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Visuais

8 fotógrafos, 1 Alemanha

Grupo de profissionais procura pensar, por meio de imagens, as mudanças experimentadas pela sociedade alemã pós-Muro de Berlim

Em “Infância”, Anne Schönharting fotografou crianças abandonadas que são atendidas pelo governo | Fotos: Reprodução
Em “Infância”, Anne Schönharting fotografou crianças abandonadas que são atendidas pelo governo (Foto: Fotos: Reprodução)
Flagrante de Linn Schröder: elefantes perto de uma igreja berlinense |

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Flagrante de Linn Schröder: elefantes perto de uma igreja berlinense

Tudo na fotografia é desolação. Um garoto, com o cabelo cortado de qualquer jeito e as unhas roídas, olha para baixo enquanto come uma fatia de pão. O ambiente é um refeitório de cadeiras gastas e paredes pálidas. Os móveis e o objeto (o prato, não há talheres) são simples. As janelas, altas demais (é impossível para o menino olhar o que há lá fora). E é um pouco incômodo notar o símbolo do euro estampado das toalhas de mesa.A imagem faz parte da série "Infância", de Anne Schönharting, uma dos oito artistas que compõem a exposição Imagens da Alemanha, apresentada pelo Goethe-Institut a partir de hoje no Palacete dos Leões, prédio do Espaço Cultural BRDE (Banco Regional de Desenvol­vi­mento do Extremo Sul).A mostra reúne profissionais da Ostkreuz, agência fundada em 1990 cheia de excentricidades. Sua sede é numa região remota da antiga Berlim Oriental, num dos últimos prédios da cidade ainda sem saneamento. Quinze anos depois, levados à olhar para a Alemanha pós-Muro, os 17 fotógrafos da agência tiveram liberdade para criar séries que revelassem as mudanças experimentadas pelo país, da unificação aos dias atuais.Por meio do Goethe-Institut, a exposição – reorganizada com apenas oito dos 17 artistas – viaja o mundo e chega a Curitiba exatamente no ano em que se celebra as duas décadas da queda do muro. A seleção, feita pela própria Ostkreuz, coloca lado a lado estilos bem diversos.

Enquanto Annette Hauschild capta a espontaneidade de uma caminhada de domingo, Wolfgang Bellwinkel cria fotos meticulosamente pousadas, feitas a partir de uma pesquisa com jovens (a pergunta foi algo como "qual o seu ideal de felicidade?").

"Essas fotografias são registros de uma sociedade em transição, em que muitos se sentem inseguros – tanto na vida íntima quanto na profissional –, mas também veem chances de um novo começo", escreve a crítica Franziska Schmidt no catálogo da exposição. "Os integrantes da Ostkreuz levantam questões fundamentais da vida, tratam das diferenças entre o que é familiar e o que é estranho, questionam identidade e futuro, as necessidades pessoais e as tristezas de cada um, e criam um contraponto entre a vida cotidiana e o não-convencional."

Para Franziska, um tema recorrente nas oito séries é a noção de pátria "como um determinante político, social e geográfico, mas também como uma expressão de sentimentos e lembranças". Às vezes, os discursos dão lugar à poesia – como a dos elefantes em meio à neve no trabalho de Linn Schröders.

Serão 62 fotografias, somando as coloridas e as preto e branco, com molduras de madeira e dimensões de 52,5 cm por 62,5 cm.

Serviço: Imagens da Alemanha. Palacete dos Leões – Espaço Cultural BRDE (Av. João Gualberto, 530 – Alto da Glória), (41) 3219-8134. Abertura da exposição hoje, às 19 horas. Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. Entrada gratuita. Em cartaz até 6 de novembro.

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