A expulsão de uma participante de um reality show da televisão britânica, acusada de racismo e provocações, foi considerada no sábado uma vitória do bem sobre o mal, e aumentou a audiência do programa "Celebrity Big Brother".
A série de sucesso dominou as manchetes na Inglaterra e na Índia esta semana, depois que a ex-enfermeira de consultório dentário Jade Goody e outros participantes se juntaram para provocar a estrela de Bollywood --a Hollywood indiana-- Shilpa Shetty, chamando-a de "a indiana" e de "Poppadom" (prato típico do sul da Ásia) e dizendo que "ela deveria voltar para casa".
A agência de vigilância da mídia britânica recebeu cerca de 40 mil queixas de espectadores, políticos importantes se envolveram na questão e um importante patrocinador do programa retirou seu apoio.
Arrependida, Goody, de 25 anos, negou que fosse racista ou provocadora na entrevista após a saída do programa na sexta-feira à noite, quando o tamanho da polêmica lhe foi revelado pela primeira vez.
"Não posso me exaltar porque aquelas imagens de vídeo de mim mesma são ruins", disse. "Não vou ficar aqui sentada tentando me justificar. Sim, eu disse aquelas coisas e elas foram maldosas."
"Eu não sou racista e sinceramente... peço desculpas a qualquer pessoa que eu tenha ofendido."
O agente de Shetty, Dale Bhagwagar, disse que Goody é uma "imbecil".
"A votação prova que o bem prevaleceu sobre o mal", disse ele à Reuters, na Índia.
Os tablóides britânicos concordaram, com o Sun declarando "Já Vai Tarde" e o Mirror chamando Goody de "Intolerante e Falsa."
Goody ficou famosa depois de participar de uma versão sem celebridades do "Big Brother" em 2002, e deu a entender mesmo antes de deixar a casa que pagaria um preço por seu comportamento.
"Foi o início da minha carreira e é o fim da minha carreira", disse.
DebateSalas de bate-papo na Internet estão fervendo com o debate sobre se o que foi dito no programa era racismo, e em que medida Goody e seus aliados refletiram preconceitos em relação à sociedade como um todo. Muita gente acha que a história foi exagerada pela mídia.
Os produtores do programa disseram que 82 por cento dos votantes pediram a saída de Londoner Goody em relação à outra candidata, Shetty, no que foi considerado um posicionamento contra a intolerância racial.
A mídia britânica criticou o Channel 4, que transmite o programa, e a produtora Endemol, dizendo que a saída de Goody parece ter sido arranjada.
Também criticaram a decisão de banir a multidão que normalmente saúda os expulsos na saída da casa do Big Brother, e de cancelar a coletiva de imprensa que normalmente acontece com quem deixa o programa.
O Channel 4, que registrou uma audiência de 8,8 milhões de pessoas na sexta-feira em relação a 3,5 milhões antes do início da controvérsia, estava sendo pressionada a tomar uma atitude.
Uma pesquisa feita pelo jornal The Guardian indicou que a maioria das pessoas acha que o canal deveria ter intervindo para proteger Shetty. Cerca de 55 por cento acreditava que os insultos dirigidos à estrela de cinema indiana, de 31 anos, não eram típicos da Inglaterra moderna.
Mas Trevor Phillips, chefe da Comissão pela Igualdade e Direitos Humanos, considerou o programa a prova de um problema maior.
"Este programa revelou a face sombria do preconceito privado que muitas vezes se esconde por trás da aparência pública da tolerância", disse esta semana.
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