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No campo da direita

O que falaram durante o ano os governadores que pretendem vencer Lula em 2026

Governadores de direita
Governadores Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Ronaldo Caiado e Romeu Zema são possíveis candidatos da direita para a Presidência da República em 2026. (Foto: Fotomontagem Gazeta do Povo (Pablo Jacob/Governo do Estado de SP, Jonathan Campos/AEN, Rômullo Carvalho/Governo de Goiás, Gil Leonardi/Imprensa MG))

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Ao longo deste ano, o campo da direita se concentrou em quatro nomes para vencer o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026. Antes de o senador Flávio Bolsonaro (PL) anunciar a pré-candidatura, quatro governadores se colocaram à disposição para a disputa presidencial, uns mais claramente, outros nem tanto. Algumas declarações durante 2025 desenharam esse cenário.

Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o favorito na direita sempre foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No entanto, em momento algum Tarcísio foi incisivo e direto sobre uma campanha presidencial, deixando no ar que uma decisão passaria necessariamente por Bolsonaro, seu padrinho político.

Essa liderança [Jair Bolsonaro] será importante para pacificar algumas arestas. E não tenho dúvida de que ele vai ter um papel importante. E esse arranjo vai ser muito mais forte do que se imagina e vai ser um arranjo vitorioso.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo

De tanto esperar e com o foco em buscar a reeleição ao governo estadual — um caminho mais garantido —, Tarcísio viu então o ex-presidente preteri-lo na disputa pelo próprio filho Flávio Bolsonaro, que não era cotado para esse papel. Coube ao governador paulista voltar a declarar lealdade a Jair Bolsonaro e apoio ao filho 01 do ex-presidente.

O presidente Bolsonaro é uma pessoa que eu respeito muito e eu sempre disse que seria leal e que sou grato a Bolsonaro, e eu tenho essa lealdade, é inegociável. [...] O Flávio vai contar conosco, tem grande responsabilidade a partir de agora. Ele se junta a grandes outros nomes da oposição que já colocaram seus nomes.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), evitou cravar uma candidatura a presidente em 2026, mesmo que tivesse construído esse caminho nos bastidores ao longo do ano. Ele nunca escondeu o desejo de concorrer ao cargo, mas também não disse que seria para já, afinal isso escapa à vontade dele.

O presidente nacional do PSD e um dos principais articuladores políticos do país, Gilberto Kassab, sempre deixou claro que Tarcísio era o plano principal e que Ratinho Junior, e até mesmo o governador gaúcho Eduardo Leite (PSD), seriam opções na falta de Tarcísio. Coerente com esse discurso, o governador do Paraná deixou claro que a decisão seria do grupo.

Quem vai dizer isso é o partido [PSD], no momento adequado. É claro que 2026 se discute em 2026, mas eu fico feliz por meu nome estar sendo discutido nacionalmente dentro do partido.

Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná

De qualquer maneira, Ratinho Junior buscou se posicionar como uma opção de centro-direita, com um discurso mais moderado e contra a polarização. Não por acaso evitou criticar duramente o governo Lula ou sair em defesa de Jair Bolsonaro a todo momento. Nesse meio, sem extremos, chegou a dizer que é “normal.”

Eu me considero normal porque ninguém aguenta mais essa briga; 70% da população não aguenta mais a polarização. O Brasil precisa de paz institucional, todo mundo precisa calçar as sandálias da humildade, fazer um planejamento de médio e longo prazo — coisa que hoje não temos.

Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná

Se Tarcísio de Freitas e Ratinho Junior, considerados os nomes mais fortes no campo na direita, preferiram não se expor e deixar o tempo passar, os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), optaram pelo caminho inverso. Mais do que demonstrar uma vontade, ambos lançaram oficialmente pré-candidaturas ao Palácio do Planalto.

Caiado é, dos quatro, o mais experiente na política e o único que já foi candidato a presidente — em 1989 ele ficou com menos de 1% dos votos válidos. Mas é também o nome que enfrenta mais resistência, inclusive não sendo unanimidade dentro do próprio partido. Mesmo assim, ele tem bancado a pré-candidatura e diz que estará nas urnas em 2026.

