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Apuração em andamento
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o "Careca do INSS", e o empresário Maurício Camisotti, em nova fase da investigação que apura uma fraude bilionárias em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
A Operação Cambota é um desdobramento da Operação Sem Desconto, desencadeada no mês de abril, e foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Também são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal.
"A ação apura os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados", afirmou a Polícia Federal em nota.
As primeiras informações apontam que Antunes foi preso em Brasília e Camisotti em São Paulo, levados para as respectivas superintendências regionais da autoridade.
Alguns dos mandados de busca e apreensão são cumpridos, ainda, na casa e no escritório do advogado Nelson Willians, em São Paulo, que é citado em documentos e conversas interceptadas durante a investigação.
Imagens divulgadas pela Polícia Federal apontam a apreensão de carros de luxo (entre eles uma Ferrari avaliada em torno de R$ 3,5 milhões e uma réplica de um carro de corrida de Fórmula 1), uma grande quantidade de dinheiro em espécie em notas de real e relógios de luxo em Brasília e dezenas de obras de arte em São Paulo -- normalmente utilizadas para lavagem de dinheiro.
As investigações apontam que a fraude de descontos associativos irregulares de aposentadorias e pensões causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024. O relatório da operação de abril apontou que o “careca” teria movimentado R$ 53,58 milhões por meio de suas empresas, recebendo valores de associações e entidades intermediárias ligadas ao INSS.
Desse total, R$ 9,32 milhões teriam sido repassados a servidores públicos e empresas com vínculos diretos com a alta cúpula do instituto, como o ex-procurador-geral do instituto, Virgílio Filho, e os ex-diretores André Fidelis e Alexandre Guimarães.
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A investigação aponta que Antunes supostamente prestava serviços de “consultoria” para entidades que cobravam mensalidades de aposentados, atuando como lobista junto ao INSS. Já a fraude em si consistia em criar associações e inscrever beneficiários em lotes sem consentimento, falsificando documentos e assinaturas e cobrando mensalidades diretamente dos benefícios.
Sobre a operação desta sexta (12), a defesa de Willians afirmou que ele tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração "demonstrará sua total inocência".
"Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação", apontou.
Já a defesa de Maurício Camisotti afirmou que não há qualquer motivo que justifique sua prisão e chama a atenção para uma "arbitrariedade" durante o cumprimento de mandados da operação.
"Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio. A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário", completou em nota.
Na quinta (11), Antunes teve autorizada a quebra de sigilos pela CPMI do INSS, no Congresso. Ele é apontado como operador do esquema.
Na época da deflagração da Operação Sem Desconto, a defesa de Antunes afirmou que as suspeitas “não correspondem à realidade dos fatos” e que “ao longo do processo, a inocência de Antônio será devidamente comprovada”. A de Alexandre Guimarães afirmou que os valores recebidos correspondem a serviços de consultoria e que possui notas fiscais para comprovar.
A de André Fidelis disse que não comentaria a apuração por não ter tido acesso aos autos, mas garantiu estar comprometida com o esclarecimento dos fatos. E a defesa de Virgílio não foi localizada.
Mais informações em instantes.







