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Zema muda secretariado e reorganiza Legislativo de olho em 2026

Zema e Marcelo Aro, em prédio histórico do governo de Minas.
Zema e Marcelo Aro na cerimônia de posse do secretário, no Palácio da Liberdade, prédio histórico que já foi o local de trabalho dos chefes do Executivo mineiro. (Foto: Dirceu Aurélio/Governo de MG)

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O governo de Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais passou por uma sequência de mudanças no secretariado nesse início de 2025. A estratégia é comum entre governos estaduais no ano que antecede a eleição.

Em Minas, a cerimônia de posse de Mila Corrêa da Costa como secretária de Desenvolvimento Econômico, no último dia 12 - no lugar de Fernando Passalio - fechou um ciclo de troca de nomes do primeiro escalão. As secretarias estaduais de Governo e de Planejamento e Gestão, além da Casa Civil e das empresas Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) também estão sob nova direção.

E a dança das cadeiras não se limita ao Executivo estadual: na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a saída do PL da base do governo Zema logo no início de fevereiro e a reorganização dos blocos na Casa podem ser um indicativo de como serão as eleições em 2026.

Passalio, que esteve à frente da pasta de Desenvolvimento Econômico de Minas desde 2021, assumiu a Copasa, enquanto Luísa Barreto, que foi a candidata do Novo nas eleições municipais de 2024, concorrendo como vice na chapa de Mauro Tramonte (Republicanos), deixou a Secretaria de Planejamento e Gestão para assumir a Codemge. No lugar de Luísa assumiu Silvia Listgarten, que era chefe de gabinete da pasta.

Nos bastidores, especulou-se que a saída de Passalio seria uma forma de garantir que Mateus Simões, sucessor oficial de Zema, já tivesse aliados em posições estratégicas do governo. De todo modo, a Gazeta do Povo ouviu de uma fonte ligada à secretaria que Passalio é "um dos homens de confiança do governador” e que a saída dele não estaria relacionada a uma eventual oposição a Simões.

A postura do Executivo estadual reforça esse discurso, já que o agora ex-secretário participou da posse de Mila Corrêa. Em nota enviada à reportagem da Gazeta do Povo, o governo Zema afirma que Mila “dará continuidade às ações de atração de investimentos e geração de emprego e renda no estado, conforme o legado deixado pelo ex-secretário Fernando Passalio”, e acrescenta que a escolha se deu por sua capacidade técnica e experiência para estar à frente de uma secretaria estratégica.

A saída que pode ter maior peso é a de Gustavo Valadares, deputado há mais de 20 anos, que esteve na Secretaria de Governo entre julho de 2023 e fevereiro desde ano. No lugar dele assumiu Marcelo Aro (PP), que foi candidato ao Senado em chapa com o Novo em 2022, e ocupou a chefia da Casa Civil desde abril de 2023. A Secretaria de Casa Civil foi criada durante a reforma administrativa daquele mesmo ano. A cadeira desocupada por Aro passou a Luiz Otávio de Oliveira Gonçalves, que era secretário geral adjunto.

Apesar de o próprio Mateus Simões ter afirmado em entrevistas concedidas na época que Valadares saiu sem nenhum desgaste, interlocutores da Assembleia Legislativa afirmam que a dificuldade em articular com o Legislativo, especialmente após a saída oficial da bancada do PL da base do governo, o deixaram enfraquecido. Especula-se, ainda, que Valadares teria saído para aguardar sua indicação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).

Também em nota, o governo Zema disse que “as recentes mudanças nas secretarias de Estado de Governo, Planejamento e Gestão, Desenvolvimento Econômico e Casa Civil fazem parte de um movimento natural para aproveitamento da experiência técnica e ou política dos profissionais envolvidos em diferentes pastas, contribuindo para avanços das boas práticas de gestão e nos resultados que vêm sendo alcançados pelo governo de Minas”.

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O novo secretário de Governo de Zema ganhou uma cerimônia de posse festiva, realizada no Palácio da Liberdade em 20 de fevereiro. Entre os convidados, prefeitos de várias cidades onde Marcelo Aro e família têm base política e autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário mineiro. Na ocasião, o próprio Zema comentou em discurso que nem ele havia tomado posse “com tanta gente assistindo”.

O governador ainda enfatizou que conhece Aro há bastante tempo, já que, quando foram candidatos em 2022,conviveram enquanto faziam campanha pelo estado. “Vejo no Marcelo um jovem extremamente talentoso, capacitado, com total condição, como ele já mostrou na Casa Civil, de assumir e conseguir marcar muitos gols para o nosso governo, na Secretaria de Governo, que eu tenho certeza ele vai conduzir muito bem. Vai ter todo o apoio meu e desejo muito sucesso”, disse Zema então.

