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Operação mais letal do Rio

Rio tem cenário de guerra com mais de 60 mortos em conflito entre policiais e bandidos do CV

Operação RJ
Operação com mais de 2,5 mil agentes tenta barrar expansão do Comando Vermelho na capital fluminense e em outros estados. (Foto: Antônio Lacerda/EFE)

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A cidade do Rio de Janeiro vive um cenário de guerra nesta terça-feira (28), depois que policiais e bandidos da organização criminosa Comando Vermelho (CV) entraram em confronto durante uma megaoperação policial para prender 100 traficantes nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Há o registro de 64 mortos no conflito, sendo quatro policiais, o que torna essa a operação mais letal já registrada no Rio de Janeiro.

O governo do estado do Rio de Janeiro informou ainda que 81 pessoas foram presas na Operação Contenção. A ofensiva conta com mais de 2,5 mil agentes e é parte de uma estratégia permanente do governo fluminense para conter o avanço do tráfico e retomar o controle de áreas dominadas por facções.

O planejamento da ação policial levou 60 dias. Até então, a operação mais letal no Rio de Janeiro havia ocorrido em maio de 2021, no Jacarezinho, quando 28 óbitos foram registrados.

Imagens divulgadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro mostram que os criminosos chegaram a usar drones para lançar granadas contra os agentes. "É assim que a polícia do Rio de Janeiro é recebida por criminosos: com bombas lançadas por drones. Esse é o tamanho do desafio que enfrentamos. Não é mais crime comum, é narcoterrorismo", disse o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), em coletiva de imprensa no final da manhã desta terça.

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O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, emendou, ressaltando que a operação mira corrigir uma “desordem” de “aproximadamente 9 milhões de metros quadrados” no Rio de Janeiro. Ele acrescentou que cerca de 280 mil pessoas vivem nas 26 áreas afetadas.

“Estado de guerra que a gente vive no Rio de Janeiro. [...] Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência, e que vai continuar”, afirmou o secretário em entrevista à TV Globo.

Além de lançarem bombas contra policiais, os bandidos do Comando Vermelho, em retaliação à megaoperação, bloquearam diversas vias da cidade usando veículos, inclusive um ônibus do transporte coletivo, entre elas as movimentadas Avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela.

Por conta da operação e da retaliação, escolas públicas e universidades foram fechadas, além de centros de comércio popular em bairros da Zona Norte da capital fluminense e 120 linhas de ônibus tiveram os trajetos alterados.

As investigações que resultaram na Operação Contenção começaram há um ano pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que também miram cerca de 30 traficantes no estado do Pará.

“Estamos atuando com força máxima e de forma integrada, para deixar bem claro que quem exerce o poder é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado”, disse Castro.

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Governo do RJ diz que governo Lula negou ajuda à operação

Castro afirmou ainda que o governo federal negou fornecer ajuda ao estado, e que a operação será permanente. Ele espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprove em breve o plano de segurança do Rio de Janeiro para retomar áreas dominadas pelo tráfico.

Em resposta no meio da tarde, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJDP) rebateu as críticas e afirmou, em uma longa nota, que "tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do Governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado".

"Com investimentos significativos e esforços contínuos, o MJSP permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro", completou (veja na íntegra).

Operação deixou feridos em comunidades dos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Foto: Antônio Lacerda/EFE. (Foto: Antonio Lacerda)

Lideranças criminosas foram presas

Entre os presos está Nicolas Fernandes Soares, que seria o operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o “Doca” ou “Urso”, um dos chefes do Comando Vermelho. Foram apreendidos armas, motocicletas e diversos rádios comunicadores usados pelos criminosos.

A Polícia Civil também já capturou o traficante Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como “Belão do Quitungo”, apontado como o "01 da comunidade do Quitungo", disse a autoridade. Ele foi preso na localidade de Chatuba da Penha, na Penha.

“A ação tem como objetivo capturar lideranças criminosas do RJ e de outros estados, e conter a expansão territorial do Comando Vermelho”, afirmou a Polícia Civil fluminense em nota.

Bandidos fugiram por trilhas na mata

Outras informações apontam que bandidos da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, conseguiram fugir fortemente armados por trilhas clandestinas de uma mata na região. Um drone registrou em vídeo o momento da fuga. O governo informou que investiga se houve vazamento da operação.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que cinco unidades de Atenção Primária não abriram, enquanto outras suspenderam visitas domiciliares. Na Educação, 28 escolas fecharam as portas no Complexo do Alemão e 17 na Penha, além de um colégio estadual que interrompeu as atividades.

Participaram da megaoperação policiais do Comando de Operações Especiais (COE), unidades da PM da capital e da Região Metropolitana, além de agentes de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.

A estrutura empregada incluiu helicópteros, blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.

Conteúdo editado por: Isabella Mayer de Moura

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