São Paulo - Em 2008, ele foi eleito pelos críticos ingleses o livro do ano na Grã-Bretanha e quase faturou o cobiçado Man Booker Prize. Perdeu para O Tigre Branco, do indiano Aravind Adiga, mas frequenta a lista dos mais vendidos nos EUA desde que o presidente Barack Obama recomendou, em maio último, a leitura de Netherland.
O livro chega neste fim de semana às livrarias brasileiras com o título Terras Baixas, um mês antes do desembarque de seu autor, o irlandês (e agora cidadão americano) Joseph ONeill, no Rio de Janeiro. O escritor vai participar (dia 19 de setembro, às 18h30) da 14ª Bienal do Livro.
Joseph ONeill é o típico cidadão do mundo globalizado. Nascido na Irlanda há 45 anos, descendente de turcos e irlandeses, ele passou sua juventude na Holanda, estudou Direito na Inglaterra e fez escala em Moçambique, Irã e Turquia antes de fixar residência em Nova York, onde vive com a família. Seu terceiro livro de ficção, Terras Baixas, como era de se esperar, é um exemplo de literatura pós-nacionalista e, mais que isso, um sólido romance sobre permutações culturais em que um jogo pouco popular nos EUA, o críquete, serve como metáfora da exclusão social de imigrantes no país de Obama.
Se é possível resumir numa única frase o livro de ONeill, ela vem pela boca de um dos marcantes personagens de Terras Baixas, Chuck Ramkinssoon, caribenho de Trinidad que aparece boiando, com algemas no pulso, no poluído Gowanus Canal do Brooklin, logo no começo do livro. Mas vamos à frase: Chuck, um Gatsby de pele morena, diz a seu parceiro de críquete, o holandês Hans van den Broek, que os EUA não serão um país completo até assimilar o críquete. E o que quer dizer isso? Simples: que um jogo como esse, do qual só participam expatriados caribenhos e imigrantes asiáticos, tem de ser reconhecido para que o país de Obama se livre de vez da xenofobia provocada pela paranoia do 11 de Setembro.
Serviço
Terras Baixas, de Joseph ONeill. Alfaguara/Objetiva, 272 págs., R$ 42,90.



