16, dos 20 aos 30

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Em 1971, os irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle compuseram uma canção que tomou conta das rádios e se tornou uma espécie de hino geracional, pregando, no auge da contracultura e da revolução sexual, que não se devia confiar em ninguém com mais de 30 anos. Passadas mais de quatro décadas, esse limite etário emblemático ainda parece ter inegável valor simbólico: representa uma suposta chegada à maturidade, e uma espécie de despedida de uma primeira fase da juventude.

Não à toa, a editora curitibana Travessa dos Editores, ao tomar a iniciativa de publicar uma coletânea de contos produzidos por jovens escritores paranaenses – ou radicados no estado – estabeleceu que esses autores deveriam ter entre 20 e 30 anos. O resultado dessa empreitada tem o título de Livro dos Novos e será lançado hoje, às 19 horas, na Livraria da Vila, do shopping Pátio Batel.

A organizadora da seleção, a escritora e jornalista Adriana Sydor, contou à reportagem da Gazeta do Povo que, à medida em que a notícia do projeto se espalhava, mais e mais textos eram encaminhados à editora. Ela calcula entre 350 e 400 o número de contos lidos e analisados, para a escolha final dos 16 que integram o volume que chega hoje às livrarias.

Segundo Adriana, o proprietário da Travessa dos Editores e editor da coletânea, o também escritor e jornalista Fábio Campana, "teve esse olhar de abrir espaço para escritores que ainda não têm o reconhecimento de público e crítica", fazendo uma aposta do que está por vir no horizonte da literatura feita no Paraná. "É uma espiada no futuro."

Entre os selecionados estão dois jornalistas da editoria Vida e Cidadania da Gazeta do Povo. O curitibano Cristiano Castilho, de 29 anos, editor-assistente e também colunista do Caderno G, participa do livro com "Alvorada"; o fluminense Yuri Al’Hanati, repórter, 27, teve seu conto "Hominho" publicado. Os outros "novos" são Ana Figueiredo, Arthur Tertuliano, Celso Alves, Daniel Zanella, Dédallo Neves, Felipe Franco Munhoz, Felipe Kryminice, Francine Portírio, Guylherme Custódio, Marco Antonio Santos, Mellissa R. Pitta, Renan Machado, Rodrigo Araújo e Walter Bach.

Indagada se há algum traço comum entre os 16 contos selecionados, Adriana diz que achou muito curioso perceber que praticamente todos os textos compartilham, em maior ou menor medida, uma certa angústia. "Os textos têm um pessimismo, uma certa amargura, que, para quem os lê em conjunto, chama a atenção." Mas não são textos ensimesmados, autorreferentes. "Percebi, em determinados textos, até o contrário: a vontade de sair de si, de falar de outras realidades, outras vidas."