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Matriz africana

Prefeitura do Rio reconhece benzedeiras e oferendas como “equipamentos de saúde”

Representante do Centro Cultural Pequena África, Celina de Xangô, participa de lavagem do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.
Representante do Centro Cultural Pequena África, Celina de Xangô, participa de lavagem do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

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A Secretaria de Saúde da cidade do Rio de Janeiro reconheceu oficialmente práticas como as oferendas e a consulta com benzedeiras.

A decisão foi publicada no Diário Oficial na última quarta-feira (19), em uma portaria recebeu a chancela de duas secretarias da gestão Eduardo Paes (PSD): a de Saúde e a de Meio Ambiente.

A decisão não cita estudos científicos sobre a eficácia dessas práticas. Em vez disso, menciona "a equidade, a integralidade e a transversalidade, e o dever de atendimento das necessidades e demandas em saúde dos povos tradicionais de matriz africana."

O documento também se respalda em normativas do Conselho Nacional de Saúde e do Ministério da Saúde reconhecendo métodos alternativos de promoção da saúde.

A lista de práticas reconhecidas pela prefeitura como "como equipamentos promotores de saúde e cura complementares e integrativas ao SUS" tem sete itens, todos eles associados a crenças de origem africana:

  • Banhos de ervas;
  • Defumação (incluindo o uso de incenso para a "purificação do ambiente");
  • Benzedeiras (“mulheres que utilizam água, óleos essenciais e ervas ancestrais com preces que conectam a espiritualidade e o humano”);
  • Chás;
  • Escalda pés, descrita como uma “solução com água, sal, ervas e óleos essenciais para os pés”;
  • Ebó/Sacudimento/Sakamene/Sukulu Mpemba, apresentadas como “limpezas realizadas no corpo e nos ambientes” com “velas água, defumação, ervas, alimentos, especiarias, favas pós”;
  • Bori/Amaci/Ngudia Mutue/Tá/Kudia kua Mutuê, que o documento descreve sucintamente como práticas de “oferenda de comidas/alimentos à cabeça”.

Portaria prevê parcerias com comunidades religiosas

Com base na portaria divulgada no dia 19, a prefeitura poderá realizar "parcerias voluntárias" com "comunidades tradicionais".

Além disso, a portaria da Prefeitura do Rio de Janeiro reconhece as instituições participantes do Programa Casas Ancestrais, criado em 2022, como "área de abrangência da unidade de saúde". O programa tem como objetivo o apoio a entidades religiosas ligadas ao candomblé e outras crenças de origem africana.

O texto ainda estabelece que as unidades de saúde devem levar em conta restrições alimentares das crenças de matriz africana durante o atendimento aos pacientes. A resolução menciona especificamente o “estado de preceito, interdição ou aquilo que contraria as restrições alimentares, de roupas e objetos interpessoais”.

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