Morte do papa Francisco: CNBB exalta legado e detalha ritos antes do conclave

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu, na tarde desta segunda-feira (21), uma coletiva de imprensa na sede da instituição, em Brasília (DF), sobre a morte do papa Francisco, ocorrida nesta manhã, no Vaticano.

Ao iniciar a coletiva, o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, expressou "tristeza e renovação da fé cristã neste tempo pascal" e destacou o papel missionário e misericordioso do papa Francisco ao longo de seu pontificado.

"Deu início a um pontificado marcado por seu estilo de pastor próximo, simples, atento às periferias, guiado pelo Evangelho da misericórdia e pelo sopro do Espírito. Seu primeiro gesto, ao pedir a oração do povo antes de abençoá-lo, já revelava todo o seu ministério: um Papa que caminhava com o povo, que ouvia antes de falar e que servia antes de ser servido", afirmou Dom Hoepers.

O bispo também ressaltou que Francisco "foi um construtor de pontes" — não apenas entre povos e religiões, mas também entre o Evangelho e as dores do mundo.

"Ensinou-nos que a verdadeira autoridade nasce do serviço e que a centralidade da Igreja está nos pobres e nas vítimas da história", completou.

Hoepers ainda mencionou os principais documentos publicados durante o pontificado de Francisco, considerados parte de seu legado: Evangelii Gaudium (2013), Laudato Si’ (2015), Amoris Laetitia (2016) e Fratelli Tutti (2020).

"Ele reavivou o frescor do Concílio Vaticano II, colocando a Igreja em estado permanente de missão e conversão. Em seus gestos — lavando os pés de presos, acolhendo migrantes, abraçando doentes — o mundo viu a face do bom pastor", declarou.

Próximos passos antes do conclave

Durante a coletiva, os bispos explicaram os procedimentos que antecedem o conclave, que elegerá o novo Santo Padre da Igreja Católica. Segundo Dom Hoepers, os próximos nove dias serão dedicados ao luto, com missas e celebrações em memória ao Papa Francisco.

"A Igreja no Brasil começa agora a se preparar também para as missas. Serão praticamente nove dias de reflexão e oração pela alma do papa. É um momento de luto. Depois do funeral, a oração, e só então falaremos do conclave", explicou.

De acordo com informações do Vaticano, ainda na noite desta segunda-feira (21) será realizado o rito de constatação da morte do papa e a deposição de seu corpo no caixão.

Dom Hoepers evitou comentar possíveis nomes para o próximo papa, lembrando que o colégio cardinalício conta com 252 cardeais de 90 países.

"Olha que riqueza! Essa é a expressão do mundo dentro da Igreja. Penso que, com este período de oração e discernimento — e, acima de tudo, com a abertura ao Espírito Santo — essas representações do cardinalato saberão identificar aquilo que o momento atual exige. É o próprio Espírito Santo que conduz", afirmou.

A respeito da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, prevista para acontecer de 30 de abril a 4 de maio, Dom Hoepers informou que a CNBB realizará uma reunião extraordinária do Conselho Permanente para avaliar a possibilidade de adiamento.

"Ainda não temos uma posição. Esperamos que, nos próximos dias, possamos decidir como será. Estamos às portas da Assembleia e temos as votações das diretrizes", explicou.

Núncio Apostólico no Brasil

Também presente à coletiva, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, comunicou oficialmente a morte do papa Francisco, conforme anúncio do Vaticano, e destacou que mensagens de condolências continuam chegando de todo o mundo.

Ele anunciou que será celebrada uma missa solene em sufrágio da alma do Papa Francisco na próxima quarta-feira (23), na Catedral Metropolitana de Brasília, com participação aberta aos fiéis e autoridades brasileiras.

Ao ser questionado sobre o perfil desejado para o novo papa, Dom Giambattista afirmou que a escolha será orientada "pela linha do Evangelho e de Jesus Cristo".

"O momento do conclave é de união. Os senhores cardeais rezam ao Espírito Santo para que Ele continue sendo o protagonista e animador da Igreja. É no Espírito Santo que o Senhor Jesus faz essa comunhão, que não é fácil para nós, seres humanos", concluiu.