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Música

40 anos depois, Expresso 2222, de Gl, é reeditado

Gil na volta do exílio em Londres: cabeça tropicalista encharcada da experiência europeia | Agência Estado
Gil na volta do exílio em Londres: cabeça tropicalista encharcada da experiência europeia (Foto: Agência Estado)

Era 1972, a volta do exílio de Gilberto Gil em Londres. O artista marcava o retorno com Expresso 2222, um disco que era, de alguma forma, uma tematização do movimento da volta – "Back in Bahia", canções que integravam a tradição nordestina, a Banda de Pífanos de Caruaru. Como em todo retorno, porém, o antigo era visto com olho novo. Processando tudo com a cabeça tropicalista encharcada da experiência europeia, Gil partia para depois do ano 2000. Agora, em 2012, o álbum tem seus 40 anos celebrados com uma reedição pela gravadora Universal, remasterizada em Abbey Road e com o projeto gráfico original do LP adaptado para o CD – um lançamento feito em homenagem também aos 70 anos do compositor. Uma oportunidade de revisitar o álbum, fundamental para a música brasileira.

Sua importância passa pela originalidade das releituras de um cancioneiro com caráter regional (quatro das nove faixas não eram de Gil, mas de compositores como João do Vale e Gordurinha), pelo desenvolvimento das ideias tropicalistas, pela presença de clássicos como a canção-título e "Oriente"... Moreno Veloso chama a atenção, de forma categórica, para um aspecto específico.

"O disco mudou o modo como o Brasil passou a olhar para o violão. Depois de Caymmi e João Gilberto e antes de João Bosco e Roberto Mendes. Espontaneidade e virtuosismo, muito suingue e limpeza natural de quem não tem medo de acertar e ser feliz com seu dom de instrumentista e compositor. Samba de mais maneiras."

Ali, o violão de Gil está a serviço de inéditas como "O Sonho Acabou", além de brilhar em interpretações como a de "Chiclete com Banana". A seu lado, no estúdio, o músico teve Lanny Gordin (guitarra e baixo), Bruce Henry (baixo), Antônio Perna (piano) e Tutty Moreno (bateria e percussão). Gal Costa (na buliçosa "Sai do Sereno", de Onildo Almeida) e Banda de Pífanos de Caruaru (em "Pipoca Moderna", de Caetano Veloso e Sebastiano Biano) são os convidados. Juntos, sob o comando de Gil, a banda criou a sonoridade. Roberto Menescal, que assina a coordenação de produção do disco, conta que o baiano sabia exatamente o que queria.

"Não tive interferência em nada, apenas viabilizava o que Gil precisava", lembra Menescal, que teve de cortar um dobrado para tornar viável a capa do disco. "O artista responsável (Ednizio Ribeiro Primo) me mostrou o projeto, redondo, bacana. ‘Tá, agora só vamos ter que reduzir para caber no quadrado da capa padrão.’ Ele: ‘Não, meu projeto é assim mesmo.’ ‘Mas temos as caixas-padrão para armazenar os discos’. ‘Vocês podem fazer caixas maiores.’ ‘Mas tem as nossas prateleiras, o espaço das lojas.’ E ele respondendo que tudo podia ser mudado para caber o disco. Demorei a convencê-lo a fazer como saiu, dobrando para ficar quadrado. Mesmo assim, saiu caro. A cada disco vendido, perdíamos o equivalente a R$ 1. Mas era investimento."

Expresso 2222 é relançado simultaneamente com Cérebro Eletrônico, álbum de Gil de 1969, também remasterizado. Com direção musical de Rogério Duprat, o disco de "Aquele Abraço" ganhará as lojas também em vinil.

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