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Rio em guerra

Passa de 70 número de corpos encontrados por moradores da Penha após operação no Rio

Mortos na Penha
Corpos ainda não foram contabilizados pelas autoridades do RJ. Oficialmente, operação vitimou 64 pessoas. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

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Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, afirmam ter encontrado mais de 70 corpos desde a madrugada em uma área de mata nesta quarta (29), um dia após a operação policial mais letal da história do estado que vitimou 64 pessoas, segundo números oficiais do governo do estado. Os corpos foram levados à Praça São Lucas, uma área de comércio popular no bairro, e posteriormente levados para o Instituto Médio Legal (IML) pela Defesa Civil.

Lideranças comunitárias da Penha informaram que pelo menos 72 corpos já foram recolhidos e alertaram que o número pode ultrapassar 100. As vítimas foram encontradas na região conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram os confrontos mais intensos entre as forças de segurança e integrantes do Comando Vermelho.

O coronel Marcelo de Menezes Nogueira, secretário da PM, afirmou à TV Globo que os corpos levados pelos moradores não haviam sido contabilizados no balanço oficial.

No final da manhã, em uma entrevista coletiva, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) afirmou que o número oficial de mortos é contabilizado apenas depois que os corpos passam pelos trâmites burocráticos no IML. Ele ainda reduziu o número de vítimas para 58, contrariando o balanço divulgado na véspera.

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Segundo os números oficiais do governo do Rio, dos 64 mortos durante a operação contabilizados até o final da tarde de terça (28), 60 eram de criminosos e quatro de policiais, sendo dois da Polícia Civil e dois do Bope. Os agentes foram homenageados pelo governador Cláudio Castro (PL-RJ), que os promoveu postumamente nos cargos.

A Operação Contenção, realizada somente pelas forças policiais do Rio de Janeiro, foi planejada ao longo de dois meses e após um ano de investigações. O objetivo era cumprir 100 mandados de prisão contra líderes do Comando Vermelho do Rio e do Pará, que estariam escondidos nas comunidades. Segundo a polícia, 81 mandados foram cumpridos.

O enfrentamento, no entanto, mergulhou o Rio de Janeiro em um cenário de caos. Criminosos reagiram com fuzis e chegaram a lançar granadas sobre os agentes por meio de drones.

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Houve bloqueio da Avenida Brasil e das Linhas Amarela e Vermelha, interrupção de transportes públicos e suspensão das aulas em escolas e universidades. Hospitais e postos de saúde também paralisaram os atendimentos, enquanto centenas de comércios fecharam as portas.

Durante a ação, um drone da Polícia Civil registrou criminosos fugindo por trilhas clandestinas na mata da Vila Cruzeiro, repetindo cenas vistas na ocupação do Complexo do Alemão em 2010.

O governador Cláudio Castro declarou que o estado “agiu sozinho” no combate ao Comando Vermelho e que teve pedidos de apoio negados pelo governo federal. A declaração foi contestada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que respondeu dizendo que “todas as solicitações foram atendidas”.

Castro e Lewandowski devem se reunir ainda nesta quarta-feira (29) para discutir as responsabilidades e os próximos passos após a operação.

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