
Presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) desde 2005, Paulino Viapiana terá mais quatro anos à frente da entidade gerenciadora da cultura na cidade. Graças à reeleição do prefeito Beto Richa, o ex-jornalista já traçou planos para seu próximo mandato. O mote da administração da FCC envolve principalmente a descentralização da cultura. A reativação da Pedreira Paulo Leminski tradicional palco curitibano para grandes espetáculos e o término da reforma do Solar dos Guimarães, iniciada em janeiro deste ano, também estão em pauta, bem como a revisão da Lei de Incentivo à Cultura e novas propostas para a contrapartida social dos projetos aprovados. Em entrevista à Gazeta do Povo, Viapiana explicou cada um desses pontos.
Expansão da cultura
Descentralizar projetos culturais e inseri-los nas regiões mais carentes da cidade. Essa promete ser a principal ação da nova gestão da FCC, que vai até 2012. "Prevemos a expansão dos projetos que já realizamos com foco na descentralização. Isso vai se concretizar com a construção de dois novos centros culturais na região sul da cidade", disse Viapiana. Os centros serão construídos nos bairros da Fazendinha e da Cic e custarão R$ 1,5 milhão cada. A escolha do local se deu pela falta de atividades culturais na região. "É uma das regiões mais populosas da cidade e lá há uma demanda muito grande por isso. As instalações serão multifuncionais e equipadas para servirem como sede para cursos e atividades culturais", diz. Outra obra será realizada no Centro Cultural do Portão, desativado por motivos de segurança desde 2006. Segundo o presidente da FCC, a reforma no local que abriga um museu, um cinema e um teatro será iniciada no próximo dia 21, deve custar R$ 3,5 milhões e durar um ano.
Solar dos Guimarães
Fechado há quase 15 anos e em reforma desde janeiro passado, o Solar dos Guimarães, anexo ao Conservatório de MPB, será inaugurado em um mês. É o que promete Viapiana. "Tivemos dificuldades para começar as obras porque os recursos que utilizamos para a revitalização daquele prédio são do convênio que fizemos com o Ministério da Cultura (Minc) em 2005. Mas em 30 dias já teremos o prédio entregue e poderemos ofertar matrículas e cursos de música para a população", disse. A obra custou R$ 1,1 milhão. A FCC arcou com R$ 581 mil e ao Minc coube o restante.
Pedreira
Interditada no ano passado a pedido de moradores da região do São Lourenço, a Pedreira Paulo Leminski pode voltar a ser o principal palco de shows da cidade. "Temos os argumentos prontos para tentar derrubar a decisão judicial. Acredito que é possível reabrir a Pedreira estabelecendo algumas regras mais rígidas para sua utilização, para que nem os moradores tenham incômodos, nem a cidade seja prejudicada pela falta de eventos", comentou Viapiana. O motivo para que a liminar que proíbe shows no local vigorasse foi o horário de funcionamento da casa e não o possível barulho ocasionado. Estratégias como menor número de bandas por evento e um calendário melhor planejado também devem ser adotadas.
Novos editais
"Temos compromisso assumido, que está no plano de governo: a revisão da Lei de Incentivo à cultura em 2009. Vamos encaminhar à Câmara duas alterações que nos darão mais controle sobre recursos investidos e que facilitarão o financiamento de projetos descentralizados", explicou Viapiana. Este ano, 148 projetos foram contemplados pela FCC. Uma nova área de atuação será a cultura digital. "Vamos criar o CCC Centro de Criatividade de Curitiba para que a arte de manipulação de imagens seja contemplada. O prédio anexo à administração da FCC está vazio e pretendemos revitalizá-lo para que seja ocupado com essas artes de vanguarda", disse. Parcerias com o projeto Olho Vivo e cursos oferecidos pela Cinemateca serão o carro-chefe no trabalho com a sétima arte.
Contrapartida social
O que a cidade e sua população devem receber ao entrar em contato com um projeto cultural aprovado pela FCC? Para Viapiana, a contrapartida social é inerente aos projetos que trabalham com comunidades carentes e só funciona a longo prazo. "Se trabalharmos com grupos de assistências comunitárias, a contrapartida estará presente. Mas tenho dúvidas de que se contratarmos projeto de música para dez apresentações, a contrapartida funcione com uma oficina de 15 horas. Tem que durar para sempre, tem que ser um projeto consistente, e os centros culturais que vamos construir podem ter essa função", explicou. Segundo dados da FCC, em 2007 Curitiba utilizou 230 pontos diferentes para abrigar eventos culturais.
Tim Festival
Fãs de Gogol Bordello, The Klaxons e The National, algumas das bandas presentes no Tim Festival, ficaram descontentes ao saber que o evento não seria realizado em Curitiba neste ano. Viapiana diz que o fato nada tem a ver com o imbróglio na Pedreira. "O Tim Festival não veio a Curitiba porque a empresa mantenedora procura outras praças para oferecer seus serviços. Foi uma estratégia de marketing, não teve nada com a Pedreira", explicou.




