
Em uma carreira no cinema que já se estende por quase 40 anos, a atriz premiada com o Oscar Anjelica Huston já representou muitos personagens bizarros.
Pense em Morticia Addams de "A Família Addams", da Lilly em "Os Imorais" e da matriarca de "Os Excêntricos Tenenbaums".
Seu trabalho mais recente, a comédia negra "Choke", estréia nos EUA na sexta-feira. Huston faz uma mãe demente, que vive em um asilo, e cujo filho viciado em sexo faz de conta que está passando mal em restaurantes para receber apoio e dinheiro de outros comensais.
Huston, 57 anos, recebeu um Oscar pelo papel de filha de um chefão mafioso em "A Honra do Poderoso Prizzi" (1985). Ela conversou com a Reuters sobre sua atração por papéis incomuns e como atrizes de mais de 35 anos sobrevivem em Hollywood, um ambiente obcecado pela juventude.
Ao longo dos anos você já fez vários personagens estranhos. Esses papéis a atraem, ou você é vista como a atriz certa para eles?
Tenho tido a sorte de poder fazer minhas escolhas próprias e não ser guiada por muito senão meus instintos. Mas acho que costumo, sim, ser convidada para fazer certos tipos de mães, geralmente não as mães loiras e boazinhas. Elas são mães mais perigosas. No caso de "Choke", é uma mãe demente. Sempre é divertido encontrar o tom certo para representá-las.
O que a atraiu na personagem Ida, em "Choke?"
Achei a personagem fascinante e gostei da idéia de representá-la mais jovem e mais velha. Este filme nos faz refletir. Ele fala de como tentar satisfazer a fome enorme de amor, afeto e atenção, algo que o pobre Victor nunca vai receber de Ida.
Atuar ainda é tão divertido quanto era quando você começou?
Sim. Cada papel me abre uma vida nova. Cada um tem seu conjunto próprio de problemas e respostas. Atuar me deu tanto - os lugares para os quais viajei, pessoas e diretores com quem trabalhei. Não existem duas experiências que sejam iguais.
Não falta trabalho para você, com três outros filmes a serem lançados este ano e outros quatro no próximo ano. Você se identifica com as atrizes que dizem que não há bons papéis em Hollywood para atrizes de mais de 35 anos?
Eu me solidarizo com elas, se essa for sua verdade. Mas existem coisas que podemos fazer. Talvez a gente não receba papéis tão importantes quanto antes, nem ganhe tanto dinheiro quanto ganhava. Mas, se você é uma atriz séria, você procura uma peça na qual trabalhar ou faz um papel pequeno em uma série. E, se não consegue encontrar alguém que queira empregá-la, monta seu espetáculo próprio. O que você não faz é ficar sentada, reclamando que não tem trabalho.
O que você faz para relaxar?
Passeio com meus cachorros. Nado no mar, ando a cavalo, ouço música, escrevo cartas, visito amigos e danço. Adoro dançar.
Quais são suas maiores preocupações?
Eu me preocupo muito com meus papéis, com minhas falas. Antes de começar um trabalho novo, passo noites em claro. Me preocupo com o bem-estar das pessoas que amo. Me preocupo com a possibilidade de este país ser governado por republicanos outra vez. Me preocupo com o aquecimento global e as coisas sinistras que acontecem com o planeta. Tenho medo de que este país acorde e só perceba o que está acontecendo quando já for tarde demais.




