.
O governador paulista reiterou que São Paulo "vai continuar brigando por investimentos" integrado naquilo que encara como possibilidades promissoras para os negócios brasileiros em meio à conjuntura mundial de forças econômicas. "O mundo está percebendo que muitas empresas estão saindo da China, a Europa já não pode contar com energia barata que vinha da Rússia ou com a defesa que vinha dos EUA. Tudo isso abre pra nós uma janela de oportunidades", disse ele durante conversa sobre investimentos nos EUA.
Entre os destaques da apresentação do estado de São Paulo, Tarcísio falou sobre a "economia do conhecimento". Aliado à energia e à mobilidade urbana, o grupo paulista desenvolve na Brazilian Week aspectos voltados à infraestrutura digital, inteligência artificial e expansão de data centers.
Caiado dá recado a investidores de que a condução do país será da centro-direita
Pré-candidato à Presidência da República, Caiado foi outro governador a listar as potencialidades e também os destaques do seu estado. Ele enfatizou os bons índices na área da educação e o seu fundo de estabilidade fiscal, "mesmo sem ter royalties como estados litorâneos", conforme destacou em discurso voltado à prospecção de investimentos nos EUA.
"Tudo isso dá estabilidade aos empresários quando chegam ao estado", afirmou Caiado, emendando que, como ele e os demais governadores estavam elencando suas respectivas potencialidades regionais, "todos estão fazendo a sua lição de casa". E aproveitou para dar o seu recado: "A dificuldade está no comando do governo federal, em colocar em prática as mudanças que precisam ser feitas - reforma da Previdência, reforma administrativa e um combate à violência, além de trazer a certeza que nós saberemos, com muita competência, sinalizar ao empresário, de que pode acreditar no Brasil", discursou.
"Teremos uma boa notícia a todos vocês: em 2026 a centro-direita vai ganhar as eleições no país, vocês podem acreditar e podem começar a investir no Brasil porque daremos prosseguimento às políticas dos estados, da liberdade econômica e do espaço ao empresário", continuou Caiado.
Para ele, o evento voltado à prospecção de investimentos nos EUA serve para mostrar a credibilidade do Brasil no exterior. "A relevância de mostrar que o Brasil não está enclausurado em seu território. O Brasil tem discurso para debater políticas internacionais de meio ambiente, tem credibilidade moral para discutir o problema hoje, cada vez mais, do seu equilíbrio fiscal, na competição nas tarifas que são colocadas e no crescimento no cenário internacional, sendo o melhor segmento do mundo na área de alimentação".
A delegação brasileira na Brazilian Week conta ainda com a presença dos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento Econômico) e Vinicius Lummertz (Turismo). Representantes de outros estados também participam, como o presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin.
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Jorginho Mello enfatiza investimentos em infraestrutura e SC como estado mais seguro
Para o governador de Santa Catarina, a recente crise provocada pelas barreiras tarifárias entre Estados Unidos e China abre brechas para que novos protagonistas surjam no comércio internacional - e a Brazilian Week é mais uma boa oportunidade de expor as potencialidades do estado. “Enquanto outros choram, Santa Catarina vende lenços. Essa disputa global de taxação e embargo é oportunidade para Santa Catarina. Se os EUA aumentam a taxa do produto chinês, o nosso fica ainda mais competitivo", aproveitou Jorginho Mello, em tom de bom humor que já o consolidou no diálogo com sua base eleitoral, via redes sociais.
"Somos exportadores de produtos variados como alto valor agregado, os Estados Unidos são o maior destino que exportamos e o segundo é a própria China. É justamente com essa corrida comercial que estou aqui nos EUA, falando com investidores sobre o potencial que temos para produzir e a qualidade do nosso produto. Vamos aproveitar o momento”, disse o governador catarinense.
"Se Brasil é o país do futuro, Santa Catarina é o estado do presente para receber investimento", defendeu o governador. Na conversa com empresários, Mello ressaltou os R$ 3,5 bilhões na recuperação de estradas do estado e que Santa Catarina é "o estado mais seguro do Brasil", referindo-se ao Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com a publicação, a taxa registrada é de 9 homicídios para cada 100 mil habitantes - São Paulo, em segundo lugar no ranking, registra 11,2 por 100 mil habitantes.
Não foi somente Santa Catarina que resolveu elencar o tema da segurança pública no evento. O assunto também foi a escolha do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. "Trabalhar com os EUA para que a gente possa conseguir o que o Rio de Janeiro vem pleiteando: que sejam classificados como terroristas os agentes do narcotráfico no estado, tratando do controle de entrada de armas e drogas".
Em um dos jantares da Brazilian Week, o enviado do presidente Donald Trump à América Latina, Maurício Claver-Carone, apontou os fatores que desestimulam o interesse internacional por ativos brasileiros: “currency, crime and corruption” - moeda instável, a criminalidade organizada e a fragilidade no combate à corrupção. Claver-Carone destacou que não são obstáculos definitivos, mas que precisam de respostas firmes e permanentes.
Especificamente sobre os investimentos possíveis de serem alavancados nos EUA, o governador do Rio de Janeiro acredita em mostrar a vocação do estado nas áreas do turismo, de logística e de produção energética. "O Rio de Janeiro é um celeiro de boas oportunidades, que tem desafios, mas consegue aparecer em um cenário mundial de forma muito positiva", afirma o governador.
Por sua vez, palestrante em um dos eventos da Brasilian Week, o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, destaca que o papel do Brasil em decisões globais. "Participar deste evento nos permite mostrar um Brasil atraente para os investidores, reforçando que, sim, temos segurança jurídica, sobretudo no Paraná", disse.
Oportunidades na reconstrução do RS
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apresentou no RS Day a reconstrução do estado após os desastres climáticos de 2024 como uma oportunidade para investidores. “A agenda de reconstrução e resiliência abre novas frentes de investimento”, afirmou.

Leite também ressaltou os diferenciais gaúchos, como universidades reconhecidas, parques tecnológicos, um ambiente de negócios estruturado, além da força do agronegócio e do setor industrial. O governador apresentou seu portfólio de PPPs e concessões, com projetos voltados a aeroportos e rodovias.
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