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Clássica

100 anos de Benjamin Britten

Centenário do compositor britânico, autor de obras-primas como a ópera Peter Grimes e considerado um dos mais importantes do século, foi celebrado ontem em todo o mundo

Britten: genialidade à frente de seu tempo | Divulgação
Britten: genialidade à frente de seu tempo (Foto: Divulgação)

A Inglaterra, apesar de sua importância econômica e política, ficou por séculos sem ver um grande compositor nascer em seu território. Depois de Henry Purcell (1659-1695) o país viveu uma lacuna de quase dois séculos até o surgimento de Benjamin Britten (1913-1976).

Pacifista convicto, Britten sai da Inglaterra no início da Segunda Guerra Mundial estabelecendo-se com seu companheiro, o tenor Peter Pears, nos Estados Unidos, onde compõe obras-primas com forte conteúdo pacifista: Sinfonia da Réquiem (uma reflexão sobre as monstruosidades da guerra) e o Concerto para Violino e Orquestra (homenagem aos mortos da guerra civil espanhola).

Volta à Inglaterra em 1942 e se utiliza do recurso conhecido como conscientious objector (recusa pela consciência) para não se alistar. É neste período que demonstra suas qualidades na escolha dos textos de suas obras vocais. Depois de Les Illuminations, para voz e cordas, a primeira composição importante da história a se utilizar de textos de Arthur Rimbaud (1854-1891), compõe a obra prima Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, com uma soberba seleção de textos de poetas ingleses.

Em 1945, Britten é reconhecido e reverenciado por seu país. A ópera Peter Grimes estreia em Londres com gigantesco sucesso – é a primeira ópera inglesa a receber aclamação mundial desde Dido and Eneas de Purcell, no século 17. O reconhecimento de seu talento neutraliza as críticas por ter se recusado a lutar na Segunda Grande Guerra e por ter uma vida particular ousada para sua época. Britten torna-se uma instituição nacional e é convidado a compor uma ópera, Gloriana, para a coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953.

Últimos anos

Muito da fama de Britten veio de uma obra composta em 1961: o Réquiem de Guerra. Concebida para coro, orquestra, orquestra de câmara e três solistas, ela reflete as crenças pacifistas do compositor. Foi encomendada pelo governo inglês para a reinauguração da Catedral de Coventry, destruída por bombardeios nazistas. Com sua habitual habilidade em se utilizar de grandes textos poéticos, ele juntou o texto tradicional da missa de réquiem católica com poemas de Wilfred Owen, poeta pacifista e soldado, que faleceu em combate uma semana antes do fim da Primeira Guerra.

As reflexões de Owen fazem o texto "pétreo" da missa católica assumir um aspecto novo. Esta grandiosa obra, a mais ambiciosa do compositor, é sem dúvida uma de suas maiores composições.

A última composição importante de Britten foi a ópera Morte em Veneza (1973), baseada no romance de Thomas Mann. O fato de seu companheiro Peter Pears ter cantado a estreia em Londres e a primeira montagem no Metropolitan Opera de Nova York faz esta partitura assumir os ares de uma obra autobiográfica. Britten faleceu de uma grave doença cardíaca em 4 de dezembro de 1976.

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