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Lançamento

A música solar de Itamar Assumpção

Zélia Duncan lança o álbum Tudo Esclarecido, dedicado à obra do compositor paulista criado no Norte do Paraná, que inclui parcerias inéditas com Alice Ruiz

Contrariando a densidade relacionada ao músico, morto em 2003, Zélia quis gravar um CD para se ouvir “indo para a praia” | Divulgação
Contrariando a densidade relacionada ao músico, morto em 2003, Zélia quis gravar um CD para se ouvir “indo para a praia” (Foto: Divulgação)
CD: Tudo Esclarecido. Zélia Duncan. Warner Music. R$29,90. MPB |

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CD: Tudo Esclarecido. Zélia Duncan. Warner Music. R$29,90. MPB

Tudo Esclarecido homenageia Itamar Assumpção (1949-2003) com um contraponto reverente: em oposição ao preto de PretoBrás (1998), o novo disco de Zélia Duncan, inteiramente dedicado ao repertório do músico paulista, mas criado em Arapongas, no Norte do Paraná, tem a capa branca.

Não é à toa. A cantora vem gravando canções de Itamar desde 1996, tentando mostrar que o hermetismo e a densidade comumente vinculados ao compositor da Vanguarda Paulista não dão conta de sua faceta pop.

"Ele ficou com esse rótulo. Mas dizer que isso define toda a obra dele é pouco", diz Zélia Duncan, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "As 11 músicas dele que gravei antes desse disco já vinham mostrando que elas são coisas palatáveis, para a gente consumir, no melhor sentido."

Daí o branco: Zélia e a diretora de arte do CD, Simone Mina, querem Itamar à luz do dia – "solar".

"Não um Itamar bobo ou superficial, porque isso seria impossível. Mas um Itamar que está ali ao nosso lado, para a gente ouvir. Não precisa ser cabeção da USP para ouvi-lo", explica a cantora. "Você pode ouvi-lo indo para a praia."

Gravação

Esta foi a orientação de Zélia ao produtor e baixista Kassin, contratado por sugestão de Marcelo Jeneci – outro dos músicos responsáveis pelo resultado palatável do disco, que traz seis parcerias inéditas de Itamar com Alice Ruiz e participações especiais de Ney Matogrosso e Martinho da Vila.

Completam a banda Chris­tiaan Oyens, Pedro Sá, Thiago Silva e Stephane Sanjuan. "O bacana é que eles são músicos criadores", conta Zélia. "Todo mundo trocou de instrumentos. Teve muita liberdade. E eu estava muito segura do que ia fazer. Então, toquei com eles o dia inteiro. Estava na banda", diz a cantora.

As gravações, feitas ao vivo, em estúdio, duraram em torno de cinco dias entre o fim de maio e o início de junho. "Fluiu de um jeito inacreditável", afirma Zélia. "Fiquei muito feliz com a sonoridade, que ficou com uma cara vintage. Gravar junto também dá uma liga diferente."

Canções

O repertório resultou num leque de ritmos: xote, forró, samba, balada folk. Mas o resultado não foi mais que um reflexo da pluralidade intrínseca a Itamar, já que o único critério para selecionar as faixas do CD foi a vontade de gravá-las, de acordo com Zélia.

"Foi o único pré-requisito. Porque, infelizmente, falar em música inédita do Itamar é quase um pleonasmo, porque quase tudo parece inédito, já que é pouco divulgado. Mas a gente está correndo atrás desse abismo", explica a cantora.

Ney e Martinho, dois artistas deliberadamente convidados por conta de sua popularidade, endossariam esta campanha pela difusão da obra do compositor paulista – ele mesmo, um entusiasta do pop, que acabou tendo sua ressonância limitada pela complexidade de sua figura pública, conforme explica Zélia.

"Itamar era muito crítico, tinha um lado revoltado", diz. "Como a gente não tem a história dele, não é ele, a gente consegue se libertar de muitas coisas para chutar mais para o mundo essas canções. Ele ficou muito apegado a um discurso que foi importante para ele. Mas, para mim, o im­­portante é mostrar a sua música."

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