
Ang Lee, diretor do delicado e corajoso O Segredo de Brokeback Mountain, deu partida na última sexta-feira à celebrada 50.ª edição do Festival de Nova York, com seu novo trabalho As Aventuras de Pi. O filme também marca a primeira vez que uma obra em 3D abre o festival.
As Aventuras de Pi, que foi mostrado em première mundial, é uma adaptação do célebre livro homônimo de Yann Martel, publicado em 2001 e que já tinha sido cogitado para a tela grande por outros diretores, entre eles M. Night Shyamalan e Alfonso Cuarón. O livro de Martel é inspirado na obra do brasileiro Moacyr Scliar (1937-2011), Max e os Felinos (1981).
Bastante aplaudido na sessão prévia para a imprensa, o filme segue Pi Patel, filho do dono de um zoológico, que, aos 16 anos, emigra com sua família da Índia para o Canadá em um navio de carga japonês, com alguns animais de um zoológico.
O barco naufraga e Pi vai parar num bote à deriva no Oceano Pacífico com uma zebra, uma hiena, um orangotango e um tigre de bengala de 200 quilos chamado Richard Parker.
A aventura mágica de Pi teve locações na Índia, em Taiwan e no Canadá. O protagonista é interpretado pelo estreante Suraj Sharma, que tem um excelente desempenho, após ter vencido 3 mil atores que se candidataram para viver o personagem.
Irrfan Khan é o Pi adulto, e seus pais são vividos por Adil Hussain e Tabú. O elenco conta também com o lendário ator francês Gérard Depardieu, de 64 anos, que interpreta El Chefe e neste filme completa o incrível número de 184 papéis no cinema.
Na coletiva após a projeção da qual participou a Gazeta do Povo Lee chegou acompanhado da produtora Gil Netter, de Martel e de Sharma.
Martel disse que não havia imaginado que seu livro pudesse chegar às telas. "Na minha cabeça, a história era bastante cinemática, mas eu também achava que ela era complicada demais para filmar", ressaltou o autor.
Lee contou que conversou muito com Steve Callahan, um homem que conseguiu sobreviver no mar por 77 dias.
"Ele também escreveu um livro, Adrift, sobre isso, tinha muita experiência no assunto e eu procurei tirar muitas informações dele, como se sentiu, principalmente no lado espiritual", destacou o diretor.
Sharma, por sua vez, acrescentou que foi muito importante o contato que teve com Callahan.
"Ele me explicou como se sentiu abandonado num barco, como suas emoções ficaram extremamente fortes e eu procurei passar isso na interpretação do personagem", contou o ator, complementando que no início teve muitas dificuldades porque "o bote era pequeno demais para nós dois".
Ao final, Lee divertiu a plateia contando que foram necessários quatro tigres para as filmagens com o animal.
"Tinha três da França, as duas fêmeas eram mais agressivas e, como é uma produção internacional, tivemos também um tigre do Canadá, o principal de todos, que nós chamávamos de rei", concluiu sob risos dos presentes.



