Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Gazetinha 35 anos

“A recompensa é construir uma história”, diz editor sobre repórteres mirins da Gazetinha

Suplemente infanto-juvenil lança nesta semana um média-metragem e um videoclipe produzido pelos próprios repórteres mirins e masters que integram a Gazetinha

Cristiano Freitas, editor da Gazetinha | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Cristiano Freitas, editor da Gazetinha (Foto: )

Projeto ajuda na escolha da profissão

Nos últimos anos, foram muitos os adolescentes que passaram pelo projeto da Gazetinha, e vários deles aproveitaram a experiência para fazer uma importante decisão: a escolha da profissão.

Fábio Pupo, 19 anos, cursa o terceiro ano da faculdade de Jornalismo e contou que, apesar de já ter essa idéia antes mesmo de entrar para a Gazetinha, foi durante o projeto que teve a certeza da sua escolha. "Eu era muito novo, e nunca se sabe se eu ia mudar de idéia depois. O projeto da Gazetinha me deixou claro que eu queria fazer Jornalismo", disse.

Ele deixou a turma em 2006, e contou que não aprendia só coisas relacionadas a jornalismo, mas também passou por oficinas de cinema e charge. "Era quase como uma escola", disse. Pupo explicou que apesar de se sentir deslumbrado com o fato de entrevistar vários artistas, a parte que mais gostava era escrever. "A gente entrava com um texto ‘ridículo’ e deixava o projeto com texto nos padrões do jornalismo", contou.

Já Priscilla Ganzert, 20 anos, faz hoje o curso de Direito. Segundo ela, a Gazetinha fez com que ela conhecesse o dia-a-dia do jornalista, o que fez com que optasse por uma segunda opção. "A rotina não era para mim", disse. No entanto, ela explicou que o projeto superou as expectativas. "Acabou sendo mais do que eu imaginava", contou Priscilla, que não se importava em perder os fins de semana para trabalhar com os colegas de redação. "Eu senti falta quando eu saí, a gente formava uma família", contou.

Assista ao trailer do curta-metragem "Quase Sem Querer"

Despedida dos repórteres em julho de 2007 |

1 de 4

Despedida dos repórteres em julho de 2007

A equipe da Gazetinha: Cristiano Freitas, editor; João Rodrigo Maroni, repórter; Luciane Horcel, repórter; e Lucio Barbeiro, designer |

2 de 4

A equipe da Gazetinha: Cristiano Freitas, editor; João Rodrigo Maroni, repórter; Luciane Horcel, repórter; e Lucio Barbeiro, designer

Gravação do curta

3 de 4

Gravação do curta

Gravação do média-metragem

4 de 4

Gravação do média-metragem

A Gazetinha chega aos 35 anos em outubro de 2008. Há oito anos sob o comando do editor de conteúdo Cristiano Freitas, o suplemento infanto-juvenil coloca mais uma vez a sua cara no cinema. Desta vez, com o média-metragem "A Constelação do Imperador", escrito e produzido por um time de repórteres mirins da turma 2007-2008, que será exibido pela primeira vez nesta terça-feira (23).

Neste ano, o segundo curta produzido por integrantes da turma 2006-2007 do suplemento integrou a Mostra Internacional do Festival de Cinema do Rio, com a comédia romântica "Quase Sem Querer". Para Freitas, é o resultado de fins de semana inteiros em reunião, horas dentro da redação do jornal e muita dedicação e paciência. "Para algumas pessoas é uma coisa meio louca. A recompensa disso é olhar para trás e ver a história que está sendo construída", explicou.

O projeto repórter-mirim foi o primeiro da história do caderno que trouxe o leitor para dentro da redação de um jornal. Começou em 2001 com o intuito de coletar idéias, interagir com o público e abrir espaço para os comentários das crianças e adolescentes sobre as reportagens do suplemento. Em 2004, formou a turma de repórteres masters do caderno.

O interesse do público e a repercussão do trabalho tomaram proporções inimagináveis pelo atual editor e idealizador do projeto. "Nunca imaginei que teríamos tantas frentes de trabalho", contou Freitas

Segundo ele, o projeto ultrapassa as barreiras do caderno impresso. "Hoje a Gazetinha trabalha em uma multiplataforma, ou seja, tem um braço audiovisual, um braço na Internet e promove uma série de eventos. É como se fosse um grande guarda-chuva em que o jornal é apenas o princípio", explicou.

Em comemoração aos 35 anos, a equipe faz nesta terça-feira (23) a primeira exibição de um novo videoclipe "Natasha" e também um média-metragem, intitulado "A Constelação do Imperador". O evento é fechado ao público.

O projeto, feito com o auxílio de vários parceiros, foi idealizado, produzido e executado pelo time de repórteres masters, que em 2005 e 2007 também assinaram outros dois curtas-metragens: "Válvula de Skape", o primeiro, e "Quase Sem Querer".

