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Paisagem com Canoa na Margem: uso de cores sutis | Antônio More/Gazeta do Povo
Paisagem com Canoa na Margem: uso de cores sutis| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

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Tupi or Not Tupi

Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico), (41) 3350-4400. Em cartaz nas salas 4 e 5. Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 18 horas. R$ 6 e R$ 3 (meia-entrada, menores de 12 anos e maiores de 60 anos). Até 21 de setembro.

  • O bisneto e fã, Wilson Andersen Ballão

Talvez, o visitante que passeia pelas cores quentes e brasileiras da mostra Tupi or Not Tupi, em cartaz no Museu Oscar Niemeyer (MON), passe batido por um quadro de cores singelas – com tons sóbrios de azul e ocre – quase ofuscado pela tela ao lado, de Eliseu Visconti (1935). O barco e o mar na obra Paisagem com Canoa na Margem (1922), situado no começo da sala 5 do museu, foi a visão de Paranaguá do artista Alfredo Andersen (1860-1935), norueguês radicado no Brasil e considerado o pai da pintura em nosso estado. O quadro em questão, que pertence ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), não vinha para uma exposição em Curitiba há pelo menos 30 anos.

Também não se sabe ao certo como o quadro do artista que alavancou a arte na capital paranaense foi parar em São Paulo. A única informação certa é de que a tela foi uma doação de Assis Chateaubriand ao Masp e que dificilmente é emprestada para outras instituições. "Temos que aproveitar quando temos acesso ao quadro. Eu mesmo fui várias vezes para São Paulo tentar vê-lo no Masp, mas nunca consegui", conta o bisneto do artista, Wilson Andersen Ballão, que preside a Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, e lembra que a crítica considera a tela como o "marco zero" do impressionismo no Brasil.

Para trazer a obra ao MON, a curadoria da exposição, feita pelo crítico Fernando Bini e pela coordenadora de planejamento cultural do museu, Sandra Fogagnoli, seguiu todos os trâmites necessários: o quadro veio por transportadora especializada, acompanhado de um courier (profissional do museu responsável pela "escolta" do quadro até o destino), além de seguro. "Havia uma apreensão se o Masp emprestaria ou não a obra. Acredito que ela ter vindo para a mostra tem muito a ver com a credibilidade conquistada pelo MON. Além disso, era um quadro fundamental para a exposição", explica Sandra.

Apesar de a palheta de Paisagem com Canoa na Margem remeter muito às obras de Andersen feitas na Noruega, e trazerem uma influência europeia – posteriormente, segundo Sandra, o pintor passou a trabalhar com cores mais vivas e "brasileiras" –, a tela diz muito sobre a revolução proposta pela Semana de Arte Moderna de 1922. "Quisemos fazer um panorama da arte brasileira desde a década de 1920, e esse quadro do Andersen marca muito o início do modernismo. Ele trouxe isso ao Paraná, uma vontade de que a arte brasileira fosse brasileira", destaca a curadora.

Saindo do plano técnico, a obra sutil, diz Ballão, reflete muito o que o bisavô foi. "O quadro é simples como Andersen. No Paraná, ele recebeu muitos convites para atuar lá fora, mas não se deixou levar por isso. O objetivo dele sempre foi desenvolver as artes aqui", conta o bisneto, que hoje é considerado o maior colecionador das obras do pintor (tem cerca de 50 trabalhos, entre eles, o retrato de sua mãe, Mary Andersen Ballão, pintado por Andersen em 1935).

Mais obras

Além da tela de Andersen, Tupi or Not Tupi, que faz um recorte da arte brasileira entre 1920 e 2000, traz outros trabalhos emblemáticos de artistas como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Flávio de Carvalho (é a primeira vez que o MON apresenta um trabalho do artista carioca), Djanira, entre outros.

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