
Símbolo de status entre jovens, cursar a Escola do Teatro Guaíra significa um esforço continuado, aulas diárias, intenções profissionais. Salvo engano, a entidade criada em 1956 é a única estadual no país, ao lado da escola do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Os convites para apresentações em festivais prestigiados como o de Joinville, considerado o maior do mundo, são frequentes.
O cabedal de credenciais entra em contraste com a deterioração de condições físicas para o funcionamento da escola. Desde o ano 2000, as aulas acontecem num prédio onde funciona uma vidraçaria, no bairro Jardim Botânico. O local deveria ser provisório até a construção de sede própria. A Gazeta do Povo já mostrou, em maio de 2012, os problemas estruturais do local, como o estúdio com um pilar no meio da sala, forros e pisos lascados e umidade prejudicial à saúde.
Um terreno de 6,5 mil metros quadrados já foi destinado à construção da nova escola, mas, sendo realista, as chances de o prédio sair são mínimas num futuro próximo, considerando a redução de verbas destinadas à cultura pelo governo do Estado. Um projeto da gestão passada orçou a obra em R$ 15 milhões. O secretário de Estado da Cultura, Paulino Viapiana, não deu entrevista sobre o assunto à reportagem.
Além da locação inadequada, a escola carece de novos professores e pianistas, já que, no prazo de cinco anos, a maioria estará apta a se aposentar três já poderiam fazer isso, mas optaram por continuar mantendo a escola viva. Há mais de 15 anos sem concurso, a escola tapa buracos com estagiários e artistas contratados por até três meses, máximo permitido pela lei.
Com relação a seus recursos humanos, uma esperança seria a possibilidade de contratações via Organizações Sociais, hoje impossível.
Trabalho conjunto
Apesar das limitações, a escola não se considera em crise, e comemora apresentações como a deste domingo, em Joinville, onde cerca de 40 alunos e ex-alunos de 13 a 25 anos apresentam o balé Passione, de Patrícia Otto, professora da escola. No dia 26, o grupo volta à cidade catarinense com o segundo ato de Giselle, em remontagem desse clássico feita pela também professora Carla Reinecke.
O problema é quando o convite para a escola dançar vem com pouca antecedência, o que impossibilita a licitação para contratar um simples ônibus. Em ocasiões como essa, os alunos já viajaram após uma vaquinha organizada pela Associação de Pais e Mestres da escola. "Várias coisas precisam ser feitas, mas não temos verba. Temos medo de que a escola venha a acabar", lamenta a presidente da associação, Sirlete Piazzetta.
Questionada, a diretora do Teatro Guaíra Mônica Rischbieter se diz tranquila quanto ao futuro da escola, apesar das dificuldades. "Não vai acabar enquanto as mulheres que a comandam estiverem lá. São de uma seriedade que nunca vi igual", disse à Gazeta do Povo.
"São 57 anos de escola e ela tem uma história que precisa ser continuada", pede a coordenadora Sylvia Massuchin.
Caroline Loyola
Depois de cursar a escola do Guaíra, integrou o balé de São Francisco e várias companhias dos Estados Unidos.
Letícia Sabatella e Simone Spoladore
As atrizes globais são ex-alunas da Escola do Guaíra.
Daniele Reinecke
A formação no Guaíra lhe abriu portas para atuar em musicais. O mesmo aconteceu com outros alunos.
Eleonora Greca e Regina Kotaka
Respectivamente, antiga e atual primeiras-bailarinas do Balé Guaíra, formadas pela escola do teatro.
Morgana Cappellari
Depois do Guaíra, passou pelos Estados Unidos e Balé de São Paulo.
Nayara Lopes
Cursou o Guaíra e ganhou bolsa para conhecer o New York City Ballet. Hoje dança no Canadá.
Arthur Louarti
Após a formação inicial no Guaíra, hoje integra uma companhia belga criada pelo mestre Maurice Béjart.
Daniel Camargo
Saiu do Guaíra com bolsa para o Balé de Stuttgart, onde se destacou de tal forma que hoje é considerado o "primeiro bailarino da Alemanha".