"O repórter Master é vinculado à Gazetinha, mas estabelece uma relação com a sociedade. Por isso a gente tem algumas ações realizadas no hospital Pequeno Príncipe. São ações de comunicação assinadas pelo projeto Master, apoiadas pela Gazetinha, mas que são protagonizadas por adolescentes", explicou Freitas.

A participação dos integrantes do projeto dentro da edição da Gazetinha é bastante significativa. Além dos projetos paralelos e também da influência na escolha das pautas, os repórteres são responsáveis por uma página quinzenal produzida totalmente por eles. "Eles trabalham desde a discussão de pauta, a aprovação do grupo, a parte de apuração, agendamento de entrevista e redação aqui na Gazeta", contou Freitas. "A minha participação é de ser um conselheiro, uma pessoa que vai aparando as arestas, mas que jamais interfere na idéia", completou.

A chegada na Gazetinha

Uma das maiores dificuldades com os novos integrantes da Gazetinha é fazer com que crianças e adolescentes de 12 a 15 anos assimilem noções de responsabilidade e de profissionalismo. A idéia é entrar nos projetos "Repórter Mirim e Master" já assumindo a profissão de jornalista por completo, com fins de semana em produção intensa, participação em eventos e coletivas de imprensa, redação de textos, entrevistas e oficinas, entre outras atividades.

Para garantir o bom andamento, a cada grupo novo, é feita uma reunião com os pais. "Nosso projeto é um processo de formação. Os pais são os primeiros que têm que comprar a idéia porque muda a rotina da família", conta Freitas. "Deixa de existir final de semana, e os horários são jornalísticos."

Além disso, há uma estagiária de Pedagogia que faz o acompanhamento comportamental e também garante que a conduta ideal seja cumprida, como disciplina, respeito com os colegas, atendimento às datas de entrega, entre outras. O tempo mínimo de permanência no projeto é de um ano, que pode estender até dois anos e meio.

A seleção de novos integrantes é feita por meio de uma prova de conhecimentos gerais e opinião. No entanto, a avaliação é a segunda etapa do processo. Primeiramente, todos os candidatos que atendem aos pré-requisitos de idade (de 12 a 15 anos completos naquele ano) e residência em Curitiba e Região Metropolitana visitam a redação da Gazeta do Povo. Eles têm um primeiro contato com a equipe e o local de trabalho, além da conduta exigida e a forma com que o projeto é encaminhado. "A gente dá liberdade para o adolescente decidir se quer encarar o projeto", explicou Freitas.

A despedida para Freitas "é sempre difícil". "Você cria um vínculo diferente da escola. É uma família que se forma. Passo mais tempo com eles do que com a minha família". No entanto, muitos repórteres mirins mantêm o vínculo ao longo dos próximos anos, e vêem a Gazetinha como uma fonte de aprendizagem pessoal e profissional. "É difícil, mas a gente sabe que é sempre um até logo", completou.

Projeto audiovisual

Em 2004, a Gazetinha produziu o primeiro curta-metragem, "Válvula de Skape". A idéia partiu da especialização feita por Freitas em Cinema. "Acredito muito no trabalho em multiplataforma. Acho que o jornal tem que permitir certas coisas, e no caso do público jovem, é isso: propiciar aventuras diferentes", explicou.

Apesar das dificuldades de produção do primeiro projeto, a idéia foi reorganizada e voltou a acontecer nos anos seguintes, com a produção de um videoclipe, e posteriormente, de um novo curta-metragem: "Quase Sem Querer" (veja trailer). A obra ultrapassou os limites geográficos e chegou a integrar a Mostra Internacional do conceituado Festival do Rio. "É um filme simpático, sem pretensão nenhuma, mas traz uma referência bacana", contou Freitas. No entanto, ele admitiu que não esperava que o projeto chegasse nesta proporção. "A gente não tinha essa pretensão", garantiu. As duas novas obras individuais, segundo Freitas, são consideradas um "grande avanço".

História

A primeira publicação da Gazetinha foi feita em 1973, quando o caderno tinha um perfil bastante diferenciado do que tem hoje. "A Gazetinha de 73 era direcionada a um público infantil, e ficou 25 anos trabalhando com joguinhos, fotos de aniversariante, e não tinha uma linha editorial. O caderno não trabalhava com temas jornalísticos e não era interativo", explicou Freitas.

Mesmo sem ter trabalhado com adolescentes antes, Freitas embarcou em um núcleo que nunca havia imaginado. "Como eu fui filho ‘temporão’, tive sobrinhos muito cedo. Mas nunca os vinculei com a profissão", confessou. "Acredito que esse foi um grande trunfo, pois vejo que a maior dificuldade dos jornalistas que trabalharam junto com a equipe de repórteres mirins é que há momentos em que temos a vontade de ‘enforcar os adolescentes’", contou, aos risos, sem deixar de frisar que não pensa, apesar dos empecilhos, em mudar de público. "não me vejo distante deles".

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.