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Primeiro encontro de Paulo Biscaia com Abu acabou em “xingamentos.” | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Primeiro encontro de Paulo Biscaia com Abu acabou em “xingamentos.”| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A notícia da morte de Antônio Abujamra foi extremamente dura para o diretor Paulo Biscaia Filho, que atribui a ele seu investimento no gênero grand guignol e a própria existência de sua companhia de teatro, a Vigor Mortis.

Hoje o grupo cresce em prestígio nacional: é o único representante do Paraná a percorrer o país pelo festival itinerante Palco Giratório, do Sesc, com Jukebox Vol.1.

Mas o começo foi em 1993. Biscaia havia feito assistência de direção para um evento de Abujamra em Curitiba, e dessa forma tinha conhecido o homem. Foi escracho à primeira vista. “Eu fui buscá-lo no aeroporto, e ele tinha a mania de testar as pessoas xingando. Só que ele me xingou em francês e eu entendi e devolvi com outro, também em francês. Começou ali”, relembra.

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Biscaia estava em cartaz com o espetáculo Sangue para uma Sombra, no parque São Lourenço. Havia um ônibus destacado especialmente, com saída do Café do Teatro. Pois Abujamra deu batida no teatro de surpresa – aliás, foi o único a usar a condução especial.

Ao final do espetáculo – que, de acordo com o próprio Paulo, não era tão bom assim –, Abu o chamou num canto e sugeriu: “Por que você não faz o grand guignol?” “Eu nunca tinha ouvido aquelas duas palavras antes. E aquela bobagem que ele falou acabou se tornando parte de quem eu sou”, emociona-se.

Biscaia estudou as origens desse estilo que aterrorizou Paris na primeira metade do século 20 em seu mestrado na Inglaterra, e dedicou a dissertação, claro, a Abu.

A relação de amizade perdurou. “Ele ligava para amigos do nada. Deixou um recado na minha secretária eletrônica, uma vez, dizendo ‘Paulinho, estou em Nice, comendo uma lagosta incrível’. Outra vez me mandou cartão postal de Juazeiro do Norte...ele era assim.”

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