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Cênicas

Amores submersos

Novo espetáculo do grupo Obragem, Águas retrata de forma lírica diversos tipos de relacionamento

As projeções criadas por Elenize Dezgeniski interagem com os atores, com um belo resultado | Fotos: Elenize Dezgeniski/Divulgação
As projeções criadas por Elenize Dezgeniski interagem com os atores, com um belo resultado (Foto: Fotos: Elenize Dezgeniski/Divulgação)
Eduardo e Olga vivem e falam sobre diversos personagens ao longo do espetáculo |

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Eduardo e Olga vivem e falam sobre diversos personagens ao longo do espetáculo

A mescla de metáforas relacionando a água à vida e à morte com breves histórias de relacionamento resultou no espetáculo Águas, que o grupo Obragem estreia hoje no espaço Villa Hauer Cultural.

A escolha por um local periférico em relação à maior parte dos teatros de Curitiba, que ficam no Centro da cidade, foi proposital e faz parte de uma política de democratização da arte enfatizada pelo coletivo. Uma temporada de pré-estreia foi realizada em novembro, no mesmo local, para moradores de rua, alunos de teatro das regionais da prefeitura, meninos alojados em casas de recuperação e idosos.

Daquela vez, após cada apresentação, os atores, Olga Nenevê e Eduardo Giacomini, batiam papo com a plateia. A surpresa foi observar as relações pessoais que cada um enxergava em cenas da peça.

"As metáforas, como ‘atravessar a onda gigante’ e ‘ter a casa inundando’, as pessoas relacionavam aos seus conflitos", emocionou-se Olga, após um ensaio aberto à Gazeta do Povo.

O texto foi escrito por ela, em colaboração com Nara Heemann, que criou, direto da Alemanha, alguns textos lidos em off no espetáculo.

Todos os trechos utilizam a água em seus vários estados e situações climáticas (tempestades, tsunamis, inundações) para sugerir as alegrias e intempéries da vida.

A relação entre pai/mãe e filhos, amores e esperanças surge como tema dos vários personagens descritos ou vividos pelo casal de atores – Olga e Eduardo são casados e tocam o projeto Obragem junto com um grupo de artistas de diferentes áreas.

Em meio a personagens saídos das referências reais dos criadores estão seres da mitologia, como Narciso, e ícones do teatro, como Ofélia, que amava o príncipe Hamlet.

O cenário onde tudo isso acontece está inserido dentro de uma baixa piscina de plástico, que, aos poucos, é enchida de água, encharcando tudo o que está ali dentro. Quem assistiu ao espetáculo Longe – Sobre o Amor, Sobre Distâncias, estreado pelo grupo em 2012, perceberá que as ideias de agora já estavam presentes, como gérmen, naquele trabalho.

Dessa vez, a junção de atuação e projeções, a cargo de Elenize Dezgeniski, chegou de forma muito madura. Uma imensa tela é acionada com imagens ora de um mergulho profundo, ora de geleiras se desprendendo. Além das imagens em vídeo e do ambiente aquático em que a peça se desenrola, o grupo teve outras "sacadas cênicas", como falar dentro de uma concha, em que um microfone acoplado permite expandir a voz alterada.

A trilha sonora utilizada é original. Criada pelo músico Vadeco, ela transporta o espectador para o mundo imaginário de Águas. A temporada fica no bairro Hauer até 2 de fevereiro. Depois, a intenção é tentar excursionar com o espetáculo, que tem incentivo da Volvo pela Lei Municipal de Mecenato.

Arte e vida

O fato de Olga e Eduardo serem casados desperta a curiosidade sobre sua rotina artística. Seria uma criação constante? Questionados, eles respondem que nunca param de trabalhar – exceto quando a filha Antônia, de um ano, exige em meio às brincadeiras com os pais: "Não conversem!"

"A gente se dá muito bem. É um privilégio poder se completar de forma tão intensa e evoluir juntos", conclui Olga.

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