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O show gratuito da cantora Lady Gaga em Copacabana, realizado em maio e celebrado pela prefeitura do Rio de Janeiro como um marco histórico, virou um inesperado campo de batalha midiático – e até diplomático. Dois meses depois da administração municipal anunciar um público recorde de 2,1 milhões de pessoas, o jornal britânico BBC contestou a cifra, estimando que o número mais próximo do real seria de cerca de 660 mil.
A polêmica começou com uma matéria do setor de verificação da BBC, que analisou imagens do evento e consultou especialistas em densidade de multidões. Segundo a emissora britânica, para comportar 2,1 milhões de pessoas seria necessário ocupar toda a extensão da praia, e não apenas o trecho reservado para o show.
Dessa forma, a conclusão do veículo foi que a estimativa da prefeitura do Rio de Janeiro era “altamente improvável” e recalculou o público em 660 mil.
Guinness defende número recorde no show da Lady Gaga
Antes do debate entre os cariocas e os britânicos, o Guinness World Records divulgou uma cifra ainda maior. Segundo a organização, o show de Lady Gaga atraiu cerca de 2,5 milhões de pessoas, o que tornaria o concerto musical solo mais assistido da história. O recorde anterior era de Madonna, que reuniu 1,6 milhão de pessoas na mesma praia de Copacabana, em 2024.
Ambos os eventos fazem parte de uma série de shows gratuitos promovidos pela empresa Live Nation em parceria com a agência de turismo do Rio (Riotur). Somente com a apresentação de Lady Gaga, por exemplo, a expectativa era a de uma movimentação de R$ 600 milhões (US$ 105,8 milhões) na economia local.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), reagiu à reportagem da BBC com ironia e colocou uma fórmula na postagem que fez em rede social: “Sabem de nada! Não entendem de Rio! No mesmo espaço que cabem 660 mil britânicos, cabem 2,2 milhões de brasileiros animados e felizes! E calientes!”
Embaixadora britânica busca conciliação com humor
A fórmula publicada por Paes, supostamente utilizada pela Riotur na estimativa do público, exalta o que chamou de “matemática carioca”. A equação inclui a área efetiva utilizada, a função de densidade da multidão ao longo do tempo, um multiplicador de fluxo de pessoas – que considera a rotatividade – e um fator de correção para o espaço disponível.
Segundo a prefeitura, o cálculo buscou estimar o total de pessoas que passaram pela área durante todo o evento, não apenas aquelas presentes em um único momento. A discussão ganhou contornos diplomáticos após a intervenção da embaixadora britânica no Brasil, Stephanie Al-Qaq, que comentou o episódio em tom conciliador, mas bem-humorado.
“O prefeito Eduardo Paes não ficou muito feliz com uma reportagem recente sobre os números da Lady Gaga em Copacabana. Ele fez questão de me mostrar. Mas uma coisa ninguém pode negar: o Rio é uma das principais cidades do mundo quando o assunto é reunir multidões apaixonadas pela música”, atenuou.
Apesar dos diferentes cálculos, o maior show em Copacabana continua sendo o de Rod Stewart na véspera de Ano Novo de 1994, que, segundo o Guinness, reuniu cerca de 3,5 milhões de pessoas – incluindo os presentes apenas para a queima de fogos.
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