Falta coragem, liderança e autoridade moral para governar esse país. E é por isso que eu vou debater o assunto. Serei candidato à Presidência da República e, se Deus e o povo brasileiro me derem essa chance, pode ter certeza que eu sei como governar.

Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás

O tom de Caiado é muito parecido ao do governador mineiro, que tem nas críticas ao governo Lula a principal bandeira para emplacar a candidatura a presidente. E, ao contrário do governador goiano, Zema tem apoio irrestrito de seu partido para seguir com uma candidatura — isso se o Novo não acabar entrando em composição com outras siglas na disputa.

Zema, inclusive, começou a rodar o país em uma espécie de campanha antecipada, participando de reuniões partidárias nas principais capitais do Brasil e amplificando seu discurso anti-PT e de experiência em gestão. Apesar de ser praticamente desconhecido do eleitor de fora de Minas Gerais, demonstra ânimo e otimismo em uma eventual disputa contra Lula.

Renunciarei ao meu mandato até a data-limite, 4 de abril de 2026, e vou dedicar todo o meu tempo a partir daí à minha pré-candidatura pelo Novo. Vou levar meu projeto à Presidência até o final. Na última eleição, vencer em Minas era mais difícil do que ganhar a Presidência ano que vem.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais

Críticas ao presidente Lula: cada um à sua maneira

Para além das pretensões eleitorais, os quatro governadores presidenciáveis direcionaram críticas ao presidente Lula como forma de se contraporem ao governo atual. As críticas se concentraram principalmente no aspecto econômico, mas também se estenderam a políticas de segurança pública.

Apesar de afagos casuais em eventos com a presença de Lula, o governador paulista usou outros momentos para reclamar e reforçar o antagonismo à gestão petista. Ao lado de aliados, aproveitou o ambiente para resumir o que pensa sobre o seu possível rival em 2026.

O Brasil não aguenta mais excesso de gasto, não tolera mais aumento de imposto. O Brasil não aguenta mais corrupção. O Brasil não aguenta mais o PT. O Brasil não aguenta mais o Lula.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo

Por sua vez, o governador mineiro é, há tempos, o maior crítico do governo de Lula. Não apenas de Lula, mas do PT de forma geral. Reiteradamente, Zema afirma que o Brasil precisa viver livre do petismo para avançar na economia, em governança, em segurança e no equilíbrio entre poderes.

Vamos acertar as contas com o lulismo, os parasitas do Estado e as facções criminosas. [...] [Vamos] enfrentar os carrapatos, os mamadeiros, os privilegiados que sugam os nossos recursos e, principalmente, combater de frente a indústria de censura e de abuso de autoridade que se instalou no nosso país.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais

Ronaldo Caiado costuma botar holofotes na segurança pública, uma das principais cobranças populares aos gestores públicos, como forma de se contrapor ao governo federal — Goiás é um dos estados mais elogiados pelas ações desenvolvidas no combate ao crime. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança Pública enviada por Lula ao Congresso, por exemplo, foi enfaticamente criticada pelo governador goiano. Segundo ele, o governo não sabe — ou não quer — combater o crime organizado.

Há 20 anos o PT governa a Bahia. E o que se vê é a expansão das facções. Onde está a soberania do cidadão que não pode visitar um parente em outro bairro sem medo de morrer? Isso é o retrato do Brasil governado por quem convive bem com o crime.

Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás

Ratinho Junior, por sua vez, foi poucas vezes incisivo contra Lula. Até chegou a elogiar a gestão petista nos momentos estratégicos que envolviam parceria entre os governos estadual e federal, como em de leilões para concessões de rodovias e do porto de Paranaguá à iniciativa privada. A crítica mais contundente veio após o anúncio do tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, às importações de produtos brasileiros.

É um governo que, sobre uma questão tão importante como essa discussão do tarifaço do Trump, muitas vezes se vitimiza demais: ‘Ah, é uma coisa pessoal com o Brasil.’ Não. O Trump fez isso com China, Japão, Filipinas, Índia, México e Canadá. E o que fizeram? Foram lá e sentaram na mesa para discutir. Aqui a gente faz vídeo na internet pra brincar com esse assunto, como lamentavelmente o presidente da República fez.

Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná

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