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Visuais

A vida nada quadradinha de um quadrinista

O curitibano Irapuan Luiz se apaixonou por traços sombrios de HQ e hoje faz ele próprio trabalhos para as revistas que admira

Irapuan com uma página de Assombrado Retumbante, projeto que conta lendas de Palmeira | Henry Milléo/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Irapuan com uma página de Assombrado Retumbante, projeto que conta lendas de Palmeira (Foto: Henry Milléo/Agência de Notícias Gazeta do Povo)

Palmeira - Há dez anos, Irapuan Luiz vive da paixão pelas histórias em quadrinhos (HQs). Em sua carreira, já assinou os desenhos e a colorização de cerca de 30 publicações no Brasil, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Entre outros trabalhos, foi o responsável pelas ilustrações de Off the Deep End (algo como No fundo do poço), HQ publicada na revista norte-americana Heavy Metal em 2010, e pelos desenhos das quatro edições da revista Wild Boys, de 2007. Cinco anos atrás, trocou Curitiba, onde nasceu, pela cidade de Palmeira (nos Campos Gerais), com pouco mais de 30 mil habitantes. "Eu sempre tive vontade de ter uma vida mais tranquila. Estava meio enlouquecido", relata.

O primeiro grande destaque da carreira veio com The Major (O Major). O trabalho, resultado de uma parceria com o roteirista paulistano Hector Lima, é uma história, na definição dos próprios autores, "cheia de ação de alto calibre e explosões". A HQ, de 2008, foi publicada – em inglês e em português – na versão impressa e na internet, e teve apenas um número: "Bombas sobre o Brasil", que conta o dramático e violento resgate de um gerente de banco americano em poder de um traficante de uma favela carioca. No final do episódio, há uma chamada para a próxima edição que, segundo Irapuan, está nos seus planos para trabalhos futuros.

A repercussão de O Major também se deve à projeção que o desenhista havia alcançado com trabalhos anteriores. Em 2006, ele colaborou no curta-metragem americano Zombie Prom (algo como "formatura zumbi"), adaptação de um musical nova-iorquino off-Broadway de 1993. O curta conta a história de amor dos estudantes Toffee e Jonny, que vira um zumbi depois de cometer suicídio se jogando na torre de resfriamento de uma usina nuclear. A história mirabolante casou bem com os desenhos de Irapuan.

Ele foi um dos selecionados por Tom Mandrake (quadrinista norte-americano que colaborou em publicações como Batman, Superman e Liga da Justiça) para ilustrar o filme. "Um amigo meu pegou um recado dele, na internet, informando que ele estava procurando gente para isso e me passou. Na mesma hora, mandei meu material para o Tom e logo ele respondeu: ‘Cara, você tá dentro’."

Apesar de nem sempre surgirem bons contratos, Irapuan orgulha-se por conseguir viver da arte: "Eu colecionava revistas em quadrinho e sempre desenhei, desde criança. Fui para outras profissões mais ‘clássicas’, mas sempre mantive o desenho em paralelo. Poucas foram as épocas em que fiquei sem desenhar".

Traço

O gosto pelo desenho sempre existiu, mas o caminho a seguir ficou mais claro, ironicamente, quando Irapuan conheceu os traços sombrios de artistas como Bernie Wrightson, Gray Morrow, Paul Gulacy e John Buscema. As influências são visíveis nos seus trabalhos. Paralelamente à paixão, Irapuan chegou a ingressar num curso de Desenho Industrial, mas não o concluiu. "Até me arrependo de ter largado, porque aprendi bastante. Mas estava naquela idade em que não se leva as coisas muito a sério", relata.

O começo da carreira de quadrinista foi bem modesto. Na produção, só "ele e ele mesmo", virando-se como roteirista, desenhista, diagramador e divulgador. Com o apoio da esposa, em 2001, montou um site em que publicava suas obras. Irapuan conta que, nessa época, topava qualquer parada. Ficaram pelo caminho alguns trabalhos de que ele não gostou muito, mas que foram importantes para ficar conhecido por editores de HQ brasileiros e do exterior. E o resultado está aí.

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