
Na noite de 4 de setembro de 2001, Maria Bethânia subiu ao palco do extinto Canecão, mítica casa de espetáculos no Rio de Janeiro, para celebrar seus 35 anos de carreira. A comemoração aconteceu com certo atraso, é verdade, já que é considerada a estreia profissional da cantora baiana a sua participação, em 1965, no musical Opinião, em substituição de Nara Leão, com com Zé Kéti, e João do Vale.
Passados mais de 11 anos desde essa grande celebração à carreira de Bethânia, a gravadora Biscoito Fino acaba de lançar, em DVD, Noite Luzidia, registro desse show no Canecão, que reuniu vários dos nomes mais importantes da Música Popular Brasileira.
Como não se trata de um projeto roteirizado em detalhes, ensaiado exaustivamente, como costuma ser o caso dos espetáculos de Bethânia, quase sempre impecáveis, Noite Luzidia tem lá seus altos e baixos. Mas eles são desculpáveis, dadas as circunstâncias. Vale dizer aqui que registros piratas de áudio e vídeo da apresentação circularam, ao longo de todos esses anos, antes que uma versão oficial chegasse ao mercado.
Ao todo, são 18 convidados, e a química entre Bethânia e os artistas com os quais divide os microfones e o palco do Canecão varia conforme o caso.
É notável, por exemplo, a sintonia no dueto com Adriana Calcanhotto na canção "Depois de Ter Você", escrita pela compositora e cantora gaúcha para Bethânia, que a gravou no álbum Maricotinha, lançado naquele mesmo ano. Outro momento sensacional do show é "Sem Fantasia", no qual a cantora baiana encontra o compositor mais essencial em sua carreira: Chico Buarque, de quem gravou dezenas de canções.
A escolha de "Sem Fantasia" não foi feita ao mero acaso. Remonta ao repertório do hoje mítico show Chico Buarque & Maria Bethânia ao Vivo, que fez temporada no mesmo Canecão em 1975, depois lançado em disco, também com enorme sucesso. O compositor de "Terezinha" e "Olhos nos Olhos", hits da cantora, participa, ainda, ao lado de Edu Lobo, de "A Moça do Sonho".
Além desses medalhões da MPB de sua geração, como Chico, Edu e Caetano Veloso, Maria Bethânia quis chamar para a festa nomes então emergentes no cenário nacional. Com Ana Carolina, que estava estourando nas paradas daquela época, ela canta "Pra Rua Me Levar", composta pela intérprete mineira em parceria com Antonio Villeroy. O resultado do dueto é um tanto irregular, pois há um certo descompasso entre a pegada mais pop de Carolina e o canto de Bethânia.
Menos conhecida à época era a matogrossense Vanessa da Mata, que havia composto, com Chico César, a canção-título do disco A Força Que Nunca Seca, lançado por Bethânia em 1999. No show, antes de se tornar estrela de brilho próprio, Vanessa canta outra de suas composições, "O Canto de Dona Sinhá (Toda Beleza Que Há)". Caetano Veloso fecha o trio.
Extras
Apesar de ser, essencialmente, o registro do show no Canecão, Noite Luzidia traz, entre os extras, entrevistas e depoimentos com os convidados, e vídeos de duas músicas gravadas em estúdio.
Com Edu Lobo, também presente na apresentação ao vivo, Bethânia canta "Beatriz", escrita em parceria com Chico Buarque para O Grande Circo Místico, espetáculo musical brasileiro criado para o Balé Guaíra. O outro clipe incluído nos extras é o de "Canções e Momentos", no qual a baiana faz dueto com Milton Nascimento, autor da canção, junto com Fernando Brant.




