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O 1º Fórum da Tríplice Fronteira, evento realizado no último sábado em Uruguaiana (RS) pelo partido Novo, surgiu como uma plataforma para discutir o futuro econômico da região. Com painéis que reuniram políticos, empresários e representantes de setores estratégicos como o agronegócio e o transporte, o encontro teve como ponto central a defesa da liberdade econômica como chave para desbloquear o potencial da área fronteiriça entre o Brasil, Argentina e Uruguai.
As discussões no Clube Comercial de Uruguaiana se aprofundaram em duas grandes frentes: a infraestrutura e a burocracia. O partido argumenta que a falta de investimentos governamentais e as barreiras regulatórias são os principais obstáculos para o crescimento da Fronteira Oeste, uma região que mantém um papel estratégico na região, mas que os membros da sigla consideram abandonada pelos governos federal e do Rio Grande do Sul.
"A região próxima do Uruguai e da Argentina tem um transporte significativo de mercadorias e um fluxo intenso de pessoas com o turismo de fronteira, além de ser um ponto-chave para negociações do agro e da indústria", disse o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo), presidente da Frente Parlamentar das Ferrovias, à Gazeta do Povo.
Para o deputado, essa relevância econômica exige uma agenda de investimentos organizada e focada na desburocratização. Camozzato destacou a precariedade dos modais logísticos, ressaltando o esforço para revitalizar as ferrovias.
"Tenho lutado para retomar e aumentar este modal, além da necessidade de recuperação das rodovias e pontes para fortalecer o transporte. Todos esses são elementos que podem ser, na medida em que organizamos a agenda de investimentos, um fator para desburocratizar os investimentos na fronteira e fazer com que a região e o Rio Grande do Sul possam crescer mais.”
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Investimentos em infraestrutura podem apoiar o agro da Tríplice Fronteira
A visão do deputado foi corroborada pelo vereador de Porto Alegre Tiago Albrecht (Novo), que participou do painel sobre agronegócio do evento. Albrecht não poupou críticas à situação da infraestrutura. “A fronteira foi abandonada pelo governo federal e pelo governador Eduardo Leite. Há muito o que fazer e as demandas trazidas indicam isso", declarou.
O vereador aprofundou as críticas, mencionando o caso da ponte binacional que conecta o Brasil ao Paraguai. Outro exemplo citado foi a ponte sobre o Rio Ibicuí. "Ela foi construída no tempo do império, no século XIX", detalhou, chamando a atenção para o fato de que a via, originalmente ferroviária, foi adaptada para carros, mas é tão estreita que só permite a passagem de um veículo por vez.
As prefeituras de Uruguaiana e Itaqui (RS) articulam a publicação do edital de licitação para uma nova ponte sobre o rio. A obra está orçada em R$ 210 milhões.
Albrecht também chamou a atenção para a BR-290, um dos principais corredores logísticos da América do Sul. “O grande problema da Tríplice Fronteira é, basicamente, infraestrutura. A BR-290 é o maior corredor logístico da América do Sul, do Cone Sul. São 150 mil caminhões que passam ali por Uruguaiana, vindos do Chile e da Argentina ou indo para lá", explicou, sublinhando o impacto econômico da má condição das estradas, que precisam ser duplicadas.
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Produtores de arroz do RS querem redução nos impostos
O vereador do Novo aponta que a falta de infraestrutura acarreta em custos elevados, citando a despesa para despachar arroz pelo porto de Rio Grande (RS). Albrecht, inclusive, cita a possibilidade de congelar o imposto CDO (Cooperação e Defesa da Orizicultura) do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz). “Os produtores estão pleiteando tirar ou congelar essa taxa para que possam exportar, pois não está compensando plantar o arroz", diz.
O CDO é cobrado por cada saco de 50 quilos de arroz em casca e, segundo o partido, se tornou uma barreira para a competitividade dos produtores. A taxa está avaliada em R$ 0,89. Segundo dados do Irga sobre a safra 2024/2025, Uruguaiana teve a maior safra do estado, produzindo cerca de 707,2 mil toneladas. Ou seja, somente neste município, os produtores pagaram aproximadamente R$ 12,59 milhões nesta taxa.
Pré-candidato a deputado federal, Albrecht ressalta que a falta de competitividade deve ser debatida em 2026, principalmente ao considerar que o arroz do Paraguai possui taxas menores e é o principal fornecedor estrangeiro do grão para o mercado brasileiro, que foi afetado após as enchentes no Rio Grande do Sul. "É uma questão que o próximo presidente vai ter de resolver, porque esse é inimigo do agro", afirmou, dirigindo a crítica ao atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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