Posse de Marcelo Aro no governo de Zema, em Minas, lotou os jardins do Palácio da Liberdade.Posse de Marcelo Aro lotou os jardins do Palácio da Liberdade, prédio icônico para a política mineira. (Foto: Marília Rodrigues/Especial para a Gazeta do Povo)

Aro tem um vínculo familiar com a política e é conhecido nos bastidores por ser um excelente articulador, além de ter boas bases, tanto na capital quanto no interior de Minas. Foi eleito vereador de Belo Horizonte em 2012 e deputado federal em 2015. É filho do deputado estadual José Guilherme Ferreira Filho, o Zé Guilherme (PP), e da vereadora de Belo Horizonte Marli Aparecida de Aro Ferreira, a Professora Marli (PP).

A família de Aro controla há décadas a Federação Mineira de Futebol (FMF), entidade responsável pela organização e fomento de todos os campeonatos do estado, atualmente presidida pelo irmão dele, Adriano Aro.

Na cerimônia de posse, Aro agradeceu ao governador pela confiança e reforçou o peso do novo cargo. Também aproveitou para dizer que entre as metas está a adesão ao Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), para o refinanciamento da dívida de Minas com a União, que está em R$ 180 bilhões.

“Nem um centavo dessa dívida foi feito pelo governador Romeu Zema. É uma dívida herdada e que é paga através do regime de recuperação fiscal que, diga-se de passagem, está em dia. O governador tem honrado cada parcela do regime de recuperação fiscal”, afirmou.

Em 13 de março, Aro também foi designado pelo governado para ser o chanceler-geral das Medalhas do estado. A função não é remunerada e, por isso, é considerada serviço de interesse público. Entre as atribuições está a de coordenar a distribuição das medalhas de honra concedidas pelo governo, a partir de regras prestabelecidas. Apesar de não ter direito a voto, é o chanceler quem envia uma lista de indicações ao governador.

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Mais mulheres, nomes técnicos e equipe enxuta

Um ponto que chama a atenção e chegou a ser motivo de troca de farpas entre Zema e o presidente Lula (PT) durante a inauguração de uma fábrica em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, é a quantidade de nomes técnicos e um secretariado enxuto, quando comparado com o número de ministérios no governo federal. Minas tem 14 secretarias, contra as 38 pastas do governo Lula.

Na ocasião, Zema agradeceu a equipe de secretariado “que pegou um estado que qualquer um teria recusado”, fazendo referência às enormes dívidas que Minas enfrenta desde o início de seu primeiro mandato. A repercussão do caso ganhou destaque e o próprio Zema fez uma publicação que ampliou a discussão.

Em um vídeo de minuto e meio, o governador mineiro inicia dizendo que o presidente está “fora da realidade”, “em modo avião”, e que esse pode ser o motivo de Lula se esquecer de que o governo PT entre 2015 e 2016 seria responsável por uma das maiores crises que o país já viveu.

No Executivo de Minas, as escolhas recentes são consideradas nomes técnicos e com currículos vistosos. Mila, por exemplo, é consultora legislativa de carreira da Assembleia Legislativa estadual e advogada há mais de uma década; Sílvia e Luísa são especialistas em gestão pública, egressas da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro e com sólida carreira no governo do estado.

Mila Corrêa, Sílvia  Listgarten e Luísa Barreto ocupam cargos de liderança no primeiro escalão do governo Zema. Mila Corrêa, Sílvia Listgarten e Luísa Barreto ocupam cargos de liderança no primeiro escalão do governo Zema. (Foto: Fotomontagem Gazeta do Povo a partir de imagens de Gil Leonardi e Cristiano Machado/Governo de MG)

O número de mulheres também se diferencia das lideranças no Executivo federal. Em Minas, desde 2019, 10 mulheres já ocuparam cadeiras de primeiro escalão. Hoje, além do Planejamento e do Desenvolvimento, a Ouvidoria-geral do Estado, o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Social são pastas chefiadas por mulheres.

Ainda entre as lideranças está a coronel Jordana de Oliveira, primeira mulher a assumir o comando-geral do Corpo de Bombeiros, e Letícia Gamboge, delegada-geral da Polícia Civil de Minas.

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Nova divisão no Legislativo de Minas não impacta apoio ao governo Zema

A saída oficial da bancada do PL da base do governo na Assembleia Legislativa de Minas, movimento que era especulado desde o final do ano passado, pode ser um indício de como a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer caminhar em 2026. Oficialmente, nem o líder da bancada, Bruno Engler, nem o presidente estadual, Domingos Sávio, descartam apoiar Zema e o Novo.

A nova composição do Legislativo estadual conta, além da bancada do PL - que é composta por 11 deputados - com dois blocos governistas que somam 46 deputados: “Minas em Frente”, formado por PSD, PP, União Brasil, PMN, Novo e Podemos; e “Minas Avança”, com  PSDB, Cidadanina, MDB, PRD, PDT, PSB, Avante, Republicanos e Solidariedade.

O bloco da oposição, “Democracia e Luta”, tem 20 deputados de partidos da esquerda: PT, PcdoB, PV, Psol e Rede. Há ainda a bancada feminina, liderada por Lohanna França (PV), com 15 deputadas.

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